A nova linha editorial das EDIÇÕES ASA, fugindo ao espectro mais comercial das grandes séries, tem tido o condão de nos trazer outras obras que tem proporcionado interessantes leituras. Coincidentemente, ou não, alguns dos títulos mais recentes da editora abordam lutas empreendida por mulheres por liberdades e direitos. Encontramos bons exemplos nas obras FEMINISTS IN PROGRESS ou NASCIDAS REBELDES. A este grupo junta-se agora este lançamento que chega hoje às livrarias.
O título não engana. BOBIGNY 1972 refere-se o famoso julgamento que teve lugar num tribunal francês no ano de 1972, numa pequena cidade nos arredores de Paris, que dá o nome à obra. O julgamento de Bobigny é considerado um caso emblemático na luta pelos direitos das mulheres e pela legalização do aborto em França.
O caso envolveu uma jovem de 16 anos, Marie-Claire Chevalier, que engravidou após ter sido violada e, com a ajuda da sua mãe, praticou um aborto ilegal. A mãe, juntamente com outras mulheres que a ajudaram, foi levada a julgamento no tribunal de Bobigny. A defesa ficou a cargo da advogada feminista Gisèle Halimi, que transformou o julgamento num acto de protesto contra a repressão do aborto. Durante o processo, Halimi denunciou a hipocrisia da lei francesa, que punia as mulheres pobres enquanto as ricas tinham acesso a abortos clandestinos seguros. O tribunal de Bobigny torna-se o palco de um caso que ganhou enorme repercussão na sociedade civil francesa, criando uma enorme rede de solidariedade em torno da causa e foi um catalisador importante que levou à aprovação, mais tarde, em 1975, da Lei Veil que veio a legalizar o aborto na França.
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