Foi uma das novidades inesperadas no festival de Beja e também na Feira do Livro de Lisboa. A editora ARCÁDIA continua a criar o seu catalogo de banda desenhada, acrescentando agora o novo título, de origem franco-belga, que conta com o argumento de Phillippe Charlot e a arte de Xavier Fourquemin.
O Comboio dos Órfãos é uma história sobre mobilidade e desenraízamento, que nos mostra um momento menos conhecido mas muito significativo da História dos Estados Unidos da América.
O Combóio dos Orfãos - Ciclo I: Jim e Harvey
Na costa leste dos Estados Unidos, a onda de emigração maciça leva ao abandono de muitas crianças vindas da velha Europa. Miseráveis entre os mais miseráveis, as crianças abandonadas e maltratadas sobrevivem à custa de pequenos furtos e mendicidade nas ruas de Nova Iorque. Só nesta cidade, eram cerca de 20 mil em 1854, ano em que foi posto em prática o primeiro programa de adoção, conhecido pelo nome de “Orphan Train Riders”. Inicialmente artesanal, este sistema adquiriu rapidamente uma dimensão e uma eficácia quase industrial. Quando a iniciativa terminou, em 1929, cerca de 250.000 crianças haviam sido enviadas para o Oeste.
O reverendo Charles Loring Brace foi o primeiro a acreditar que retirando estas crianças do seu ambiente nocivo, poderia transformá-las em cidadãos irrepreensíveis. Nos estados do Middle West, havia falta de mão-de-obra e muitos casais que não conseguiam ter filhos… Pelo que seria possível enviá-las, por comboio, de uma costa à outra dos EUA. As primeiras viagens foram um êxito.
Recorrendo a agentes locais, Loring Brace instituiu o princípio dos cartazes que anunciavam a chegada das crianças para adoção. As “distribuições” realizavam-se no teatro, na ópera, na igreja, ou até no cais da estação. Os nomes, ou números, pregados nos casacos dos mais novos permitiam que os agentes os identificassem facilmente. Era frequente que estas sessões se assemelhassem a uma feira de gado. Compostas, na sua grande maioria, por agricultores, as famílias de acolhimento exigiam o direito de verificar o estado de saúde (principalmente dos dentes) dos meninos e meninas que lhes eram apresentados. Era raro que fossem imediatamente adotados. A única obrigação das famílias de acolhimento consistia em tratá-los como se fossem seus filhos, até atingirem os17 anos. Obviamente, muitos eram considerados apenas como mão-de-obra barata, mas, para o reverendo, era uma situação melhor do que aquela em que viviam nas ruas de Nova Iorque.
Este livro relata uma longa viagem pautada pela amizade, pela entreajuda… mas também pela traição.
Esta edição portuguesa é um álbum duplo, reunindo os primeiros dois álbuns editados em França, Jim (vol. 1 ) e Harvey (vol. 2), de um total previsto de 8.
1 comentário:
A edição e bonita mas ser 1 de 3,tem grandes chances de ser mais umas serie fb sem fim.
Enviar um comentário