28 abril, 2008

BD no Cinema: Batman

Em contagem decrescente para o dia 18 de Julho, continua a promoção do filme "The Dark Knight", desta vez com a divulgação de cinco novos posters (os últimos quatro foram revelados em exclusivo pelo site brasileiro Omelete), desta vez descentralizados da figura do Joker. Para aumentar a expectativa juntamente com os seis já anteriormente divulgados!




















15 abril, 2008

Mundo de Aventuras



Ao receber hoje pelo correio, um lote de revistas do "Mundo de Aventuras", adquirido recentemente, vieram também recordações da minha infância, quando com os meus 10, 11 anos descobri o mundo da banda desenhada. E se revista houve que contribuiu para essa descoberta, foi sem sombra de dúvidas o "Mundo de Aventuras". E posso dizer sem exagero que eu não lia, eu “devorava” as aventuras de tal forma, que bastava olhar para a capa da revista para saber qual a história publicada. Assim, numa de nostalgia, resolvi reproduzir aqui integralmente, até para memória futura, o texto (revisto) escrito, aquando da minha colaboração com o desactivado portal BDesenhada.com, sobre essa saudosa revista que foi o "Mundo de Aventuras".

Numa altura em que escasseiam revistas de banda desenhada de publicação regular em Portugal, e as que existem(?) lutam desesperadamente por se manter “à tona da água”, proponho um regresso ao passado, para uma leitura sobre talvez um dos mais importantes projectos editoriais da banda desenhada que se fez em Portugal, não só pela sua longevidade mas também porque ajudou a criar gerações de bedéfilos, que semanalmente acompanhavam um mundo novo de aventuras. Pessoalmente, esta publicação, na sua segunda série, é para mim uma das mais fortes referências bedéfilas da minha juventude.

Começou por ser publicado semanalmente à quinta-feira, inicialmente num formato de grandes dimensões (280x400) e chamava-se “O Mundo de Aventuras”. Tendo como primeiro director Mário de Aguiar, surgiu nas bancas portuguesas pela primeira vez no dia 18 de Agosto de 1949, com um preço de capa de 1$50, e logo na sua primeira folha dava início a uma história, uma aventura de um piloto de aviação chamado “Luís Ciclon”, cujo nome português foi curiosamente importado de Espanha para personagem “Steve Canyon” (nome original), criada por Milton Caniff, autor que ganhou notoriedade com a criação das aventuras de “Terry e os Piratas”.

Ao longo de quase 38 anos, o “Mundo de Aventuras” trouxe-nos os grandes clássicos da banda desenhada americana, permitindo descobrir personagens como o “Fantasma” de Lee Falk, “Rip Kirby” de Alex Raymond, “Príncipe Valente” de Harold Foster, “Cisco Kid” de José Luís Salinas, “Johnny Hazard” de Frank Robbins ou o já referido “Luís Ciclon” de Milton Caniff, para além de publicar banda desenhada europeia como “Garth” de Steve Dowling ou “Kit Carson” de Rino Albertarelli, entre muitos outros.

O aparecimento posterior de outros projectos, de igual qualidade, nomeadamente as revistas “Cavaleiro Andante” (em 1952) e “Tintin” (em 1968), que publicavam essencialmente banda desenhada de origem franco-belga, levaram que o “Mundo de Aventuras”, propriedade da sociedade Aguiar & Dias (Agência Portuguesa de Revistas), sofresse ao longo dos anos, alterações de vária ordem, sendo das mais visíveis as relacionadas com a sua dimensão, que passou do formato inicial de “jornal” para o formato final de “livro” e a publicação de histórias completas, sendo que antes estas encontravam-se repartidas por vários números. A título de curiosidade acrescenta-se que a partir do número 81, publicado em 1 de Março de 1951, o título deixou cair o “O” passando a designar-se apenas “Mundo de Aventuras”.

A partir da década de 50, na sequência da implementação de medidas de auto-regulamentação por parte de editoras americanas de banda desenhada, com a criação do famoso selo da “Comics Code Authority”, o “Mundo de Aventuras” torna-se em Portugal, a primeira publicação a adoptar estas orientações, passando a excluir séries consideradas como não juvenis. A censura, então vigente no nosso país, encarregou-se do resto, dedicando-se a truncar textos e vinhetas, chegando mesmo a tornar obrigatório que as personagens estrangeiras adoptassem nomes portugueses. Assim, “Rip Kirby” transformou-se em “Ruben Quirino”, “Prince Valiant” passou a “Príncipe Valente”, “Johnny Hazard” a “João Tempestade”, “Flash Gordon” a “Capitão Relâmpago”, “Big Ben Bolt” a “Luís Euripo”, Brick Bradford” a “Brigue Forte”, entre muitos outros caricatos exemplos.

O “Mundo de Aventuras” entre o período compreendido entre 1949 e 1987 passou pelo que se convencionou designar por duas séries. A primeira com início no primeiro número terminou em 20 de Setembro de 1973 com a publicação do número #1252. A segunda série, cuja numeração começou de novo no número #1, teve início em 4 de Outubro de 1973 e terminou no dia 15 de Janeiro de 1987, com a publicação do número #589, o número final.

Como actualmente já não existem projectos deste calibre, resta a memória e para aqueles que possuem revistas desta magnifica colecção, o prazer de ler e reler grandes aventuras, grandes clássicos da banda desenhada, em português.

Publicado originalmente no portal BDesenhada.com em 11-12-2006.

10 abril, 2008

O sucesso tambem se mede no preço...

Um comentário do Grimlock no post relativo ao novo álbum de Blake & Mortimer, chamou-me a atenção para o aparente sucesso de vendas que está a ser esta nova aventura, que se encontra no top de vendas da FNAC. No entanto não pude deixar de reparar que o preço de venda praticado pela FNAC também acompanhou o ritmo das vendas. Senão vejamos, enquanto no dia 27 de Março, paguei € 12,60 na loja do Chiado, o álbum encontra-se agora à venda no site pelo preço FNAC € 13,05 (já inclui um desconto de 10%). Não há dúvida que BD começa a ser um óptimo investimento, porque em pouco menos de duas semanas, a minha aquisição já valorizou 4%!

02 abril, 2008

Uns extraordinários € 764.218

foi o valor pelo qual foi vendida, no passado dia 29 de Março num leilão de páginas e desenhos originais de banda desenhada, uma pintura original a guache de Hergé datada de 1932 para a capa do álbum “Tintin na América” (ver imagem ao lado).

Este alucinante valor constitui um record absoluto no que respeita a valorizações de originais de banda desenhada!

Entre as centenas de lotes a leilão, para além de Hergé, encontravam-se ainda vários desenhos originais de Giraud (Blueberrry), Franquin (Spirou e Fantasio), Jacobs (Blake e Mortimer), Hugo Pratt (Corto Maltese), Morris (Lucky Luke) entre muitos outros, o que originou um volume de vendas total de € 3.441.896!!!


28 março, 2008

As Aventuras de Blake & Mortimer, Vol. 18 - O Santuário de Gondwana

Ontem, numa passagem pela FNAC (passe a publicidade!) qual não foi a minha surpresa ao encontrar à venda um novo álbum das aventuras de Blake & Mortimer: O Santuário de Gondwana
 
A surpresa foi boa, mas estranhei como este acontecimento passou praticamente despercebido aqui na comunidade bedéfila. Nem em blogues nem em fóruns bedéfilos havia encontrado uma única referência a este lançamento, que até teve a sua estreia mundial cá em Portugal, no passado dia 24. Das duas uma, ou existiu um grande secretismo por parte da editora ASA, ou então andamos todos muito distraídos! :)
 
A surpresa continuou com sou confrontado com duas capas diferentes (oficial e variante) para o mesmo álbum, que salvo erro, deve-se tratar de uma acção inédita cá entre nós. Mais tarde, numa pesquisa no google, e descubro que a edição variante foi feita para venda exclusiva nas lojas FNAC, com uma tiragem de 1.500 exemplares (a oficial tem uma tiragem de 6.000 exemplares).
 
Esta nova aventura, O Santuário de Gondwana, conta de novo com a assinatura da dupla Yves Sente e André Juillard, depois do díptico Os Sarcófagos do 6º Continente. A acção decorre em pleno coração da Africa Negra, onde os nosso heróis embarcam numa aventura em busca de uma civilização desconhecida.
 
Passa já para o topo da "pilha" e é a minha leitura para hoje! 
 

12 março, 2008

Quanto Vale a Banda Desenhada?

Sempre que compro alguma revista ou álbum de BD em 2ª mão, interrogo-me sempre se, em termos de preço, estou fazer uma boa aquisição. Obviamente, que estou interessado em comprar a revista ou o álbum em causa, mas a questão é será que estou a pagar um preço justo?

Então, como aferimos do valor de um livro/revista de BD?

É esta a pergunta para a qual muitos coleccionadores de banda desenhada gostariam de ter um dado objectivo. Qual o valor real justo?

A resposta, obviamente, é difícil de obter, até porque somos confrontados com inúmeras variáveis, sendo algumas delas completamente incontroláveis, por exemplo o valor de estimação. Se em termos económicos, define-se “justo valor” como a quantia pela qual um bem, pode ser trocado, entre um comprador conhecedor e interessado e um vendedor exactamente nas mesmas condições; em termos bedéfilos, é bem possível que este valor seja aquele absurdo preço que por vezes estamos dispostos a pagar para ter aquele exemplar na nossa colecção. Irracional? Não nos podemos esquecer que estamos a falar de uma paixão, onde a intuição e a convicção valem mais que qualquer ciência exacta na formação do preço.

No entanto, no meio de tanta subjectividade, é possível encontrar alguns factores objectivos que nos ajudam a definir, não direi o “justo valor”, mas um preço de referência actual e de valorização futura de uma edição, sendo de destacar essencialmente a RARIDADE e o ESTADO DE CONSERVAÇÃO.

Assim, para uma qualquer edição atingir o estatuto de RARIDADE, muito contribui a antiguidade, a qualidade e tiragem da edição, bem como os seus autores e por vezes a própria história/personagens. O seu valor pode então ser definido por um destes factores isoladamente ou em alguns casos pela conjugação de vários ou mesmo de todos.
 
No mercado português, exemplos não faltam de fortes valorizações de algumas edições antigas e mais recentes e, seleccionei, entre muitos outros, alguns casos que podemos considerar como perfeitos exemplos de raridades bedefilas portuguesas:
 
  • Na bd nacional, a 1ª série do “Mosquito” composta por 1.412 números (publicada entre 1936 e 1953), pela sua antiguidade, quando completa, pode ser encontrada à venda por valores que variam entre os €3.000 e os €6.000, consoante o estado de conservação;
  • Uma colecção completa do “Mundo de Aventuras” pode valer €3.500;
  • O álbum editado em 1967, pelas Edições Camarada, “O Feiticeiro de Vila Nova de Milfungos” (1º álbum publicado em Portugal com aventuras de Spirou e Fantásio), foi vendido por €250, num leilão on-line;
  • Do universo franco-belga, os primeiros álbuns da 2ª série de “Blueberry” editados em 1984 pela Meriberica, com tiragens de 4.000 exemplares e nunca reeditados, são difíceis de encontrar e quando disponíveis atingem valores de venda em alfarrabistas que podem variar entre €70 a €100;
  • Mais recentemente, o segundo álbum da série “A Pior Banda do Mundo”, “O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante” da autoria de José Carlos Fernandes, editada em 2003 pela Devir, encontra-se à muito esgotadíssima e por isso bastante difícil de encontrar (e eu que o diga!);
  • O álbum “Os Pesadelos Fiscais de Porfírio Zap” também de José Carlos Fernandes, editado em Maio de 2007, numa inédita iniciativa institucional da Direcção-Geral dos Impostos, apesar da sua distribuição gratuita, os canais de distribuição adoptados (para escolas e bibliotecas) levaram que este álbum se tornasse difícil de obter pelos coleccionadores.
  • Algumas edições da Disney, nomeadamente a editora Morumbi, da década de 80, com preços de capa que rondavam os 20$00-35$00 são hoje vendidos por valores a rondarem o €1 o que traduz uma valorização de 20% ao ano!

Num mercado bedéfilo tão pequeno como o português, não é fácil adivinhar se uma determinada edição irá ou não valorizar-se num futuro próximo, mas é certo que o primeiro número de uma qualquer colecção, álbuns nunca reeditados e edições de editoras inactivas tenham uma tendência de valorização mais forte.

Lá fora, nomeadamente no mercado americano de comics, também encontramos raridades bedéfilas, quer pela antiguidade, quer pela história/personagens:
 
  • Um exemplar do comic Action Comics #1, de 1938, com a primeira aparição do Super-Homem, foi vendido em Abril/2004 por $55.595; dois anos depois, em Janeiro/2006, outro exemplar é vendido em leilão por $69.000. Ou seja, verificamos uma valorização de 24% em apenas 2 anos!
  • A Detective Comics #38, de 1940, com a primeira história do Robin, foi vendido em leilão em Maio de 2005, por $126.500;

  • A revista All-Star Comics #3, de 1940, que introduziu a Sociedade da Justiça, o primeiro grupo de heróis (incluindo o Lanterna Verde, o Gavião Negro e o Flash), alcançou o valor de $126.500 em Outubro de 2002;
  • Superman #1, de 1939, o primeiro número deste título, que republicou a origem do Super-Homem, foi vendido em Setembro de 2006, por $35.850.

Outros exemplos retirados do site de leilões eBay:

  • Amazing Spider-Man #1 CGC NM 9.4 $12.000 (sold 4/2004). Publicado em 1963 com um preço de capa de apenas 12 cêntimos, tem uma impressionante valorização de 240.000%/ano!!!!
  • Amazing Spider-Man #3 CGC 9.4 Origin of Doctor Octopus $15.106 (sold 11/2004)
  • Captain America Comics #1 (Fine) $19.000 (sold 12/2004)

De realçar que o mercado americano se caracteriza por ser um mercado com bastante liquidez, onde tudo o que é coleccionável é transaccionável. Nos exemplos atrás indicados, referem-se a comics publicados na chamada Golden Age (compreendida entre finais da década de ’30 e inícios da década de ‘50), mas exemplos mais recentes existem, de comics da designada de Modern Age (com inicio na década de ’80), cujo valor actual supera largamente o seu valor de capa:
  • A revista Amazing Spider-Man #36 (#477 na actual numeração) publicado em Dezembro de 2001, que se distingue pela sua capa completamente negra e que foi editado em homenagem às vitimas do atentado terrorista de 9 de Setembro às torres do WTC, com um preço de capa de $2,25 vale hoje cerca de $50. Valorização: 350%/ano!
  • A revista Amazing Spider-Man #529 publicado em Abril de 2006, onde o Homem-Aranha surge com um novo fato e onde se dá inicio ao arco “Civil War” cujo desfecho teve grandes implicações na vida desta personagem, com um preço de capa de $2,50 vale hoje cerca de $25. Valorização: 450%/ano!

Basta fazer as contas e olhar para os números, para se compreender que uma revista ou álbum de BD para além de objecto de paixão também pode ser considerado um excelente objecto de investimento.

Relativamente ao ESTADO DE CONSERVAÇÃO percebe-se quanto melhor estimado estiver uma edição, maior valor intrínseco terá.

No caso da BD portuguesa, são nas revistas mais antigas (publicadas entre o início do Sec. XX e finais da década de ’50) onde o problema do estado de conservação se coloca com maior importância, uma vez que toda a edição, capa incluída, era impressa no mesmo tipo de papel, de qualidade razoável. Com a explosão do álbum e as suas edições cartonadas, em que a capa reserva o papel de protecção da edição, consegue-se que o estado de conservação melhore substancialmente.

No entanto não temos entre nós, definida uma escala de avaliação objectiva que sirva de referência para avaliar devidamente o estado de conservação de uma edição. Não são raras as vezes comprar em leilões on-line edições de bd com o estado de conservação definido como “usado” quando na realidade verifico ser afinal “pouco estimado”. Aliás, nos sites de leilões portugueses, é bastante normal encontramos um proliferação de termos que vão desde de “usado” até ao “como novo”, sem que por vezes tal se traduza numa avaliação exacta e/ou correcta do verdadeiro estado de conservação da edição, ou seja, há um risco elevado de pagarmos caro "gato por lebre", principalmente nas edições mais antigas.

Para melhor ilustrar a importância do estado de conservação, veja-se, mais uma vez, o exemplo americano, onde existem regras comummente aceites e definidas, que permitem avaliar devidamente qualquer edição. Existem oito categorias, que vão desde do “poor” (péssimo estado de conservação), passando pelo “fair”, “good”, “very good”, “fine”, “very fine”, “near mint” até ao “mint” (considerado o estado de conservação perfeito, onde não é admitido o mais pequeno defeito).

A importância destas classificações, reflecte-se posteriormente na valorização, onde a diferença entre uma classificação de “very good” e “near mint” se quantifica em várias centenas ou mesmo milhares de dólares.

Portanto, aqui fica o conselho: se tiverem algumas raridades em bom estado de conservação, guardem-nas bem ou então ganhem um bom dinheiro!

Fontes consultadas: Wikipedia, eBay, Miau.pt, Comics Price Guide, BDPortugal.

07 março, 2008

"Da ABCzinho à Mesinha de Cabeceira"


A Bedeteca de Beja está a promover uma exposição de revista de banda desenhada intitulada “Da ABCzinho à Mesinha de Cabeceira”, que passa em revista alguns dos mais importantes títulos da bd portuguesa. Aqui fica a comunicação:

“Ao longo dos seus cerca de 150 anos de História, a banda desenhada portuguesa viu aparecer e desaparecer dezenas de revistas. Algumas perderam-se para sempre nos corredores mais ou menos obscuros da memória. Outras acabaram por se assumir como marcos incontornáveis para compreender o percurso da banda desenhada no nosso país.

Esta exposição não esgota (nem de longe) os muitos títulos que permitem compreender a riqueza e diversidade desta arte em Portugal. Assinala apenas alguns dos nomes que ajudaram a construir este percurso: ABCzinho (1921-1932), O Senhor Doutor (1933-1943), O Mosquito (1936-1953), O Diabrete (1941-1951), Cavaleiro Andante (1952-1962), Jornal do Cuto (1971-1978), Mundo de Aventuras (1949-1987), Tintin (1968-1982), LX Comics (1990-1991), Mesinha de Cabeceira (desde 1992), ou Quadrado (desde 1993) (referimos unicamente algumas das publicações presentes na exposição).

Além do valor intrínseco que cada um dos exemplares em exposição manifesta, é ainda possível admirar as capas de artistas tão distintos como Cottinelli Telmo, Stuart de Carvalhais, Emilio Freixas, Burne Hogarth ou Hugo Pratt, entre muitos outros.

Com um carácter assumidamente pedagógico e didáctico no início, as revistas de banda desenhada foram-se transformando ao longo dos tempos, acentuando uma vertente lúdica muito forte, de acordo com o gosto e exigências do seu público-alvo: o público infanto-juvenil (e de acordo com as preocupações dos pedagogos e dos censores). Nas últimas décadas, embora o carácter lúdico da banda desenhada manifeste sempre preponderância, apercebemo-nos também da mudança gradual que foram sofrendo, não só na forma, mas no conteúdo.

A este respeito interessa referir a LX Comics, a Mesinha de Cabeceira, ou a Quadrado, publicações viradas exclusivamente para o público adulto onde predomina o carácter autoral e experimentalista dos seus artistas, deixando perceber alguns dos movimentos mais significativos dentro da arte contemporânea portuguesa (e não só) no que concerne à banda desenhada.”

Nota: Todas as revistas presentes nesta exposição são acompanhadas de um texto mais ou menos sumário onde se realçam algumas das características específicas da publicação em causa: cronologia, autores, curiosidades, etc.”

Esta exposição pode ser vista entre 29 de Fevereiro a 28 de Março, de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 20h00 na Casa da Cultura de Beja. Está feito o convite!

05 março, 2008

"Iron Man" trailer

De regresso a este espaço e aproveito para divulgar o novo trailer da mais recente adaptação da Marvel ao cinema, "Iron Man", com estreia agendada para Maio deste ano. Confesso que o Homem-de-Ferro não faz parte das minhas personagens preferidas, mas o trailer em Hi-Res deixou-me bem impressionado. Confiram lá aqui!


Mais imagens e informação podem ser obtidas através do site oficial do filme aqui.

08 fevereiro, 2008

António Alfacinha


Já se encontra à venda o n.º 7 da revista «Cebolinha» (ver imagem) que traz como principal motivo de interesse a introdução de um novo personagem no Universo da Turma da Mónica, sendo que desta vez se trata de António Alfacinha, um miúdo luso, que como o próprio apelido indica tem as suas origens em Lisboa.

A ideia é brincar com os diferentes significados que algumas expressões portuguesas assumem no Brasil e das confusões que daí advêm, conforme se observa ao longo das três histórias publicadas na revista, à medida que o António Alfacinha vai conhecendo a restante “turma”.

Apesar do estereótipo bastante ultrapassado com que os portugueses estão representados nas personagens do António Alfacinha e dos seus pais e da utilização de algumas expressões supostamente(?) portuguesas (entre outras, manifesto o meu desconhecimento relativamente a cumprimentos com “ó pá!” e a palavras como “jaleco” ou “xaveco” ou expressões do tipo “borracho avoado”), salva-se as boas intenções do autor em mostrar a riqueza e as diferenças culturais, nomeadamente ao nível da língua portuguesa, existente entre os dois países.

Uma edição interessante, que promete continuação até porque o António Alfacinha descobre que apesar das diferenças existentes entre ele e o Cebolinha, também tem coisas em comum, mais não seja uma paixão pela Mónica.


21 janeiro, 2008

Mais... Manara

Em mais uma promoção de BD! Desta vez é a revista masculina GQ (edição portuguesa) que na sua edição de Janeiro/Fevereiro (já nas bancas) traz o álbum a cores, formato franco-belga, de bd erótica “O Clic 1” de Milo Manara com um preço de capa de apenas € 1,45. Com uma tiragem de 25.000 exemplares, o objectivo confesso desta promoção é “duplicar as vendas da GQ”. A edição de Março/Abril da GQ irá distribuir o álbum “O Clic 2”.

Clic conta a história da bela Cláudia Cristiani, uma mulher da alta sociedade, recatada mas insegura face ao seu magnifico (e bem desenhado corpo), mas que devido ao roubo da invenção do Prof. Kranz, um comando à distancia que controla os impulsos sexuais, consegue soltar os seus desejos mais profundos e dar largas aos seus instintos sexuais mais libidinosos e as situações que daqui resultam, tanto ao nível do desenho como da linguagem, obviamente não são aconselháveis a menores de 18!

Para quem não conhece, pelo preço parece-me ser uma excelente oportunidade para entrar no mundo de Milo Manara!

14 janeiro, 2008

50 anos de Estrumpfes

Apareceram pela primeira vez, como personagens secundárias, numa história de "João e Pirolito" intitulada "A Flauta de 6 estrumpfes" publicada pela revista Spirou em 23 de Outubro de 1958. Mas como tantas outras personagens na história da banda desenhada, também estas pequenas criaturas de pele azul que falavam uma linguagem própria e viviam escondidas na floresta, criadas pelo belga Peyo (Pierre Culliford) depressa conquistaram os leitores e passaram a ter uma série própria como o seu nome: Os Estrumpfes (em francês "Schtroumpfs", em inglês "Smufs").

Nos anos 60, as aventuras dos estrumpfes já eram publicadas em álbum por toda a Europa (a Portugal chegaram durante meados da década de 80, através das editoras "Circulo de Leitores" e "Editorial Pública"), mas foi em 12 de Setembro de 1981, com a emissão do primeiro desenho animado pela cadeia de televisão NBC, que o fenómeno estrumpfe ficou global. Os estúdios americanos de animação Hanna-Barbera, produziram mais de 200 episódios que foram emitidos (por cá também) durante mais que uma década.

Pois bem, os Estrumpfes celebram este ano o seu 50º aniversário e o "pontapé de saída" das festividades foi dado em Bruxelas, terra natal de Pierre «Peyo» Culliford, numa conferência de imprensa com a participação da viúva e filhos do autor, e de outros membros da vasta equipa que mantém os estrumpfes em actividade mesmo após a morte do desenhador, em 1992.

Citando o Diário Digital/Lusa, entre as iniciativas previstas para todo o ano, contam-se a edição, ainda este mês, de mais um álbum de banda desenhada - com o título original "Les Schtroumpfs et le livre qui dit tout" (traduzindo "Os Estrumpfes e o livro que diz tudo") -, novos episódios de desenhos animados a serem difundidos em numerosos países (incluindo Portugal), um filme de animação em três dimensões, e a aposta em livros de actividades, jogos (também na Internet) e estatuetas comemorativas para coleccionadores.

A principal "marca" das celebrações será todavia a digressão europeia, que levará milhares de estrumpfes a invadir as ruas de diversas cidades europeias, numa iniciativa dirigida às crianças e cujas receitas reverterão a favor da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

A ideia consiste em que «acordar» várias cidades uma certa manhã - os nomes e as datas mantêm-se em segredo - com diversos milhares de estrumpfes (brancos) espalhados pelas ruas (na fila para os correios, à espera de autocarro, a brincar no jardim ou em qualquer outra actividade), que as crianças são convidadas a levar para casa e a decorar, sendo premiadas as obras mais criativas.

Paralelamente, em cada um dessas cidades será leiloado um estrumpfe decorado por uma celebridade - com as receitas a reverterem a favor da Unicef -, será realizada uma exposição dedicada ao 50º aniversário e um zeppelin sobrevoará o local das festividades.

11 janeiro, 2008

"Habituais leitores" vs. "Efémeros leitores"

Na sequência de um comentário colocado por um (fiel) leitor deste blogue, que se identificou como "el gordo", no post que antecede este, acerca da nova colecção do jornal PublicoGrandes Autores de BD – resolvi entrar aqui numa troca de ideias, sobre velhos leitores e novos leitores, que reflecte o estado de coisas da bd em Portugal.

Começo por citar um comentário recente de um responsável das edições Afrontamento, acerca do lançamento dos volumes 3 e 4 da colecção "Peanuts – Obra Completa", que tem um preço de capa de € 23 cada álbum, a referir que estavam bastante satisfeitos com a saída dos primeiros dois volumes, porque "tinham conseguido vender cerca de 2.000 exemplares"!!!

Sendo certo que em Portugal, o sucesso de vendas de um novo álbum de bd ronda os 1.500 exemplares, convenhamos que é para e por causa dos “habituais leitores” que ainda se publica banda desenhada em Portugal. Porquê? Porque são estes os únicos que estão predispostos e porque podem pagar as novidades com preços de capa num intervalo de valores que vai dos €15 aos €30. Também por causa disso, são os "habituais leitores" que esperam e desesperam por novidades e tem as suas prateleiras cheias de colecções de bd incompletas.

Quanto à iniciativa do jornal Público, para uma colecção que não traz nada de novo, não tenho pejo em afirmar que se destina apenas a escoar parte dos stocks da ASA, até porque não há garantias que esta editora, detentora da maioria dos direitos de publicação para Portugal das melhores séries de bd franco-belga, venha a publicar, a título de exemplo, os restante álbuns inéditos da colecção "Thorgal". E não havendo garantias que se completa a colecção qual é a lógica de um novo leitor em inicia-la? Mas, por outro lado, também não me parece que isto seja motivo de preocupação para os "efémeros leitores" a quem a colecção do Público realmente se destina, porque a sua leitura esgota-se aqui, com a vantagem de pagar o preço de um álbum duplo por metade do preço que eu, “habitual leitor”, paguei apenas por um único. A cavalo dado...!

Tudo para concluir que a bd em Portugal é cara porque não há leitores velhos suficientes; e não há leitores novos suficientes porque a bd em Portugal é cara. E por causa deste "pau de dois-bicos" dificilmente se aumentará a base de leitores de bd, até porque a mentalidade dos principais editores portugueses não está virada para a resolução deste grave problema. Preferem antes um retorno rápido do seu investimento à custa (da carteira) dos "habituais leitores", os tais 1.500! Posteriormente, a política de "saldos", "promoções leve 3 pague 2" destina-se mais a despachar "encalhados" do que a conquistar potenciais novos leitores. É por este motivo que esta iniciativa Publico/ASA, por muito louvável que seja em termos de divulgação e distribuição de bd a baixo custo, não deixa de ter um reverso bastante funesto, porque se os "habituais leitores" deixassem de comprar as novidades a "preços de ouro" e esperassem pelo "período de saldos", temo bem que as consequências que daí adviriam seriam provavelmente o fim da banda desenhada em Portugal. É pelo menos esta a minha convicção!

Aceita-se o contraditório!

10 janeiro, 2008

De volta aos clássicos...


O jornal Público começa no próximo dia 16 Janeiro, em parceria com as edições ASA, (mais) uma colecção semanal de banda desenhada, desta vez dedicada a várias personagens, vários autores, vários estilos, abrangente dos vários géneros da bd franco-belga. A colecção, repartida por dez álbuns duplos, com um custo de € 6,90 cada, traz-nos autores como Rosinski, Van Hamme, Zep, Guarnido, Canales, Tabary, Goscinny, Bilal, Marini, Desberg, Gibrat, Pellejero, Zentner, Prado, Bess e Jodorowski.
 
Calendário completo dos lançamentos por autor/título/data:
  1. Rosinski e Van Hamme/"Thorgal – O Filho das Estrelas" + "Thorgal – Alinoë"/96 páginas, a 16-01-2008

  2. Zep/"Titeuf – As Miúdas Ficam Banzadas" + "Titeuf – N’é Nada Justo"/96 páginas, a 23-01-2008

  3. Guarnido e Canales/"Blacksad – Algures entre as Sombras" + "Blacksad – Artic Nation"/104 páginas, a 30-01-2008

  4. Tabary e Goscinny/"Iznougoud vê estrelas" + "Iznougoud e o computador mágico"/96 páginas, a 06-02-2008

  5. Bilal/"A Feira dos Imortais" + "O Sono do Monstro"/120 páginas, a 13-02-2008

  6. Marini e Desberg/"A Estrela do Deserto" (2 capítulos)/120 páginas, a 20-02-2008

  7. Gibrat/"Destino Adiado" (2 capítulos)/112 páginas, a 27-02-2008

  8. Pellejero e Zenter/"Âromm – Destino Nómada" + "Âromm – Coração da Estepe"/96 páginas, a 05-03-2008

  9. Prado/"A Vida é um delírio"/96 páginas, a 12-03-2008

  10. Bess e Jodorosky/"O Lama Branco – O Primeiro Passo" + "O Lama Branco – A Segunda Visão", a  19-03-2008


Nota adicional:
Saúdo o lançamento desta colecção mas lamento a oportunidade perdida para lançar histórias inéditas em Portugal. Não obstante a (re)publicação de autores como Rosinski, Bilal e Gibrat ou histórias como “Thorgal”, “Blacksad” e “A Estrela do Deserto”, a verdade é que para os habituais leitores de bd franco-belga, estes autores e álbuns há muito que constam nas respectivas colecções. Sendo assim, até pelo baixo preço proposto, sinto que estou perante uma colecção que visa essencialmente escoar stocks da ASA, pelo que o publico-alvo será aquele que não conhece/não compra este género de banda desenhada. Será que resulta? Não quero com isto minimizar esta iniciativa, até porque reconheço que o jornal Público é dos poucos órgãos de comunicação social que em Portugal ainda vai contribuindo para a divulgação da banda desenhada (lembro as colecções “Corto Maltese”, “Tintin” e “Spirou”), mas não são estas (re)edições que ajudam ao mercado bedéfilo português. Assim, da minha parte, provavelmente farei depender a compra de alguns álbuns em função da respectiva qualidade da edição.

09 janeiro, 2008

'Peanuts'

Depois dos magníficos volumes 1 e 2, as Edições Afrontamento lançam agora os volumes 3 e 4 de "Peanuts – Obra Completa", respeitantes aos anos 1955 a 1956 e 1957 a 1958, respectivamente.

Esta colecção, é um compromisso da editora em publicar integralmente em lingua portuguesa, a obra completa de Charles Schulz (1922-2000), compilando todas as tiras de Charlie Brown, Snoopy e companhia, publicadas em jornais e revistas, ao ritmo de dois volumes por ano, numa colecção que apenas ficará completa em 2016 com o lançamento dos dois últimos volumes.

Mais não fosse pelo prazer que dá a sua leitura, o cuidado posto na sua edição (atente-se às caixas, cuja opção recomendo) e o facto de constituir uma colecção integral e definitiva, de todas as tiras diárias, escritas e desenhadas por Schulz, já seria motivo suficiente para comprar esta colecção. Acrescente-se então o facto de possibilitar ao leitor português a oportunidade inédita de ler as primeiras tiras e acompanhar a posterior evolução das personagens (posso destacar a transformação do Snoopy de um simples cãozinho no filosofo que todos conhecemos). Tudo conjugado traduz a grande mais-valia de “Peanuts – Obra Completa”, uma colecção de sonho, que tem um lugar cativo na estante de qualquer bedéfilo. Bem, pelo menos na minha têm!

Volumes já disponíveis:

Peanuts Obra Completa - Volume 1 [1950-1952]
Peanuts Obra Completa - Volume 2 [1953-1954]
Peanuts Obra Completa - Volume 3 [1955-1956]
Peanuts Obra Completa - Volume 4 [1957-1958]

08 janeiro, 2008

Começar do zero... (continuação)

**spoiler** fica o aviso para quem não acompanha a actualidade do Homem-Aranha, que o post que se segue contem revelações recentes que podem estragar a surpresa de uma leitura futura.

O site Newsarama revelou uma página dupla da próxima edição de "Amazing Spider-Man #546" que mostra o ponto de situação da "nova" vida do Homem-Aranha, depois do "apagão".

Fresh from the pages of "Brand New Day," check out Spidey's new status quo, drawn by the imitable John Romita Jr.! What's up with Harry Osborn? Mary Jane? Spidey's powers? Here's everything you need to know!

(clique para aumentar)

31 dezembro, 2007

Piscando o olho a 2008...

Aproveito este último post de 2007, não para fazer o balanço bedéfilo do ano (será assunto para o próximo mês de Janeiro) mas sim para desejar a todos os que por aqui passam, os sinceros votos de um bom ano recheado de muita e boa BD. E a julgar pela grande variedade de novidades lançadas no último trimestre deste ano, quem sabe se talvez não seja este um bom prenúncio.

Até porque 2008 anuncia-se de novo, como o ano de José Carlos Fernandes, devido à sua “estranha” tendência de ir publicando BD em Portugal, com o lançamento de “A Agência de Viagens Leming - Dez mil horas de Jet Lag” numa edição da Tinta da China e depois parece que a Devir (que ainda mexe!) irá manter a aposta nas “Black Box Stories” com o lançamento dos volumes 2 e 3.

No entanto, espera-se mais do catalogo da ASA e eu mais "Largo Winch" da Gradiva.

Até lá, tenho com que me “ocupar”, a começar pela leitura dos recentes lançamentos da BDMania e da VitaminaBD, que a devido tempo aqui darei conta, e na “pilha” de BD por ler ainda se encontra material comprado no último FIBDA.

Até para o ano e boas leituras!

19 dezembro, 2007

Why So Serious?

... estou de regresso e para falar da criativa campanha de marketing viral, lançada na Internet pelos estúdios da Warner, de promoção ao próximo filme de Batman, intitulado "The Dark Knight", com estreia oficial marcada para 18 de Julho do próximo ano.

Este segundo fôlego do Batman no cinema parece ir pelo bom caminho e o filme (ver trailer aqui) promete ser "o" acontecimento de 2008. Toda a acção da promoção tem-se centralizado no Joker, a mais genial, a mais perigosa e seguramente a mais imprevisível de todas as personagens do universo Batman. Foram criados sites (ver aqui, aqui, aqui e aqui) e lançadas pistas para os fans seguirem na internet. E assim se revelou a primeira imagem de um incrível e sinistro Joker. Tudo isto deixa antever um épico confronto entre o Bem e o Mal. A confirmarem-se as expectativas já criadas e este Joker/Heath Ledger vai superar o excelente Joker interpretado por Jack Nicholson em “Batman” (1981) de Tim Burton.

Agora, e até para que conste dos arquivos deste blogue, deixo aqui a pequena colecção dos reveladores posters oficiais já divulgados até à data.





16 novembro, 2007

FIBDA’2007 (10) - Terminado o FIBDA...

...fica aqui o meu balanço sobre os 17 dias de BD na Amadora deste ano, passados entre exposições, autógrafos e novidades editoriais.

Para começar, a avaliação global que faço é que o festival correu bem, dentro das limitações a que já nos habituou. Penso ter existido uma maior afluência de público, que é bastante positivo, e confirmou, se dúvidas houvessem, que o Fórum da Brandoa é a "casa ideal" para o FIBDA, não deixando ficar saudades dos espaços que o antecederam.
















No entanto, em ano de maioridade, as exposições do 18º FIBDA revelaram-se pouco ambiciosas, quiçá condicionadas pelo orçamento, o que se traduziu em mostras fracas, entre as quais destaco pela negativa as relativas às "10 BD’s do Sec. XX", que ocupava um lugar de destaque no piso 0 e a dedicada à BD italiana para adultos intitulada "O Caso Italiano" destinada a maiores de 18 anos, localizada no piso -1. Enquanto a primeira limitava-se simplesmente a exibir, em pequenos espaços, uma dúzia de capas de álbuns/revistas alusivas ao personagem em questão, sem qualquer historial, a segunda confinava-se um espaço com ar de bordel, onde se encontravam expostas pouco mais de meia dúzia de pinturas erótico-sugestivas, deixando de fora praticamente as pranchas, por exemplo de um dos mestres do desenho porno-erótico, que por acaso era só um dos autores convidados pela organização. É caso para dizer, muita parra, pouca uva! Muito negativo também foi a quase total ausência de referência a Hergé, um autor bem conhecido do público português, no ano do centenário do seu nascimento. Pela positiva, pessoalmente gostei da exposição "Salazar, Agora na hora da sua morte" (piso 0), não só pela arrumação do espaço mas também por ser possível visualizar a evolução dos desenhos das várias páginas da obra.

No piso -1, funcionou a zona nevrálgica do festival, ou seja a zona comercial e de autógrafos. Foi, porventura, uma das mais bem conseguidas que tenho memória em FIBDA’s. Um espaço amplo e aberto, onde as bancas comerciais ladeavam uma zona de estar central que se fazia a ligação à zona de autógrafos através de um corredor largo e arejado, que tão bem funcionou para as filas que se formaram, nomeadamente no caso de Manara. Qualquer comparação com o afunilamento que se verificava em anteriores edições realizadas, por exemplo na estação de metro ou na escola inter-cultural é mera ficção!





Relativamente aos autores presentes, como vem sendo hábito, a organização convida poucos autores conhecidos e muitos ilustres desconhecidos. Assim, o italiano Milo Manara foi o nome grande presente, que provocou a formação de longas filas, que chegaram inclusive a encerrar horas antes do final da sessão, para a obtenção do desejado autografo. Talvez não seja alheia a esta popularidade o facto de grande parte da obra deste autor estar publicada em Portugal. Destaque também para José Carlos Fernandes, não só pelas nomeações obtidas e pelos prémios arrecadados, que consolidam o seu estatuto de principal e mais profícuo autor de bd (sob transe) em Portugal, reconhecimento esse também feito pelo publico, a avaliar pelas filas nas sessões de autógrafos. Acresce o facto de ter sido publicado (o que em Portugal não é fácil para um autor de bd) mais um álbum seu, o sexto volume da famosa série “A Pior Banda do Mundo” intitulado “Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal”. Sublinha-se o regresso de Luís Louro, agora numa inverosímil dupla com Nuno Markl, com o terceiro álbum das aventuras do “Corvo”. Em termos de novos talentos, confesso-me um apreciador da arte de Filipe Teixeira (responsável pelo "C.A.O.S." da editora Kingpin Comics, salvo seja!).

Em termos das (poucas) novidades editoriais, sublinho a quantidade de autores portugueses de que viram os seus trabalhos publicados. Para além do já citado “Os Arquivos do Prodigioso e do Paranormal” (de JC Fernandes) pela DEVIR, que segundo consta foi o “canto de cisne” da editora em termos de publicações de bd em Portugal; tivemos “Corvo 3 - Laços de Família” (de Luís Louro/Nuno Markl), “Obrigado, patrão” (de Rui Lacas) e a republicação de “Everest” (de Ricardo Cabral), todos pela ASA; “C.A.O.S. Livro 3” (de Filipe Teixeira/Fernando Dordio Campos) e “Super Pig 3” (de Mário Freitas/Gevan) pela editora KingPin Comics e “Sexo, Mentiras e Fotocópias” (de Álvaro) e “Bang Bang” (de Hugo Teixeira) pela Pedranocharco. Convenhamos que não é habitual um tão elevado número de publicações de autores portugueses e peço desculpa se me esqueci de alguém!

No que respeita à bd estrangeira, como apaixonado pelos clássicos que sou, e pelas memórias que me traz, destaco aqui a publicação do álbum de “Tarzan – Volume 1” com as pranchas dominicais de Russ Manning do período de 1968-1970, com a qualidade que a editora Bonecos Rebeldes já nos habituou, ou não fosse ela a responsável pela publicação actual das aventuras do “Príncipe Valente”.

No que concerne à área comercial, continuo a achar que o festival tinha potencialidade para promover uma feira de venda de bd em 2ª mão, convidando alfarrabistas, até porque a banda desenhada não é só as novas edições!

Em resumo, mais um ano mais um festival, que mais não seja serve para rever “velhas” caras, obter um desenho de vez em quando de um super-autor e conhecer melhor a “nossa” banda desenhada e os “nossos” talentos. Para o ano, na sua 19ª edição o FIBDA terá como tema subjacente a ficção científica!

As minhas notas sobre o 18º FIBDA:

Notas positivas:
+ José Carlos Fernandes
+ Milo Manara
+ Espaço da área comercial e de autógrafos do festival
+ Lançamento de vários álbuns de autores portugueses

Notas negativas:
- Exposição “As 10 BD’s do Séc. XX”
- Falta na evocação do centenário de Hergé
- O preço dos álbuns na área comercial
- Convite a autores (quase) desconhecidos do grande público


legendas das fotografias por ordem de aparição, da esquerda para a direita:

foto 1 – exposição "O Caso Tiotónio" piso -1
foto 2 – exposição "Salazar, Agora na hora da sua morte" piso 0

foto 3 – detalhe da zona de autógrafos

foto 4 – Milo Manara
foto 5 – Cameron Stewart
foto 6 – Rui Lacas
foto 7 – Filipe Tixeira

foto 8 – detalhe da banca de venda da KingPin Comics

15 novembro, 2007

Página 161

Em resposta ao desafio lançado pelo blogue Área Negativa, aqui fica a minha contribuição, retirada de "The Batman Chronicles – vol. three" (paperback) edição da DC Comics, escolhido entre os poucos que possuo que orgulhosamente podem ostentar pelo menos 161 páginas de banda desenhada.

Assim, a quinta fala da referida página pertence ao Batman que exclama:

His head… all bloody… He´s been clubbed… clubbed to death? Robin’s dead??

e para não ser acusado de quebrar a corrente, lanço o desafio ao Ferrão (Blog da Utopia), a ver se retoma a actividade de blogger!