20 novembro, 2018

Cronologia das aventuras de Blake & Mortimer

A propósito do lançamento do novo álbum de Blake e Mortimer deixo aqui para os leitores desta série a cronologia actualizada das aventuras desta dupla, para um melhor enquadramento das leituras. «O Vale dos Imortais» é cronologicamente a 5ª aventura dos nossos heróis.


11 comentários:

Xico Manel disse...

Se há uma coisa que distingue claramente a BD de origem europeia (comummente conhecida como FrancoBelga, embora com variadissimas origens), é a questão das fisionomias das personagens.

Uma das preocupações dos seguidores dos autores originais (Blake&Mortimer, Lucky Luke, Michel Vaillant, Corto Maltese, Asterix), foi a de manter as fisionomias.

Nos comics made in USA, a coisa é uma bosta!
E os defensores dos comics excusam de falar em "runs"...
A mudança do aspecto das personagens de um comic para outro, de um livro para outro, de um autor para outro é uma bosta mesmo.

Agora falando do Blake e Mortimer, não é uma série que me atraia. Fiz duas coleções que sairam com jornais (a primeira creio que com o Record e depois uma outra com o Público(?) e uma qualidade da capas superior e também se não estou errado, com mais livros) e parei por aí.

Já agora, a primeira coleção seguiu como prenda de natal para outros leitores :-)

JoseFreitas disse...

Nos Spirous novos as fisionomias mudam muito.

Ricardo Amaro disse...

Gosto bastante destes old chaps

Xico Manel disse...

Não acompanho o Spirou, mas creio que sim.
Do que me lembro de ver em blogs ou capas, creio que as fisionomias mudam...

Será a famosa exepção que ?... :-)

JoseFreitas disse...

Bom, se é a excepção que confirma a regra, então é um argumento PODEROSO para se fazerem mudanças, inclusive na fisionomia. Dum modo geral poderíamos dizer que as versões modernas de Astérix ou Blake e Mortimer ou Lucky Luke variam regra geral entre o assim-assim e o absolutamente merdoso (falando curto e grosso), enquanto as do Spirou variam entre muito razoáveis e o absolutamente excepcional. Haverá excepções (um ou outro Blake e Mortimer melhorzinho, mas não propriamente "bom", O Homem que Matou Lucky Luke...) mas pelos vistos mudar fisionomias e dar liberdade criativa aos autores modernos parece funcionar vem.

Xico Manel disse...

Creio que "o mercado europeu" dá tanta importância ao desenhador quanto o que dá ao argumentista. E a ideia que tenho, é que no mercado comic é muito mais importante o argumentista que o desenhador. Talvez por isso, lá por aqueles lados, a questão das fisionomias não seja tão significativa.

NO entanto, quando o Uderzo continuou como desenhador e decidiu ser também argumentista, a qualidade dos albuns caiu uns bons degraus....
E "O Homem que matou Lucky Luke" é algo completamente fora da série e daí (possivelmente) ser indiferente a fisionomia.

Agora, uma personagem que creio que seja "impossível" dar uma fisionomia diferente, será Corto Maltese.
E sem esquecer o tipo Mangá onde me parece que também não há grande mudança de fisionomias.

Portanto... bons argumentistas e bons desenhadores será o que faz boa BD.
Independentemente das fisionomias!

Mas que me irrita a sua mudança...isso irrita :-)

Nuno Neves disse...

Boas! Não acho que na BD europeia se dê mais importância ao desenho que ao argumento, considero sim que existe um maior respeito pelas personagens ao respeitar o padrão original. Esta falta de necessidade de renovação que contrasta em absoluto com a BD americana, entendo para mim que é devido a um maior amor pela arte da BD. Para os americanos não existe amor, tudo é puro negócio. E obviamente que a constante renovação dos seus super’s está directamente ligada ao factor comercial. Tudo o que é novo suscita curiosidade. E atrás da curiosidade vem a compra. E pela compra surgem as mil e uma variantes, inícios e reinícios. Pessoalmente prefiro a matriz europeia.

JoseFreitas disse...

Hahahahahaha!!! Nuno, tantos clichés e ideias feitas. Se achas que a BD é França não é puro negócio, estás redondamente enganado. Tens de falar com o Étienne Schréder em Coimbra, vais ver o que ele te conta do processo de produzir um Blake & Mortimer.

Eu acho que existem duas grandes diferenças nestes mercados, e uma delas é de facto como o Xico diz: nos EUA não é que se dê primazia ao argumentista (dá-se), mas que desde os anos 90 até agora se gerou um culto do argumentista (escritor). Obviamente, nem tanto à terra, nem tanto ao mar, e tudo o que vou dizer existe num contínuo e não em absoluto. Mas quando começaram a surgir aqueles escritores que deram um primado à história (depois da fase Marvel-desenhador estrela, e Image inicial), e quando as coisas mudaram em direcção a serem os argumentistas que garantiam as vendas (e não tanto o desenho), diria que o papel do escritor nos comics, que já era muito forte, se consolidou e ganhou a primazia.

As coisas em França mudaram um pouco. A BD clássica foi fundada em grande parte sobre autores "completos" (ie. escritores-desenhadores), e durante anos isso obscureceu um pouco as coisas. Sempre houve escritores muito considerados e que eram "estrelas" (ie. Goscinny) mas não eram muitos. E sobretudo, os criadores duma série encarregavam-se dela mais ou menos para sempre, labutando ao ritmo de um álbum a cada ano ou cada dois anos, e sendo geralmente donos dos direitos sobre essas séries. Hoje em dia começam a aparecer alguns desses argumentistas estrela, aqueles que parece que conseguem assegurar sucessos transversalmente a géneros, estilos, séries, tipos de desenho, etc... O Zidrou vem-me logo à mente.

Nos EUA como quer os escritores, quer os desenhadores, nas grandes editoras (Marvel e DC) não são donos dos direitos, e como o ritmo de lançamentos é muito maior que em França, as coisas são diferentes. Uma personagem forte pode ter p.ex. 3 ou 4 revistas mensais (ie. Batman), são 70 a 100 pgs de BD por mês, o equivalente a um a dois álbuns franco-belgas POR MÊS. Os leitores sempre se habituaram a ver equipas múltiplas a trata de uma única personagem. Por isso os leitores de comics chocam-se menos com mudanças de desenhadores e de escritores, e talvez mesmo por causa disso dêem primazia ao argumento (mas não é um absoluto).

Nuno Neves disse...

Eu não disse que em França a BD não é um negócio/indústria, porque sabemos obviamente que o é. O que digo é que na Europa há um maior respeito pelas personagens, seja no seu desenho como nas suas histórias. Poderá acontecer que esta pouca liberdade para grandes invenções aconteça pelo facto dos autores serem donos dos direitos das personagens. Eu digo ainda bem que assim acontece.

Mas o meu foco era mais no desenho. Observa-se personagens como Blake & Mortimer, Asterix, Lucky Luke, Alix, Thorghal, entre outras e observas que pouco ou nada mudaram de aspecto/fisionomia ao longo de décadas; do lado inverso estão os “super” cujas fatiotas e aparências fisicas mudam quase de ano para ano, de argumentista para argumentista, de desenhador para desenhador. Dizes e com razão que se deve à “existência de equipas múltiplas a trata de uma única personagem”, até porque o ritmo de produção de histórias, leia-se "mercado" assim o exige. Concordamos.

Mas na BD europeia, ainda que não tenha um ritmo de produção americanos, também acontece a troca de autores, mas verificas que Blake & Mortimer, Asterix, Lucky Luke, Alix, Thorghal mantêm as suas aparências como sempre as conhecemos. Eu prefiro. Sou muito conservador nestas questões.

JoseFreitas disse...

Acho que o que escreveste contém em si mesmo a resposta: "pouco ou nada mudaram de aspecto/fisionomia ao longo de décadas; do lado inverso estão os “super” cujas fatiotas e aparências físicas mudam quase de ano para ano, de argumentista para argumentista, de desenhador para desenhador." Claro, durante décadas foram escritas e desenhadas pelos mesmos autores, por isso é que não mudaram. E no geral as novas equipas lutam por manter o mesmo estilo, o mesmo aspecto, etc... Acho que satisfazem os leitores antigos, mas pouco fazem para criar novos fãs dessas personagens. Hoje é difícil "impingir" um Michel Vaillant dos novos, ou um Lucky Luke dos novos, a alguém que não seja JÁ fã da personagem, o mesmo não se passa com o Wolverine ou Batman (não estou a fazer juízos de valor relativamente à qualidades das séries). Um dia, quando tiverem morrido todos os fãs antigos do Blake e Mortimer, e a geração imediatamente a seguir que ainda herdou as colecções completas dos pais e o imperativo de as ler, a série acaba. As tiragens hão-de baixar para 300,000, depois para 100,000 e acabarão num ram-ram geral de 30-40,000 exemplares sem grande significado no mercado francês, para coleccionadores ou completistas hardcore.

Se tento impingir um Blake e Mortimer ao meu filho (14 anos) ele fica a olhar para mim como se fosse atrasado mental. Mas é capaz de ler séries novas (Tony Chu, Les Légendaires, super-heróis). Acho que esse esforço de se colar excessivamente ao aspecto/estilo/sabor do original acabará por ser contraproducente.

Vamos ver o que acontece quando sair o primeiro Blake e Mortimer de autor.

Xico Manel disse...

Concordo com o JFreitas relativamente à futura decadência das séries clássicas FB. Acho que terá mais a ver com a carga de marketing em cima dos superheróis que até tem megaproduções roliude a puxar pela coisa

Acho que bd FB é mais uma série "infindável" de séries novas que vão surgindo: Águias de Roma, Murena, Bouncer, Undertaker, Angel Wings, do que uma continuidade de séries para lá dos seus autores originais...

Já agora, como argumentista FB, o que me veio à ponta do dedo, foi Arleston com uma data de séries (parece que limitado à Soleil), Forêts D'Opale, Troy e seus derivados, etc...