A editora IGUANA continua muito activa na abertura do seu catálogo de banda desenhada a novos autores nacionais, e acaba de editar o álbum de estreia de Miguel Fernandes, de nome artístico Ozzy, que nos apresenta AMÁVEL, O PUGILISTA GENTIL.
A surreal história de um empregado de escritório, que nas horas vagas se dedica à luta livre, começa verdadeiramente quando herda do falecido pai uma… fita vermelha. Este objeto desencadeia uma estranha jornada onde o absurdo se cruza com fantasmas dos passado e memórias mal resolvidas. Ozzy constrói aqui uma narrativa sem pudores, com laivos de humor e pontuada por ecos cinematográficos(?), mas é no plano gráfico que se afirma, com um registo alternativo que se suporta num traço deliberadamente sujo e que confere uma dimensão grotesca ao desenho, vigorosamente caricatural, rugoso e desconcertante. Não sei se do agrado de muitos leitores…
3 comentários:
Espero não estar a ser injusto e longe de mim desmerecer ou diminuir o trabalho de lançamento de autores nacionais por editoras locais mas defendo, acima de tudo, que a maioria dos autores deveriam fazer um percurso de edição prévio (fanzines, antologias, auto-edição, internet…) a obras de grande fôlego, amadurecendo a sua arte e/ou escrita. Pela amostra aqui presente receio que que tenha havido alguma precipitação, uma situação que tenho testemunhado em boa parte dos lançamentos nacionais por nacionais. Num mercado tão saturado de ofertas (nacionais e estrangeiras), é essencial o papel do editor em avaliar a validade e relevância do material que lhes passa pelas mãos.
É sempre de louvar a edição de autores nacionais, e este género de história/arte terá certamente o seu público, mas será dirigido para um grupo onde eu não me incluo. Tive oportunidade de ler o livro, e a narrativa mete-se por caminhos sem graça e a arte não me seduz. Confesso que fiquei foi muito bem impressionado foi com a boa qualidade da edição. Demasiado embrulho para tão parco conteúdo. Concordo consigo António, que deveria existir um maior trabalho por parte do editor na selecção de obras, até porque cada aposta que não dê resultados corre o risco de hipotecar a edição de trabalhos porventura de maior qualidade.
Viva Nuno. É também esse um dos meus receios - o de se estar a comprometer a edição de obras de maior interesse tentando cumprir algum tipo de "quota" de obras de autores nacionais, independentemente das qualidades (ou falta delas). Mais uma vez, não li a obra, mas a Iguana e os outros selos associados á Penguin Random House nacional, aparentemente, continuam a ter um percurso irregular e aleatório na seleção e edição de obras, e isto sem necessidade, na minha modesta opinião.
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