13 agosto, 2010

Uma Aventura no Alentejo

Cartaz Expo BD - Aventura Alentejo

É amanhã, ali para os lados do Alqueva, a uns doze quilómetros da barragem, mais quilómetro menos quilómetro, na cidade de Moura, que é inaugurada, por volta das 18H, mais minuto menos minuto, uma exposição de Banda Desenhada portuguesa intitulada "Uma Aventura no Alentejo" e composta pelos trabalhos dos seguintes autores: César Évora, Mário Teixeira, Pedro Ribeiro Ferreira, Derradé, Álvaro, Pedro Alves, Hermínio Felizardo, Belisário, João Vasco Leal, André Oliveira, Zé Oliveira, RoD!, Nuno Duarte, Eduardo Welsh, Andreia Rechena, Varella, Petra Marcos, Carlos Rico e Luís Afonso.
Por volta das 21H, está prevista uma sessão de caricaturas e desenhos ao vivo pela mão dos autores presentes, no pátio da Livraria “Ao Sabor do Vento”.

Fica o convite. Apareçam!

11 agosto, 2010

A Teoria do Grão de Areia - Tomo 2

Teoria Grão Areia 2

Uma das boas leituras deste ano, não só pela expectativa criada pelo álbum anterior, mas também porque espero a presença dos seus dois autores no Festival de BD da Amadora a decorrer em Outubro próximo, é o segundo tomo de “A Teoria do Grão de Areia” (ed. ASA) de Schuiten e Peeters.

Recuperando a história, em 784, num universo paralelo ao nosso, a cidade de Brusel é assolada por inexplicáveis fenómenos. Mary Von Rathen, a menina de “A Rapariga Inclinada” (ed. Meribérica) é contratada como consultora, e perdida em toda aquela atmosfera caótica, procura respostas. Neste segundo e conclusivo álbum, o avanço da areia e das pedras e o surgimento de outros novos fenómenos colocam em risco a existência da própria cidade. Mary Von Rathen percebe que a presença de dois novos estrangeiros (Bugtis) na cidade pode ser a chave do problema.

Com uma narrativa fantasiosa e fluída, a história encontra aqui a sua conclusão. O que começou por ser um inofensivo grão de areia, coloca agora em risco o equilíbrio de uma cidade. Esta ideia torna-se interessante pelos paralelismos que se podem estabelecer a partir daqui. Pessoalmente, gosto particularmente da ideia subjacente de equilíbrio e que toda uma acção tem necessariamente uma consequência ou reacção. E conforme nos apercebemos, os danos na cidade provocados pelos estranhos fenómenos resultam de acções/intervenções da cidade de Brusels. É verdade que nem todas as questões obtêm aqui a sua devida resposta, mas isto também porque as arquitecturas deste mundo permanecem naturalmente obscuras.

Graficamente, o desenho de Shuitten é exemplar. Trabalhado essencialmente a duas cores – preto e branco sujo – caracteriza o ambiente da cidade de Brusels e permite depois criar inteligentemente um contraste, com o branco luminoso que caracteriza os estranhos fenómenos. A opção pelo formato italiano, com as pranchas dispostas horizontalmente, permite a utilização de uma maior área de desenho da vinheta, o que valoriza bastante a riqueza do traço deste autor, que pode ser observada nos detalhes, como por exemplo na arquitectura dos edifícios, e aqui um destaque para a designada Maison Autrique, ou na definição dos personagens intervenientes.

Uma palavra final para a edição, conforme referido em formato italiano, a exemplo do que sucedeu com o tomo um, que vem igualmente acompanhada de uma caixa com lombada, ricamente ilustrada, que permite a arrumação ao álbum na vertical junto dos restantes álbuns da série.

Relacionado com este álbum , ler também:
A Teoria do Grão de Areia - Tomo 1

A Teoria do Grão de Areia – Tomo 2
Autores: Schuiten (desenho) e Peeters (argumento)
11º álbum da série “As Cidades Obscuras”, preto e branco, capa mole
Editora: ASA, 1ª edição de Maio de 2010

A minha nota:

09 agosto, 2010

21º Amadora BD: Concurso de BD e do Cartoon

Informo que já se encontram abertas as inscrições para o 21º concurso de Banda Desenhada inserido no Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada ‘2010, a decorrer na cidade da Amadora entre os dias 22 de Outubro e 7 de Novembro. O regulamento e a respectiva ficha de inscrição podem ser obtidos directamente aqui.

A grande novidade deste ano é a abertura de um novo escalão, designado de A+ que permite a participação de autores com idade superior a 30 anos, sem BDs publicadas em álbum e que nunca tenham sido premiados pelo festival.

Igualmente encontram-se abertas as inscrições para o 19º concurso de Cartoon, também inserido no Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada ‘2010. O link para o regulamento e ficha de inscrição é o mesmo indicado anteriormente. E também aqui existe uma nova categoria, designada de C+ para autores maiores de 30 anos sem Cartoons publicados na imprensa e que nunca tenham sido premiados pelo Amadora BD.

Principais pontos a reter:
- O tema do concurso de ano, como não podia deixar de ser, é “A República”.
- A data limite para entrega dos trabalhos no CNBDI é o dia 15 de Setembro de 2010 até às 17:00 horas.

A todos os autores participantes, os votos de muita inspiração e transpiração divididas em partes iguais.

04 agosto, 2010

Capa do Dia

Maldição 30 denários_tomo2
 
Esta é a capa do novo álbum das aventuras de Blake & Mortimer que conclui a história “A Maldição dos Trinta Denários”. Um desenho bastante mais apelativo do que o do primeiro tomo, que certamente exibia aquela que terá sido a pior capa da colecção B&M. O lançamento deste novo álbum para terras francesas está previsto para Novembro. Por cá espera-se até 2011, mas quase com a garantia que existirá uma segunda capa alternativa e exclusiva, como aliás tem sido hábitos nos últimos lançamentos destes heróis.

Regresso

De regresso! Obrigado a todos os que por aqui passaram. Bem, na verdade eu fisicamente regressei mas a vontade de fazer alguma, inclusive neste blogue, é que ainda por lá ficou. Farta preguiça. Sobre o que interessa, tenho lido alguma BD. O segundo tomo d’A Teoria do Grão de Areia foi das primeiras compras que fiz quando cheguei a Lisboa. Depois tenho “experimentado” o universo Tex Willer. E Gaston Lagaffe também tem sido uma deliciosa leitura. E descobri ainda uma edição manhosa do Homem-Aranha, vendida em quiosques, e que é um autêntico atentado. Até arrepia. Mas sobre tudo isto e mais falarei a seu tempo aqui nas notas bedefilas. Para já e em jeito de comemoração do 5º aniversário das notas feitos no passado dia 31 de Julho, o próximo passo é o inicio de uma renovação aqui do sítio. Claro que isto tudo é para se ir fazendo. A emissão segue dentro de momentos...

Regresso

De regresso! Obrigado a todos os que por aqui passaram. Bem, na verdade eu fisicamente regressei mas a vontade de fazer alguma, inclusive neste blogue, é que ainda por lá ficou. Farta preguiça. Sobre o que interessa, tenho lido alguma BD. O segundo tomo d’A Teoria do Grão de Areia foi das primeiras compras que fiz quando cheguei a Lisboa. Depois tenho “experimentado” o universo Tex Willer. E Gaston Lagaffe também tem sido uma deliciosa leitura. E descobri ainda uma edição manhosa do Homem-Aranha, vendida em quiosques, e que é um autêntico atentado. Até arrepia. Mas sobre tudo isto e mais falarei a seu tempo aqui nas notas bedefilas. Para já e em jeito de comemoração do 5º aniversário das notas feitos no passado dia 31 de Julho, o próximo passo é o inicio de uma renovação aqui do sítio. Claro que isto tudo é para se ir fazendo. A emissão segue dentro de momentos...

11 julho, 2010

Desenhos autografados (16): Anya

Varanda

O desenho de hoje é da autoria do português Alberto Varanda, autor de BD que vive há bastantes anos radicado em França. Dono de um traço muito expressivo e dinâmico, parte do seu trabalho tem sido desenvolvido em colaboração com a dupla de autores que assina com o pseudónimo de Ange, e alguns desses álbuns foram já publicados entre nós, como a série “Bloodline” (ed. Meribérica) e o 1º volume de “Paraíso Perdido” (ed. VitaminaBD).
Para conhecerem melhor este autor convido a visitarem o seu site oficial.
O desenho autografado Anya, uma das personagens de Paraíso Perdido, foi feito a aguarela e obtido, aquando da participação de Varandas, na 1ª e única edição do BD Fórum, um evento singular que em Maio de 2003, durante 3 dias reuniu em Lisboa um número considerável de grandes autores internacionais de BD, com a particularidade de todos eles terem álbuns publicados em Portugal.
Como nota final, fica a informação que Varanda é um dos nomes confirmados para o Festival Internacional de BD de Beja do próximo ano.

05 julho, 2010

Bouncer - “O Fascínio das Lobas”

Finalmente a ASA lembrou-se que existia Bouncer! Cinco anos depois, está de regresso esta excelente série da BD franco-belga com a assinatura da dupla Jodorowsky/Boucq. Passada no Oeste americano, depois de terminada a Guerra Civil Americana, Bouncer é western sangrento, e conta a história de um pistoleiro que desempenha as funções de segurança no Infierno Saloon em Barro-City, uma pequena cidade do Oeste Americano. Um pormenor é que Bouncer, o pistoleiro, perdeu o braço direito na sua juventude.

O álbum agora publicado, “O Fascínio das Lobas” é o quinto álbum desta colecção. Deixo o aviso que é importante ter presente os eventos anteriores. É que neste álbum assistimos ao desfecho de todos os acontecimentos relacionados com a origem de Bouncer e com o último dos mistérios que envolve a cidade de Barro-City. É o fim do ciclo de vingança do índio White Elk, o ultimo sobrevivente da tribo dos Nacaches, que teve inicio no tomo 3 – “A Justiça das Serpentes”. Na verdade em todo o álbum são histórias de vingança que se cruzam. Com a chegada à cidade de Antoine Grant, filha do antigo carrasco de Barro-City, um anjo negro da morte, que vem cobrar uma divida de sangue, percebe-se logo que tudo converge para o desenlace final, com o fecho dos ciclos.

Jodorowsky, como é do seu timbre, consegue captar o leitor mantendo a acção num ritmo alucinante e intenso. A narrativa é equilibrada. É verdade que o velho Oeste era um sítio duro para se viver, mas Bouncer é particularmente violento. Boucq ilustra essa impressão de forma soberba. A planificação nas situações de confronto é excelente. As vinhetas largas substituem as tiras na prancha. O desenho de Boucq é caracterizado por um traço limpo, bem definido e realista. Aliás, Boucq utiliza muito a expressividades dos rostos das personagens em vinhetas únicas, para transmitir emoções. O desenho ganha vida e movimento. Da minha parte, confesso admirador do trabalho desta dupla de autores.

Resta-me dizer que a edição cartonada da ASA está ao nível das anteriores, ou seja, muito boa.

Bouncer – O Fascínio das Lobas
Autores: Jodorowsky (argumento), Boucq (desenho)
Tomo 5 da colecção "Bouncer", cores, cartonado
Editora: ASA, 1ª edição de Junho de 2010

A minha nota:

04 julho, 2010

Desenhos autografados (15): Bouncer

Bouncer

O desenho de hoje é da autoria do francês François Boucq. Com vários álbuns já publicados entre nós (A Mulher do Mágico, Boca do Diabo, Face da Lua), destaco sobretudo o seu trabalho na série Bouncer, um magnifico western, cujo desenho aqui apresentado retrata a personagem principal que dá o nome à série. Boucq tem sido visita regular no Amadora BD, tendo estado presente na edição do ano passado, onde este desenho foi obtido.

30 junho, 2010

O senhor que se segue é... Gaston Lagaffe

Com a publicação do 16º álbum – O Cavalo de Tróia – terminou hoje a colecção Alix pela mão da parceria ASA/Público. Rei morto, rei posto diz o dito popular e é já a partir da próxima semana, dia 7 de Julho – Quarta-feira, que temos uma nova colecção nas bancas, desta vez dedicada ao desconcertante e mandrião GASTON LAGAFFE, personagem criada por André Franquin, que personifica na perfeição o conceito de anti-herói.

A colecção é composta por 19 álbuns em capa dura com desenho exclusivo para Portugal. O primeiro volume tem o preço de lançamento de € 2,50, sendo os restantes vendidos ao preço de € 6,40.

De referir que depois de Os Passageiros do Vento e de Alix esta colecção é a 3ª colecção a ser publicada de uma lista de 10 que foram inicialmente apresentadas pelo jornal Público para votação dos leitores.

Pessoalmente, das séries propostas, Gaston não é daquelas mais me entusiasme, mas atendendo ao facto de se publicar a colecção completa em capa dura a um preço bastante acessível, para além de comprar a colecção vou ter igualmente de comprar espaço!

TÍTULOS DA COLECÇÃO GASTON:

1. Os arquivos do Lagaffe
2. Gafes em barda
3. Gafes de um fanfarrão
4. Festival de broncas
5. O escritório vai abaixo
6. Calinadas do Calinas
7. Mais Gafes do Lagaffe
8. Gafes às rajadas
9. De gafe em gafe
10. O ás das argoladas
11. O descanso do trapalhão
12. Engenhocas do Lagaffe
13. Um bronco do piorio
14. Gafes, argoladas e trapalhadas
15. É só broncos!
16. Tabefes para o Lagaffe
17. Gafes atrás de gafes
18. Resmas de Gafes
19. Cuidado com o Lagaffe



27 junho, 2010

Desenhos autografados (14): O soldado

 
O autor do desenho de hoje é Jorge Miguel, talvez, mais conhecido pelos seus excelentes trabalhos no campo da ilustração de muitos dos livros escolares e não só que por aí circulam. Mas para além de ilustrador, o Jorge Miguel é também autor de banda desenhada, tendo já publicado o álbum “Camões De Vós não Conhecido nem Sonhado?” (Plátano Editora), preparando-se agora para lançar “Res Publica”. Durante um recente jantar em Beja, tive a oportunidade de lhe perguntar fazia com os originais dos desenhos que fazia. Respondeu-me que os deitava fora. Manifestei que teria todo o gosto em ficar com alguns desses trabalhos. Solícito enviou-mos pelo correio. O desenho acima publicado é uma ilustração para o conto "O soldado que foi para o céu" que faz parte da compilação "Contos tradicionais do povo português" escrita pela pena de Teófilo Braga.

25 junho, 2010

Manuel Caldas apresenta “Os meninos Kin-der”

O editor Manuel Caldas continua o seu laborioso trabalho de recuperação, restauração e publicação de clássicos da banda desenhada, conforme já várias vezes foi referenciado neste blogue (ver aqui, aqui e aqui). O seu novo lançamento, cuja apresentação aqui faço (a imagem é da capa) é (mais) um bom exemplo disso.

Manuel Caldas propõe-nos agora “Os meninos de Kin-der”, um álbum de 40 páginas, que reúne as pranchas desenhadas por Lyonel Feininger, um ilustre desconhecido pintor, talvez para a grande maioria de nós (eu incluído), que viveu entre 1871 e 1956, e que foram publicadas nas páginas de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World.

Deixo aqui a síntese de introdução, feita por Rúben Varillas:

A banda desenhada, na sua evolução histórica, viu-se sujeita a um paradoxo digno de figurar nos anais da historiografia artística: chegou à pós-modernidade sem ter passado pela modernidade. No entanto, muito antes da pós-modernidade houve um período de ensaio, busca e experimentação, um momento em que estiveram prestes a abrir-se muitas portas (que afinal acabaram por ficar entreabertas): algo similar ao que noutros meios artísticos se reuniu sob a etiqueta de As Vanguardas. Na banda desenhada, nas mesmas datas em que a pintura, a escultura ou a literatura estavam em plena convulsão criativa, apareceu uma série de artistas dispostos a fazer arte com as vinhetas e a situá-las ao nível artístico desses outros veículos mais sérios, digamos assim.
Foram poucos e ousados. E Lyonel Feininger foi o menos reconhecido (e por consequência menos apreciado). O artista menos autor de banda desenhada, menos prolífico, menos ortodoxo desses primeiros tempos. As escassas pranchas que realizou constituem uma verdadeira aventura visual: nem chegou a um ano. Tempo suficiente, afinal de contas, para demonstrar que os bem sucedidos expressionismo e cubismo que começavam a inundar as telas da Europa também tinham lugar nas páginas dos jornais norte-americanos. Mas, apesar de não ter alcançado o triunfo que merecia pela sua faceta de autor de banda desenhada, Feininger obteve um aceitável reconhecimento como pintor daquelas mesmas correntes de vanguarda que atrás mencionamos.
Curiosamente, ao longo de toda a sua produção pictórica posterior, Feininger manteve muitas das constantes estilísticas que já tinha antecipado na banda desenhada. Nas suas pinturas expressionistas e numerosas xilogravuras encontramos arquitecturas oblíquas, edifícios angulosos e paisagens tão violentamente deformados como os que apareceriam nas páginas de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World.

Feiniger nunca deixou de estar em contacto com a Vanguarda, primeiro graças à sua já referida adscrição estética e artística ao movimento expressionista alemão (e às suas posteriores influências cubistas) e mais tarde com a sua entrada na Bauhaus, sendo o responsável pela oficina de impressão e o único membro da escola que esteve nela desde o início até ao encerramento.
A edição que têm nas mãos é uma homenagem a Feininger e à sua obra, ao seu virtuosismo gráfico, ao seu inteligente emprego da cor e à audácia infinita deste autor eternamente encolhido na sombra do reconhecimento. O trabalho levado a cabo no restauro das páginas de jornal de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World (incluem-se duas pranchas representativas desta série no presente volume) faz-nos redescobrir a obra de Feininger e mostra-no-la com uma nitidez gráfica como nunca antes foi possível vê-la. Graças ao restauro e ao grande formato, ressurgem os mares e condensam-se as nuvens, elevam-se majestosos os edifícios nova-iorquinos nas margens do rio Hudson, recortam-se diáfanos os perfis angulosos das suas personagens sobre os barcos e demais engenhos motorizados que percorrem as páginas. Ressurge, afinal, o talento de um desenhador de histórias aos quadradinhos adiantado para a sua época, um dos que poderiam ter mudado definitivamente a história da banda desenhada.

Esta edição, que terá um preço de venda de € 22, ainda não tem data marcada de distribuição pelas livrarias, mas encomendas podem ser feitas directamente através da página do editor.

Manuel Caldas apresenta “Os meninos Kin-der”

O editor Manuel Caldas continua o seu laborioso trabalho de recuperação, restauração e publicação de clássicos da banda desenhada, conforme já várias vezes foi referenciado neste blogue (ver aqui, aqui e aqui). O seu novo lançamento, cuja apresentação aqui faço (a imagem é da capa) é (mais) um bom exemplo disso.

Manuel Caldas propõe-nos agora “Os meninos de Kin-der”, um álbum de 40 páginas, que reúne as pranchas desenhadas por Lyonel Feininger, um ilustre desconhecido pintor, talvez para a grande maioria de nós (eu incluído), que viveu entre 1871 e 1956, e que foram publicadas nas páginas de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World.

Deixo aqui a síntese de introdução, feita por Rúben Varillas:

A banda desenhada, na sua evolução histórica, viu-se sujeita a um paradoxo digno de figurar nos anais da historiografia artística: chegou à pós-modernidade sem ter passado pela modernidade. No entanto, muito antes da pós-modernidade houve um período de ensaio, busca e experimentação, um momento em que estiveram prestes a abrir-se muitas portas (que afinal acabaram por ficar entreabertas): algo similar ao que noutros meios artísticos se reuniu sob a etiqueta de As Vanguardas. Na banda desenhada, nas mesmas datas em que a pintura, a escultura ou a literatura estavam em plena convulsão criativa, apareceu uma série de artistas dispostos a fazer arte com as vinhetas e a situá-las ao nível artístico desses outros veículos mais sérios, digamos assim.
Foram poucos e ousados. E Lyonel Feininger foi o menos reconhecido (e por consequência menos apreciado). O artista menos autor de banda desenhada, menos prolífico, menos ortodoxo desses primeiros tempos. As escassas pranchas que realizou constituem uma verdadeira aventura visual: nem chegou a um ano. Tempo suficiente, afinal de contas, para demonstrar que os bem sucedidos expressionismo e cubismo que começavam a inundar as telas da Europa também tinham lugar nas páginas dos jornais norte-americanos. Mas, apesar de não ter alcançado o triunfo que merecia pela sua faceta de autor de banda desenhada, Feininger obteve um aceitável reconhecimento como pintor daquelas mesmas correntes de vanguarda que atrás mencionamos.
Curiosamente, ao longo de toda a sua produção pictórica posterior, Feininger manteve muitas das constantes estilísticas que já tinha antecipado na banda desenhada. Nas suas pinturas expressionistas e numerosas xilogravuras encontramos arquitecturas oblíquas, edifícios angulosos e paisagens tão violentamente deformados como os que apareceriam nas páginas de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World.

Feiniger nunca deixou de estar em contacto com a Vanguarda, primeiro graças à sua já referida adscrição estética e artística ao movimento expressionista alemão (e às suas posteriores influências cubistas) e mais tarde com a sua entrada na Bauhaus, sendo o responsável pela oficina de impressão e o único membro da escola que esteve nela desde o início até ao encerramento.
A edição que têm nas mãos é uma homenagem a Feininger e à sua obra, ao seu virtuosismo gráfico, ao seu inteligente emprego da cor e à audácia infinita deste autor eternamente encolhido na sombra do reconhecimento. O trabalho levado a cabo no restauro das páginas de jornal de The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie's World (incluem-se duas pranchas representativas desta série no presente volume) faz-nos redescobrir a obra de Feininger e mostra-no-la com uma nitidez gráfica como nunca antes foi possível vê-la. Graças ao restauro e ao grande formato, ressurgem os mares e condensam-se as nuvens, elevam-se majestosos os edifícios nova-iorquinos nas margens do rio Hudson, recortam-se diáfanos os perfis angulosos das suas personagens sobre os barcos e demais engenhos motorizados que percorrem as páginas. Ressurge, afinal, o talento de um desenhador de histórias aos quadradinhos adiantado para a sua época, um dos que poderiam ter mudado definitivamente a história da banda desenhada.

Esta edição, que terá um preço de venda de € 22, ainda não tem data marcada de distribuição pelas livrarias, mas encomendas podem ser feitas directamente através da página do editor.

20 junho, 2010

Desenhos autografados (13): Kit Carson

Kit Carson

Fábio Civitelli, autor italiano responsável pela parte gráfica das aventuras do ranger Tex Willer, para além de magnífico desenhador, é de uma generosidade imensa, traduzida em simpatia e grandes doses de paciência, conforme demonstrou, uma vez mais, na sua recente passagem pelo FIBDB. Horas e horas a atender pedidos sempre com um sorriso nos lábios. Alguns desses desenhos podem ser observados aqui.
Eu, apesar de apreciar bastante o género western em banda desenhada, confesso algum desconhecimento (por agora…) acerca do universo texiano, o que motivou o descabido pedido que fiz a Fábio: um desenho de Mefisto! Isto porque, conforme me explicou, nunca desenhou uma aventura que entrasse o Mefisto. A minha alternativa foi então um Kit Carson, companheiro de aventuras de Tex. O esboço foi feito a lápis e o desenho final a caneta.


Off-topic: A rubrica de desenhos autografados passará a ser de periodicidade semanal, sempre aos Domingos, palavra de autor!


15 junho, 2010

Os anfitriões do Centenário

Já anteriormente aqui tinha falado do protocolo que permitiu à BD portuguesa associar-se às comemorações do Centenário da República. O ilustrador Richard Câmara foi o artista convidado para redesenhar as célebres personagens “Quim e Manecas” criadas por Stuart Carvalhais, com o propósito delas servirem de anfitriões das comemorações e do próximo Amadora BD. Ora bem, andava eu a navegar pelos intermináveis caminhos da blogosfera, quando precisamente no blogue do Richard, descubro umas imagens dos estudos gráficos realizados na redefinição das personagens e ainda a composição final dos anfitriões.


Ficam então aqui apresentados os novos “Quim e Manecas”:

Quim e Manecas redesenhados

13 junho, 2010

Zona Gráfica

Zona Grafica - vol. I

Uma das novidades do VI FIBDB foi o novo número do projecto Zona!, intitulado de Zona Gráfica. Um ano depois do primeiro Zona – Zona Zero – noto um crescendo de qualidade deste projecto, não só em termos da própria edição mas igualmente de conteúdo. Este novo número da Zona apresenta-se cheio de novidades. Uma edição dividida em dois volumes - a imagem de cima corresponde ao volume I e a ilustração é da autoria de Z!; a imagem de baixo corresponde ao volume II e tem a assinatura de Manuel Alves – por onde se distribuem um total de 158 páginas. Há lugar para pequenas entrevistas com autores, que eu acho particularmente interessante. Temos um aumento do número do número de autores que participam e a publicação de trabalhos mais extensos, em termos de pranchas e outros ainda que anunciam continuação, revelam bem o interesse neste projecto e são a prova que a Zona! veio preencher um espaço que se encontrava vazio.
Como leitor, tenho para mim que a grande mais-valia da Zona! é a descoberta que faço de desenhadores muito talentosos - nesta Zona Gráfica gostei bastante da arte de Joana Afonso e os seus “cotões” e de António Valjean com o seu “Catacumba” - até porque noto que muitos dos trabalhos publicados são pouco ambiciosos em termos de texto. Se por vezes estão muito bem conseguidos em termos de desenho, falham no argumento. Falta-lhes desenvolvimento, estão pejados de monólogos, e invariavelmente conduzem a finais inconclusivos. Enfim, escritores precisam-se!
Mas comparativamente com os anteriores Zona’s - o Zona Gráfica é o quarto número - é notório o crescimento e a maturidade que o projecto Zona! já conseguiu alcançar.
O próximo número está anunciado para o Amadora BD a realizar-se em Outubro próximo.

Até lá, boas leituras!

A Zona Gráfica pode ser adquirida através daqui.

Zona Grafica - vol. II

10 junho, 2010

BDjornal #25

Parecia ter acabado, mas dezoito meses, saiu um novo número do BDjornal. É uma boa notícia. No editorial explica-se que devido às dificuldades que o projecto enfrenta, a periodicidade que era irregular, passa agora a bianual, fazendo coincidir cada nova edição com a realização dos grandes festivais de banda desenhada em Portugal, leia-se Amadora BD e o Festival de BD de Beja. Sendo a alternativa o cancelamento da publicação, parece-me uma opção aceitável, até porque pode aproveitar muito daquilo que os festivais têm para dar, um pouco à semelhança que este número já apresenta: um especial dedicado a Hermann e uma entrevista com Civitelli, dois autores presentes no VI FIBDB.

Mas neste novo número, há outros motivos de interesse. Destaco desde logo a apresentação de novos projectos de BD. O primeiro, de Hugo Teixeira, intitulado de “Mahou Express” que faz honras de capa. Visualmente, a ilustração escolhida é que não se mostrou talvez a melhor das escolhas. Em termos de cor, aquele verde amarelado (ver imagem) certamente que não traduz a intenção do autor em recriar uma floresta luxuriante. Outro projecto dado ao conhecer, através de entrevista e algumas pranchas, é o de Nelson Martins, autor que tive o prazer de conhecer em Beja, e cujo primeiro trabalho “Tout sur les célibataires” será agora lançado no mercado francês pelas Editions Joker.

Gostei igualmente do “Especial Hermann Huppe”, dedicado à obra deste grande autor belga franco-belga. Bastante completo, fazendo inclusive a correspondência para o que se encontra editado em Portugal, com a indicação da data de edição e editora. Pessoalmente gosto destes dossiers. Já anteriormente havia gostado do especial “Western na BD europeia” publicado no BDjornal #24. Outros destaques vão para Civitelli (entrevista), Fernando Bento (biografia e algumas pranchas de "Beau Geste") que foi recentemente homenageado pela CM Moura, através da publicação de um número especial dos Cadernos Moura BD e para obra “El Eternauta” de Oesterheld.