30/08/2025

Lançamento DEVIR: Oshi No Ko - volume 4

 
Por aqui continuo ainda a dar nota das novidades de Agosto da da editora DEVIR que concentrou para o final do mês o lançamento da quase dezena de novos títulos.

Entre eles encontra-se este quarto volume da série OSHI NO KO. Os bastidores, sem muito glamour nem brilho, da indústria do espetáculo japonesa. 

OSHI NO KO 4
Os gémeos Aqua e Ruby estreiam-se enfim no mundo do entretenimento. Ele formou um casal com Akane Kurokawa durante o reality show romântico, mas como ficará a relação entre os participantes quando o programa acaba?!Ruby vai começar as suas atividades oficiais como preparação para a primeira apresentação do seu grupo, B-komachi!!
 
Ficha técnica:
Oshi No Ko - volume 4
De Aka Akasaka e Mengo Yokoyari
Capa mole, dimensões 129x190, p/b, 192 páginas.
ISBN: 9789895597512
PVP: € 9,99
Edição DEVIR

Lançamento DEVIR: Batman de Grant Morrison - volume 2

O universo da DC Comics continua vivo por cá agora sob a chancela da DEVIR. Depois do primeiro volume editado em Junho último, segue-se agora o segundo de seis(!) de BATMAN de Grant Morrison. 

Esta edição contém a história THREE GHOSTS OF BATMAN, onde três misteriosos sósias de Batman desafiam a sua sanidade mental, e inclui também o prelúdio de THE RESSURECTION OF RAS’ S AL GHUL, um dos vilões mais carismáticos e complexos do universo de Batman.

Este volume reúne as histórias publicadas nas revistas BATMAN #664, #665 e #667 a #671, e conta com a participação de desenhadores como Andy Kubert, J.H. Williams II e Tony S. Daniel.

Já disponível nas livrarias nacionais. 

Ficha técnica:
Batman de Grant Morrison - volume 2
De Grant Morrison e outros
Capa dura, formato 18x27, cores, 176 páginas.
ISBN 978-989-559-757-4 
PVP: € 20,00
Editor DEVIR
 

29/08/2025

Vasco Colombo sem palavras!

Hoje nas bancas encontramos o sétimo e último volume da colecção 25 IMAGENS da editora LEVOIR. Uma selecção de narrativas curtas exclusivamente gráficas, que apresentaram desde logo à partida a garantia ao leitor da inexistência de problemas na balonagem. E para fechar, um autor português com um trabalho inédito.

O ilustrador Vasco Colombo assina O CABO DE 2.1012.400 KM, uma história sem palavras, onde o leitor terá que puxar o fio à meada. 

Neste livro, um homem descobre um cabo oculto. Procurando a sua origem, lança-se numa aventura, tão linear quanto enrolada em níveis distintos da sua existência. Uma viagem até ao fim do cabo, que não é senão uma metáfora das muitas relações que o ser humano estabelece na Terra e até mesmo com ela. Há uma razão matemática para o título, cuja pertença múltipla a várias equações revelaria propósitos diversos. 

A 30 de Agosto, às 18,30h, Vasco Colombo vai estar presente na Feira do Livro do Porto, Pavilhão 17/ Gatafunho, para apresentação e sessão de autógrafos e também na Festa do Livro de Belém (Jardins do Palácio de Belém) a 7 de Setembro às 18h.

Ficha técnica:
O Cabo de 2.102.400 km
De Vasco Colombo
Colecção 25 Imagens – volume 7 
Capa dura, 190x265, p/b, 32 páginas.
PVP: € 15,90
Edição LEVOIR 

28/08/2025

Lançamento DEVIR: Coletânea The Walking Dead - Livro 6

Dos Estados Unidos chega-nos o novo lançamento deste mês da editora DEVIR.
 
Já na sua recta final, a coletânea THE WALKING DEAD recebe agora o sexto volume dos oito previstos para a colecção ficar finalmente e integralmente publicada em português. Confesso que adoro esta série. Estava com uma esperança de uma exposição de originais no Amadora BD mas não vai acontecer. Ficamos com os livros e em complemento com as séries televisivas.
 
Este novo volume reúne os capítulos 21 a 24 da saga original. 
 
Fica a partir de amanhã disponível nas livrarias nacionais.
 
Ficha técnica:
Coletânea The Walking Dead - Livro 6 (reúne vols. 21 a 24)
De Robert Kirkman e ilustração de Charlie Adlard e Cliff Rathburn
Capa mole, dimensões 171x256, p/b, 560 páginas.
ISBN: 978-989-559-734-5
PVP: € 39,99
Edição DEVIR
 

27/08/2025

Lançamento DEVIR: Boa Noite, Punpun - volume 4

Já há alguns meses que não tínhamos noticias de Onodera Punpun, mas incluído no lote de lançamentos de Agosto da editora DEVIR, encontramos finalmente o quarto volume da série BOA NOITE, PUNPUN

Os problemas existenciais e de crescimento de um adolescente cuja infância é marcada por sonhos e traumas, e que no traço perfeccionista e realista de Inio Asano é propositadamente retratado com uma cabeça de pássaro.  

BOA NOITE, PUNPUN 4
Punpun fica sozinho depois da morte da mãe. O pai, que reaparece passados anos, não lhe serve para nada! Teimosamente isolado, passa o tempo fechado no quarto até que encontra Sachi, uma mulher como nunca tinha conhecido. 

Obra em pré-venda no sitio da editora e disponível nas livrarias a partir da próxima quinta-feira.

Ficha técnica:
Boa Noite, Punpun - volume 4
De Inio Asano
Capa mole, formato 15x21 cm, p/b, 448 páginas.
ISBN: 9789895597338
PVP: € 20,00
Edição DEVIR
 

O que se pode revelar sobre a nova e muito esperada aventura na Lusitânia?

26/08/2025

Novo volume da colecção Angoulême: O Caderno Azul | Depois da chuva

Num dos meses mais parados do ano eis que chega uma forte remessa de novos lançamentos da DEVIR. Nada mais nada menos que oito(!) novidades, com origens nos três principais mercados editoriais de banda desenhada: Japão, Europa e Estados Unidos, e sobre as quais irei dar aqui nota nos próximos dias. Hoje começo pela novidade franco-belga.

Trata-se de mais um volume da colecção Angoulême. A escolha recaiu agora sobre o duplo O CADERNO AZUL / DEPOIS DA CHUVA, histórias intimistas, de amor e mistério no traço elegante e detalhado de André Juillard, autor francês infelizmente falecido em Julho do ano passado. 

O CADERNO AZUL  |  DEPOIS DA CHUVA
Louise sai do banho nua e, sem se aperceber, é vista pela janela por Armand, que a observa de dentro de uma carruagem de metro parada. Inicia-se, assim, um jogo de sedução entre dois estranhos, apesar de Louise não parecer imediatamente convencida. O romance desenrola-se na cidade de Paris, cuja arquitetura e principais ruas são representadas de forma clara e sensível. O Caderno Azul é complementado com Depois da Chuva, outra história inesperada e envolvente de amor e mistério, que nos absorve até às páginas finais deste livro. 
 
Obra em pré-venda no sitio da editora e disponível nas livrarias a partir da próxima quinta-feira.
 
Ficha técnica:
O Caderno Azul / Depois da chuva
De André Juillard
Capa dura, 17x24, cores, 144 páginas.
ISBN: 978-989-559-737-6
PVP: € 22,00
Editor DEVIR
 

25/08/2025

Lançamento DISTRITO MANGA: Edens Zero - volume 7

O mercado editorial continua, em geral, ainda em modo “descanso” motivo pela qual não tem existido muitos lançamentos a reportar. Nada de extraordinário porque historicamente é assim mesmo. Mas aproximando-se o final do mês e nota-se algumas movimentações, e a DISTRITO MANGA tem duas novidades esta semana. A primeira delas, que chega hoje às livrarias, é a continuação da grande aventura espacial e interdimensional de Shike e dos sues companheiros, com o sétimo volume da série EDENS ZERO.
 
Que aventuras estão reservadas para a tripulação neste volume?
 
EDENS ZERO 7
Shiki e a sua tripulação chegaram ao planeta Sun Jewel em busca de Valkyrie. Ao aterrarem, encontram um lugar aparentemente pacífico, mas Shiki e Homura descobrem em primeira mão que isso se deve ao reinado tirânico da Madame Kurenai… Entretanto, Laviria estende a mão a Rebecca com uma colaboração que pode quebrar o B-Cube! Como será que tudo se vai desenrolar?
 
Ficha técnica:
Edens Zero – volume 7
De Hiro Mashima
Capa mole, dimensões 126x188mm, p/b, 192 páginas.
ISBN 9789897878602
PVP: € 10,95
Chancela DISTRITO MANGA 
 

22/08/2025

Lançamento EDITORIAL PRESENÇA: O Verão em que Hikaru Morreu – volume 1

Já devo ter escrito isto aqui algumas vezes, mas confirma-se que a EDITORIAL PRESENÇA está com uma aposta forte, através da sua chancela criada para o efeito – Presença Comics - na edição de banda desenhada, e a mais recente prova disso é este novo lançamento, O VERÃO EM QUE O HIKARU MORREU, que marca o início de uma nova série.
 
Trata-se do primeiro volume de uma obra de drama que inclui elementos sobrenaturais, que explora uma relação de amizade e desejo entre dois adolescentes, da responsabilidade do autor japonês Mokumokuren. 
 
Um verão inesquecível, uma transformação inexplicável e uma amizade posta à prova. O que fazer perante um mistério que desafia a lógica? O que aconteceu ao verdadeiro Hikaru?
 
O VERÃO EM QUE O HIKARU MORREU
Tem o rosto do Hikaru, a voz do Hikaru e até as memórias do Hikaru. No entanto, quem desceu das montanhas, há seis meses, não foi o Hikaru, o melhor amigo do Yoshiki. Quem quer que seja é perigoso. Continuar na escola, a fingir que nada aconteceu, como se o Hikaru ainda ali estivesse… seria uma loucura. É impossível não questionar: quem é este ser que tomou o lugar do melhor amigo do Yoshiki?
 
Ficha técnica:
O Verão em que Hikaru Morreu – volume 1
De Mokumokuren
Capa mole, dimensões 210x145, p/b, 184 páginas.
ISBN 9789722377065
PVP: € 11,90
Edição EDITORIAL PRESENÇA
 

18/08/2025

Mais aventuras de Ideiafix e dos seus Irredutíveis!

Enquanto os irredutíveis gauleses não chegam a terras lusitanas, apesar das noticias dar conta que já se encontram a caminho, a editora ASA acaba de lançar o sexto volume das aventuras de IDEIAFIX e e dos seus Irredutíveis nas ruas de Lutécia. É o aproveitar da ideia de René Goscinny e Albert Uderzo para o lançamento de uma série para televisão em desenhos animados que mostrava Ideiafix a liderar um grupo de resistência antes de ser encontrado por Astérix e Obélix durante a sua volta à Gália.  A ideia acabou por vingar na televisão e também em álbum, ou melhor, em pequenos álbuns.

Cada volume reúne várias histórias. Na verdade são pequenos contos, reunidos em pequenos volumes destinados porventura a pequenos leitores, não deixando igualmente de agradar a leitores de Asterix. Pessoalmente, só lamento mesmo o formato de edição original adoptado que teve naturalmente a sua réplica por cá, e que em nada beneficia a bd em si.

Neste sexto volume intitulado A FLORESTA LUZ, encontram-se reunidas as seguintes histórias:
- A Floresta Luz
- Migalhas e Jogos
- O regresso da borracha
 
Ficha técnica:
Ideiafix e os Irredutíveis vol. 6 - A Floresta Luz
De Matthieu Choquet e Jean Bastide
Capa mole, dimensões 16x20, cores, 72 páginas.
ISBN: 9789892365800
PVP: € 9,90
Editor: EDIÇÕES ASA

17/08/2025

Com sabor gótico-vitoriano

 Tales From Nevermore

 


Devo confessar que dizer que sou pouco adepto do género “Terror” é manter na incerteza o que o advérbio realmente significa para mim nesta circunstância. Dizer que sou pouco é muito pouco.

 

Para mim, claro está, o “Terror” é quase pornográfico no sentido que é sempre a mesma coisa com umas quantas variações que permitem afirmar diferenças. Parece que o objectivo, ao invés do excitar, é assustar, criando aqui e ali uma sensação de desconforto e de pânico.

 

Claro que me vão falar do Saw e da inventividade daquelas maquinetas de decepar, triturar, cegar e sufocar. É verdade! São muito bem pensadas. E…?! Ou talvez me lembrem da saga do Pesadelo em Elm Street e do assassino que aparece em sonhos e que os transporta para a vida real, Freddy Krueger. Ou do Sexta-Feira 13 ou da Freira ou… ou… ou… Lamento, mas na base, para mim são todos iguais, tendo apenas o objectivo de assustar ou provocar o grito.

 

Talvez resida aqui, no grito, a minha nenhuma afinidade com o género. É que tinha uma amiga que ia ao cinema com o meu grupo da adolescência. Não só gritava desalmadamente à mínima cena “de susto”, como se agarrava repentinamente a quem estivesse ao seu lado. Conseguia sempre assustar mais do que o próprio filme. E eu, talvez tenha ficado traumatizado, sendo que a terapia nesta fase já vem tarde.

 

E, no entanto, há obras que são classificadas como sendo de terror e conseguem ultrapassar o género literário. É o caso de Drácula, o romance epistolar de Bram Stoker, ou o Frankenstein de Mary Shelly, A Queda da Casa de Usher de Edgar Allan Poe, o Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson. Curiosamente, todas elas se inserem no movimento gótico do século XIX e todas parecem ter um sabor vitoriano, embora a obra de Shelly anteceda a subida de Vitória Eugénia ao trono britânico. Mas também uma criação mais moderna como é Hellboy de Mike Mignola ultrapassa a classificação de terror que lhe foi atribuída e é mais uma magnífica série de aventuras repleta de monstros e demónios que têm o destino do mundo nas mãos. Curiosamente, um dos spin-off da série, Sir Edward Grey, mergulha também num ambiente gótico e vitoriano, sendo o personagem central um investigador do paranormal.

 

Falar destas obras e não mencionar O Corvo, também de Allan Poe, seria uma injustiça. Até porque é um corvo, o Vincent, que mais que um narrador, é o guia que nos leva pelos seis contos que compõem Tales From Nevermore, a obra da autoria de Pedro N. e de Manuel Monteiro que a Ala dos Livros publicou recentemente.

 

Sem gritos ou sustos…

 

 

Vamos às histórias!

 

Como já se disse, são seis histórias curtas que nos são apresentadas ao jeito de antologia pela dupla Manuel Monteiro e Pedro N. Na verdade, a dupla assina os contos 2, 4 e 6, sendo que o argumento está a cargo de Manuel Monteiro e o desenho é da lavra de Pedro N. Já os contos 1, 3 e 5 são da inteira autoria de Pedro N. que alia o talento artístico ao da escrita.

 

Não irei, desta vez, fazer um qualquer pequeno resumo de cada uma das histórias pois seria a melhor maneira de estragar o efeito que provocarão no leitor. Por outro lado, posso e vou salientar aquilo que torna esta obra em algo coeso e bem orquestrado.

 

Desde logo, as diferenças narrativas entre os dois autores são óbvias. Enquanto sou tentado a classificar as diferentes narrativas de Pedro Nascimento como estando mais próximas do estilo do terror gótico-vitoriano, já as de Manuel Monteiro inserem-se num estilo mais directo e contemporâneo. E de nenhuma forma afirmo isto no sentido de crítica negativa. Antes pelo contrário. O leitor tem assim duas vozes distintas, num mesmo livro, a contar-lhe diferentes histórias. De algum modo, saímos enriquecidos desta leitura. Ainda para mais porque, de forma inteligente, as histórias surgem intercaladas em termos de autoria, o que permite experimentar diferentes cadências narrativas.

 

Por outro lado, não esperem ver em Tales From Nevermore o gore ou splatter tão apreciado em certos filmes de terror. Aqui, quando há sangue ou mutilações é porque são “necessárias” à progressão narrativa. E, mesmo assim, em termos gráficos nem sempre são explícitas, recorrendo-se ao contraluz ou a sequências gráficas quase abstractas, como acontece respectivamente no conto Lisandra e em A True Angel.

 


Outro elemento de coesão da obra é o facto de todos os contos terem o chamado twist ou reviravolta final. E no caso de Tales From Nevermore, a reviravolta é mesmo final. Desengane-se o leitor se pensa que as histórias parecem resolvidas a algumas pranchas do fim. O melhor é aguardar pela reviravolta da reviravolta – sempre inventiva e desconcertante.

 

Por fim, o elemento de coesão mais evidente é o elo de ligação entre os contos – o corvo Vincent. É ele o nosso anfitrião no cemitério de Nevermore, levando-nos de campa em campa, passando por jazigos e mausoléus, dando voz àqueles que estão aí sepultados e às suas histórias. E se imaginarmos a voz e a dicção de Vincent, só o podemos fazer trazendo à lembrança Vincent Price. Já agora, num breve aparte, este corvo Vincent que lembra o “Raven” de Edgar Allan Poe que crocita incessantemente “nevermore”, remete-nos também para S. Vicente, padroeiro de Lisboa que teve a embarcação que trouxe o seu corpo para a capital acompanhada por dois corvos. E ainda para o bem conhecido herói português de banda desenhada O Corvo que tem como alter-ego, precisamente, Vicente.

 

O interessante nos momentos em que surge Vincent, no começo e fim de cada conto, é que não só estabelece o tom da narrativa como nos oferece uma certa moral justificadora das acções.

 

Em termos dos argumentos, é notório que os dois autores tiveram o cuidado de criar uma ambiência que passa de conto para conto. E tal não é coisa pouca, pois cada história não podia ser mais diferente da anterior. E, no entanto, o leitor sente aquela estranha unidade, a tal coesão que nos permite regressar a Nevermore em busca de mais narrativas.

 

Quanto à arte realista de Pedro N., em vários momentos lembra aquele traço detalhado dos ilustradores do século XIX que sombreavam e davam texturas através de diferentes tramas de traços. Esta técnica não só dá ao leitor a percepção de pormenor intrincado como, de igual modo, proporciona uma experiência visual que nos remete para a ilustração oitocentista – da qual um dos expoentes máximos foi Gustave Doré.

 

Particularmente bem conseguidas estão as cenas cuja composição é mais complexa. E é aqui que Pedro N. melhor mostra o domínio das sombras e das tramas, como se pode verificar na imagem seguinte retirada do conto A True Angel.

 


Mas as melhores pranchas (nem todas) estão reservadas para Vincent e é nelas que Pedro N. mostra o melhor da sua arte. Arte que casa na perfeição com o discurso directo de Vincent para com o leitor, criando um ambiente intimista e, por isso, envolvente. Nas páginas de Vincent, o leitor sabe sempre que vai participar de algo e, inclusive, que vai ser julgado pela leitura que faz de cada conto.

 

Uma nota ainda para as homenagens (penso que o são) que Pedro N. presta a dois artistas gráficos contemporâneos: Frank Miller e Georges Bess. Do primeiro, autor sobejamente conhecido de Daredevil, O Regresso do Cavaleiro das Trevas, Sin City e 300, Pedro N. adopta o seu traço nervoso para criar o frontispício do conto Lisandra. Do segundo, autor conhecido em Portugal pelas obras Drácula, Frankenstein e O Corcunda de Notre-Dame, Pedro N. utiliza o seu tipo de traço e composição usado em Drácula para criar o frontispício de Family Ties.

 

Em resumo, Tales From Nevermore tem potencial de série e ambiência num género muito popular, o terror. Os seis contos estão escritos de forma inteligente e oferecem-nos sempre uma reviravolta sucedida por uma derradeira reviravolta. O traço de Pedro N., para além de eficaz, é realista e detalhado.

 

A edição da Ala dos Livros, como é hábito da editora, é muito cuidada. A capa é efectuada com um cortante central que cria o efeito de moldura. Para além disso, tem gravação a seco em alto relevo na tela preta. O efeito é o de um grimório ou de um livro que se mandou encadernar como peça única. O pormenor do fitilho negro também ajuda ao efeito.

 

Uma boa estreia da dupla Manuel Monteiro e Pedro Nascimento… com sabor gótico-vitoriano.

 

Por Francisco Lyon de Castro. 

 

 



14/08/2025

«A vida é como um jogo de xadrez»

Num mês que pouco ou nada se espera em termos de grandes novidades, e porque já se sabe que o último quadrimestre é estatisticamente o mais forte do ano, há sinais que nem todas as editoras foram de férias. E uma destas é a ALA DOS LIVROS, que anunciou oito(?) novidades para este segundo semestre, e abre já com o lançamento do álbum PEÇAS do espanhol Víctor L. Pinel. 

Trata-se de um álbum que fala sobre sobre encontros e desencontros, como as nossas acções e decisões, por mais pequenas que sejam, afectam todos os que nos rodeiam. O autor faz mesmo uma analogia entre as suas personagens e as peças do jogo de xadrez. «A vida é como um jogo de xadrez. Fácil de aprender, divertido de jogar, difícil de ganhar… impossível de controlar!»

O álbum encontra-se já em pré-venda na loja da editora. 

PEÇAS 
As portas de um eléctrico abrem-se e um jovem vislumbra uma mulher que nunca mais voltará a ver, mas pela qual se apaixona. É este o ponto de ponto de partida desta obra em que os protagonistas, todos com relações pessoais falhadas, são como peças num jogo de xadrez. Os peões perguntam-se se não estará na altura de sacrificar uma peça para continuarem a avançar. Os bispos cruzam-se sem nunca se encontrarem verdadeiramente. O cavalo, livre, capaz de saltar por cima das outras peças, mas vulnerável porque, por mais esquivo que seja, um cavalo pode ser apanhado por um simples peão. Todos avançam, confrontam-se, movimentam-se nas suas vidas como num tabuleiro de xadrez. Estão todos ligados sem o saberem e prestes a jogarem um jogo que irá mudar as suas vidas.
 
Ficha técnica:
PEÇAS
Argumento e Desenho de Víctor L. Pinel
Cartonado, 285 x 210 mm, cores, 176 páginas.
ISBN: 978-989-9108-70-7
PVP: € 27,50
Editor ALA DOS LIVROS

11/08/2025

A leitura de HOKA HEY!

Entre as obras que até agora se destacam no nosso mercado, HOKA HEY! - na magnifica edição portuguesa da ASA - impõe-se como uma daquelas leituras de leitura obrigatória. Logo à primeira vista, salta o grande formato de edição, de generosas medidas, papel de qualidade, porque o traço e a cor do desenho assim o merecem. A imagem na capa, de um índio a cavalo de arma na mão, pode sugerir um western clássico, mas na verdade a obra remete-nos mais para um pós-western.

Estamos em finais do século XIX e o Oeste americano encontra-se conquistado, e o que resta são cicatrizes profundas. As derradeiras tribos nativas, vencidas, encontram-se confinadas às reservas e submetidas a políticas de aculturação. As crianças nativas, separadas à força das suas famílias, são reeducadas segundo os padrões euro-americanos. É nesse cenário de perda, mas também de resistência que o francês Neyef conta-nos uma história de vingança, que é, ao mesmo tempo, de descoberta e de libertação.

No seu estilo gráfico, o autor combina um traço que cruza realismo com uma certa estilização, no qual acrescenta um belíssimo trabalho de cor, criando assim um álbum com uma identidade visual própria. 

A narrativa acompanha um pequeno grupo de índios renegados e um irlandês com um passado doloroso. Pelo caminho resgatam Georges, um jovem Lakota arrancado à sua tribo e reeducado como branco, que se vê dividido entre a sua condição e a vontade de se descobrir ao lado dos seus novos companheiros. É este improvável quarteto, composto por personagens fortes que nos cativam, com quem cavalgamos em frente numa viagem sem retorno e com um final inevitável. São as conversas entre estas personagens, nas quais se cruzam memórias, confissões e silêncios, que servem de fio condutor, enquanto avançamos pelos cenários melancólicos das belas paisagens das pradarias e florestas americanas. O ritmo é pausado até a narrativa explodir com vários momentos de violência crua, onde cada gesto tem uma consequência.

HOKA HEY! é de leitura bela e intensa até ao seu final. Neyef entrega-nos uma obra equilibrada, onde a dureza dos factos históricos que nos recorda a responsabilidade do opressor, se mistura com a beleza implacável da paisagem, e onde personagens feridas encontram - ou perdem para sempre - a sua redenção. Sem dúvida que o autor, até agora inédito por cá, tem aqui um excelente cartão de visita para conhecer o seu trabalho. Cinco estrelas. Sem hesitar. 

A minha avaliação:


 

09/08/2025

Lançamento BOOKSMILE: Hooky - volume 4

A banda desenhada destinada a um público infanto-juvenil continua em grande este ano no nosso mercado, destacando-se mesmo com uma das categorias com maior peso no total da oferta nacional. A aposta vem sobretudo das chancelas dos grandes grupos editoriais e também de pequenas editoras que começam agora a entrar.

A Penguin Livros é um destes grandes grupos, e através da sua BOOKSMILE tem editado a colecção HOOKY, da catalã Míriam Bonastre Tur. Trata-se de uma série de aventuras que envolve magia, dragões e outras criaturas fantásticas. Começou como um webtoon e o elevado sucesso levou inevitavelmente ao livro físico. O terceiro volume foi editado em Junho passado e o quarto volume acaba de chegar agora às nossas livrarias. 

HOOKY 4
À procura do Príncipe William, Dani e Dorian estão prestes a enfrentar perigos terríveis. Dani, acompanhada por Mark, Nico e a Princesa Aisha, vai deparar-se com sereias aterradoras. E Dorian, com Monica, junta-se a Damien, o seu irmão que os abandonou em criança por razões misteriosas… Conseguirão os nossos heróis superar esta missão, quando os seus próprios pais parecem mais decididos do que nunca a impedi-los?
 
Ficha técnica:
HOOKY - volume 4
De Míriam Bonastre Tur
Capa mole, dimensões 150x230mm, cores, 192 páginas.
ISBN 9789895839001
PVP: € 16,65
Chancela BOOKSMILE