27 fevereiro, 2009

Fort Wheeling

Numa passagem recente por uma feira do livro, adquiri a um “preço simpático” os dois tomos de “Fort Wheeling” da autoria de Hugo Pratt. O autor revela em obras como “Fort Wheeling” uma versatilidade em termos temáticos, por vezes, esquecida ou absorvida pelo enorme sucesso que Corto Maltese alcançou. Nesta aventura, a acção remete-nos para uma América de colonos, na segunda metade do século XVIII, nos inícios da Guerra da Independência Americana, centrando-se a história na relação de amizade estabelecida entre dois jovens, Criss Kenton, um filho de colonos americanos e Patrick Fitzgerald, um aristocrata inglês emigrado, que se conhecem nos exércitos coloniais da coroa inglesa que combatiam as tribos índias, e que mais tarde durante a guerra da independência se vão encontrar em campos opostos do conflito. A riqueza visual desta banda desenhada é dada pelas pranchas originais a preto e branco, que permitem, sobretudo no primeiro volume, apreciar o desenho simples de Pratt que beneficia de um jogo de sombras pouco dado a pormenores mas bastante eficaz. Tendo como fundo acontecimentos verídicos, a mistura de personagens reais (Lew Wetzel, Daniel Boone entre outros) e de ficção, sugere um trabalho aprofundado de pesquisa e de recolha de elementos por parte do autor italiano, que se vê expresso na densidade, variedade e riqueza da vasta galeria de personagens intervenientes na história, e que ajudam o leitor a perceber os ódios e as tensões latentes que culminaram na revolta dos índios contra os colonos, dos colonos contra os ingleses, dos ingleses contra os franceses. Apesar da obra valer pelo seu todo, até pelo seu conteúdo histórico, o 1º volume encontra-se bastante mais conseguido do que o segundo. A própria estrutura narrativa seguida no primeiro volume não é mantida no segundo, e nota-se claramente que o desenho na parte final da história apresenta-se tosco, sem o rigor e vigor do traço inicial. Também a conclusão final da própria história pareceu-me algo insípida… mesmo inconclusiva, talvez a merecer um melhor desfecho. Apesar de tudo, trata-se de uma boa bd de Hugo Pratt que merece uma leitura, não só pelos valores que transmite mas também pela particularidade de simultaneamente versar sobre um período histórico, que foi a guerra da independência dos Estados Unidos. Fort Wheeling
Autor(es): Hugo PRATT, desenho e argumento Tomo 1 e 2, Preto e Branco, Capa Dura Editora Asa, 1ª Edição de Novembro de 2002 A minha nota:

BD no Cinema: Wolverine


15 fevereiro, 2009

VII Troféus Central Comics

Já teve inicio os VII Troféus Central Comics. Aberta a todos quantos queiram participar, a votação que pode ser feita através deste link, decorre até ao próximo dia 10 de Março e visa escolher o que melhor se fez em banda desenhada durante todo o ano de 2008. Num total de 12 categorias distintas, os leitores poderão votar para a Melhor Editora, Publicação Nacional, Publicação Estrangeira, Publicação Cartoon, Desenho Nacional, Desenho Estrangeiro, Argumento Nacional, Argumento Estrangeiro, Publicação Técnica, Melhor Fanzine, Melhor Obra Curta e Melhor Projecto em BD.

Uma iniciativa bedéfila bastante meritória, porque apresenta duas grandes características que a tornam única: primeiro porque considera a concurso, sem quaisquer condicionalismos, toda a produção de BD feita em Portugal durante um ano inteiro e segundo porque os vencedores são escolhidos por voto popular.

Os finalistas a concurso em cada uma das categorias são os seguintes:

Melhor Editora
Asa Edições
BDmania
Chili Com Carne
Gradiva
Público/Asa Edições
Vitamina BD


Melhor Publicação Nacional
Camões, de vocês não conhecido nem sonhado? (Plátano)
O Futuro tem 100 anos (Bizâncio)
O Menino Triste – A Essência (Qual Albatroz)
Terra Incógnita – A Metrópole Feérica (Tinta da China)
Vencer os Medos (Assírio & Alvim)
Venham+5 v5 (Bedeteca de Beja)


Melhor Publicação Estrangeira
Fábula de Bagdad (BDmania)
O Principezinho (Presença)
Silver Surfer – Requiem (BDmania)
Sonno Elefante – As paredes têm ouvidos (Campo das Letras)
Universal War One – O Dilúvio (Vitamina BD)
Wanted (BDmania)


Melhor Publicação Cartoon
Cartoons do Ano 2007 (Assírio & Alvim)
Geração Lasca, BC – 50 Anos de Tiras de Johnny Hart (Bonecos Rebeldes)
Grimmy – Cão Fedorento (Gradiva)
Hägar, o Horrendo – Um Viking de Sorriso Inofensivo e Feliz (Librimprensa)
Mutts – Shim! (Devir)
Pérolas a Porcos – Os Sopratos (Bizâncio)


Melhor Desenho Nacional
Jorge Mateus (O Futuro tem 100 Anos)
Jorge Miguel (Camões, de vocês não Conhecido nem Sonhado?)
Luís Henriques (Terra Incógnita – A Metrópole Feérica)
Marco Mendes (Tomorrow the Chinese will deliver the Pandas)
Ricardo Ferrand (Venham+5 v5)
Susa Monteiro (Vencer os Medos)


Melhor Desenho Estrangeiro
Esad Ribic (Silver Surfer – Requiem)
John Cassaday (Astonishing X-Men – O Regresso)
Kim Jae-Hawn (Warcraft – Trilogia do Poço do Sol v1)
Mike Mignola (Hellboy – O Verme Conquistador)
Niko Henrichon (Fábula de Bagdad)
Xúlio Das Pastoras (Castaka – Dayal, o Primeiro Antepassado)


Melhor Argumento Nacional
João Paulo Cotrim (Vencer os Medos)
Jorge Miguel (Camões, de vocês não conhecido nem sonhado?)
José Carlos Fernandes (Terra Incógnita – A Metrópole Feérica)
Marco Mendes (Tomorrow the Chinese will deliver the Pandas)
Marcos Farrajota (Noitadas, Deprês e Bubas)
Ricardo Ferrand (Venham+5 v5)


Melhor Argumento Estrangeiro
Alessandro Jodorowsky (Castaka – Dayal, o Primeiro Antepassado)
Brian K. Vaughan (Fábula de Bagdad)
Denis Bajram (Universal War One – O Dilúvio)
Joe M. Strazinksky (Silver Surfer – Requiem)
Johann Sfar (O Principezinho)
Mark Millar (Wanted)


Melhor Publicação Técnica
10º Porto Cartoon World Festival – Direitos Humanos (Afrontamento)
Arte Digital – Técnicas de Ilustração Digital (FCA)
BDjornal (Pedranocharco)
Catálogo 19º Festival Internacional BD da Amadora (CNBDI)
João Abel Manta – Caprichos e Desastres (Assírio & Alvim)
World Press Cartoon 2008 (World Press Cartoon)


Melhor Fanzine
Cabeça de Ferro (Imprensa Canalha)
Colecção Toupeira 04 – A Carga (Bedeteca de Beja)
Efeméride 03 – Super-Homem no séc.XXI (Geraldes Lino)
Gambuzine v.2 01 (Teresa Câmara Pestana)
Murmúrios das Profundezas (R’lyeh Dreams)
The Trute is Aute Der (Dr.Makete)


Melhor Obra Curta
A Luta Continua (Marco Mendes, Efeméride 03)
Analepse (Filipe Pina e Filipe Andrade; Venham+5 v5)
Cansado (Ricardo Cabral, Efeméride 03)
O Dia que o Mundo Acabou (José Lopes; 4 Salas, 4 Filmes)
Rádio Medo (Kike Benlloch e Paulo Monteiro; Venham+5 v5)
Super-Carlos (Ken Nimura; Venham+5 v5)


Melhor Projecto em BD
Evento Furacão Mitra, coord. Chili Com Carne e Imprensa Canalha
Exposição Dave McKean – 4º Festival Internacional BD de Beja
Plano editorial de publicações Mangá, pela Asa Edições
Projecto BD de Fresco – Aldeia das Amoreiras, coord. Sara Serrão
Projecto Murmúrios das Profundezas, coord. Rui Ramos
Workshop Construção de Action Figures – 4º FIBDB, cood. Filipe Messias



Ainda que bastante positiva, esta iniciativa não está imune a criticas, e como tal, não posso deixar de fazer as seguintes considerações:

Começo então pela obrigação que exige a votação em pelo menos 75% das categorias, ou seja, em 9 das 12 a concurso. Atendendo ao que está me causa – que vai desde do melhor álbum até ao melhor projecto de BD – acho muito difícil existir alguém que com conhecimento de causa possa votar de forma esclarecida em todas as categorias. Tomando-me a mim como exemplo, até porque me considero uma pessoa atenta ao fenómeno bedefilo em Portugal, digo já que não consigo escolher ninguém nas categorias de “Publicação Cartoon”, “Publicação Técnica”, “Melhor Fanzine”, “Melhor Obra Curta” e “Melhor Projecto em BD”. Isso acontece ou por falta de interesse nestas temáticas (cartoon) ou por desconhecimento das obras (fanzines e curtas) ou ainda porque os géneros aqui incluídos não fazem parte das minhas listas de compras (técnicas). É preciso lembrar que algumas destas categorias tem uma natureza marginal, são de distribuição limitada em meios fechados, sendo portanto de difícil conhecimento do público em geral. Relativamente ao “melhor projecto de bd”, das iniciativas que vão a votos, apenas tive contacto com uma, o que se mostra bastante redutor na altura de escolher, uma vez que não tenho qualquer base de comparação. Assim, votar nestas condições, não valoriza o vencedor, porque não se trata efectivamente de votar no melhor projecto, mas sim naquele que porventura ouvimos falar ou travamos conhecimento.

Resumindo, faço as contas, quem de 12 tira 5, sobram-me 7 categorias para me prenunciar. Portanto não cumpro com os requisitos mínimos para participar.

Relativamente às escolhas do júri, deixo também aqui algumas observações pessoais:

  • Melhor editora
Só compreendo a inclusão das editoras “Gradiva” e “Chili com Carne” na final-list para “encher”, até porque não encontro qualquer edição bedéfila de relevo feita em 2008 por estas editoras de bd(!).

  • Melhor publicação estrangeira
Tenho pena que não tenha sido considerado para votação o clássico “Tarzan” de Russ Manning editado pela Bonecos Rebeldes.

  • Melhor desenho estrangeiro
Considerar Xúlio Das Pastoras (Castaka – Dayal, o Primeiro Antepassado) e excluir Gimenez (Casta dos Metabarões) é escolher “gato por lebre”!

  • Melhor projecto de BD
Não considerar a concurso a exposição "BD e ficção científica" do FIBDA’2008, que incluía pranchas de originais de “Flash Gordon” nunca antes vistas em público anteriormente, é quase um crime de “lesa-pátria”!

Excluir a iniciativa desenvolvida pelo jornal Público em parceira com a ASA, em editar colecções de BD a preços reduzido, e que durante do ano de 2008, foi só o que mais BD produziu – 40 álbuns publicados, também não fica bem na fotografia!


Posto isso tudo, não deixo no entanto de participar, ainda que de forma indirecta, (não tenciono votar) divulgando aqui publicamente as minhas preferências, nas categorias em que me sinto habilitado a votar:

-Melhor Editora: BDMania
-Publicação Nacional: Camões, de vocês não conhecido nem sonhado? (Plátano)
-Publicação Estrangeira: Fábula de Bagdad (BDmania)
-Desenho Nacional: Camões, de vocês não conhecido nem sonhado? (Plátano)
-Desenho Estrangeiro: Esad Ribic (Silver Surfer – Requiem)
-Argumento Nacional: Jorge Miguel (Camões, de vocês não conhecido nem sonhado?)
-Argumento Estrangeiro: Mark Millar (Wanted)

Boas escolhas!

31 janeiro, 2009

O Fantasma Sempre aos Domingos

Proponho um regresso aos ”clássicos”, para falar aqui do último álbum que li, uma luxuosa edição de 2006, da brasileira Opera Graphica Editora (ver nota no final deste post), que serviu para comemorar o 70º aniversário do Fantasma, a imortal personagem criada por Lee Falk, em 1936.

Com o título de “O Fantasma sempre aos Domingos", este grande álbum, no seu duplo sentido, até porque se apresenta num tamanho nada convencional, ou seja, num formato 27 x 36 cm, reúne pela primeira vez, num registo a preto-e-branco, todas as histórias – num total de sete – escritas por Lee Falk e desenhadas por Ray Moore, que foram publicadas originalmente em tiras de jornais americanos nas suas edições de Domingo, no período compreendido entre Maio de 1939 e Outubro de 1942 e que se encontram ainda inéditas em Portugal.

Logo nas primeiras páginas, no prefácio que antecede as aventuras, podemos ler uma interessante e breve história sobre o nascimento das tiras de jornais nos Estados Unidos, que na década de 30 deu origem à designada Época de Ouro das comics strips americanas, e perceber como uma situação de concorrência entre jornais americanos deu origem a uma grande paixão e também a um grande negócio que é a banda desenhada.

Depois seguem-se cerca de 90 páginas de tiras, com histórias recheadas de acção que se encontram suportadas numa boa construção narrativa, não obstante a sua simplicidade e previsibilidade. Lee Falk aproveita bem todo o ambiente da selva e incorpora bastante bem os elementos nativos de terror e sobrenatural nas aventuras do Fantasma, que se fundem na sua misteriosa personagem, consolidando desta forma a lenda de “O espírito-que-anda” ou do “Homem que nunca morre”, conforme observamos nas histórias “A Liga dos Homens Perdidos” ou “A Deusa do Fogo”. O desenho de Ray Moore, simples e clássico, com recurso sistemático a sombras, e por vezes bastante sugestivo quando se trata de personagens femininas, sempre dotadas de uma enorme sensualidade (ver exemplo na história “O Retorno dos Piratas do Céu”), contribuiu bastante para a definição da atmosfera aventureira que caracteriza as histórias do Fantasma.

Por ordem cronológica refiro aqui os títulos (ressalvo que a tradução destes é brasileira) das aventuras publicadas:

  • “A Liga dos Homens Perdidos” (publicada originalmente entre 28/05/1939 e 15/10/1939)
  • “O Segredo do Coronel Winn” (entre 22/10/1939 e 10/03/1940)
  • “A Deusa do Fogo” (entre 17/03/1940 e 21/07/1940)
  • “O Vagabundo da Praia” (entre 28/07/1940 e 29/12/1940)
  • “Os Sabotadores” (entre 05/01/1941 e 23/02/1941)
  • “O Retorno dos Piratas do Céu” (entre 02/03/1941 e 22/02/1942)
  • e “O Impostor” (entre 01/03/1942 e 11/10/1942)

O único apontamento negativo que deixo sobre esta magnifica edição refere-se à capa do álbum, que exibe uma ilustração menos conseguida do Fantasma acompanhado pelo seu fiel Diabo (ou Capeto, em brasileiro), assinado de um tal de Daniel Ching (ver imagem acima). Claramente que este tosco desenho de capa não se encontra à altura do seu conteúdo do álbum, nem se percebe a opção dos editores por esta solução quando certamente dispunham de centenas de desenhos do Fantasma assinados pelo próprio Ray Moore. Mas trata-se apenas de um pequeno pormenor que em nada afecta a grande qualidade que esta edição se reveste, que constitui um título obrigatório na bedeteca dos admiradores desta notável personagem .

O Fantasma Sempre aos Domingos
Autor(es): Lee Falk (argumento) e Ray Moore (desenho)
Volume único, Preto e Branco, Capa Dura
Editora: Opera Graphica Editora (Brasil), 2006




Sobre a Opera Graphica Editora:
No final do ano passado, esta editora brasileira anunciou o seu fecho, após 10 anos de actividade e mais de 400 títulos publicados, ficando para a posterioridade edições de grandes personagens da BD, para além do Fantasma, como o Príncipe Valente, Batman, Recruta Zero, entre muitos outros.


12 janeiro, 2009

Capas de BD: Barack Obama





















Aproveitando a euforia com a tomada de posse de Barack Obama como 44º presidente dos Estados Unidos, a Marvel decidiu associar-se á festa (leia-se lucrar) e apresentou, não uma mas duas capas variantes da edição n.º 583 do comic “Amazing Spider-Man”, que exibe em primeiro plano o futuro presidente acompanhando pelo Homem-Aranha atrás.

A justificação oficial foi dada por Joe Quesada, editor-chefe da Marvel, que explicou que tal se deveu pelo facto de “Barack Obama ter afirmado que era coleccionador das revistas do Homem-Aranha”, e como tal decidiu que “as duas figuras histórias tinham de se encontrar na revista”. Dito e feito. Numa história intitulada “Spidey Meets the President!", passada em Washington DC, no dia da tomada de posse, o Homem-Aranha impede que um dos seus velhos inimigos interrompa a cerimónia de juramento do 44º presidente norte-americano.

Capa: Amazing Spider-Man 583, formato comic book, Marvel, 14/01/2009

11 janeiro, 2009

75 anos de Flash Gordon

Flash Gordon_1
Continuando no mundo das efemérides, não podia deixar aqui passar o registo dos 75 anos passados sobre o “nascimento” de outra grande personagem do mundo da banda desenhada: Flash Gordon, a imortal criação de Alex Raymond.

Foi a 7 de Janeiro de 1934, que se iniciou, em jornais americanos, a publicação sob a forma de vinhetas, das aventuras de Flash Gordon no planeta Mongo, um mundo povoado por imensa variedade de raças e governado por um ditador implacável, o imperador Ming. A imagem acima reproduz as primeiras vinhetas publicadas, quando o avião onde seguia Flash Gordon acompanhado pela bela Dale Arden, é atingido por um meteorito e despenha-se junto ao laboratório do Dr. Hans Zarkov (um cientista apostado em salvar a Terra, ameaçada que estava por se encontrar na rota de colisão de um misterioso planeta saído da sua órbita), que logo os obriga a entrar num foguetão, rumo ao planeta desconhecido. É assim, numa narrativa rápida e empolgante, que se dá inicio a um mundo de aventuras, onde a frutuosa imaginação de Alex Raymond se funde com o traço fino e elegante da sua arte, dando origem a um fabuloso universo de ficção científica, de cidades fantásticas e estranhas criaturas.

Flash Gordon em Portugal
Flash Gordon chegou a Portugal em 1949, estreando-se nas páginas do n.º 1 da revista “Mundo de Aventuras” com o nome de Roldan, o Temerário. Mais tarde, já na década de 50, seguindo imposições da época, o seu nome foi aportuguesado, surgindo assim o… Capitão Relâmpago. Para além do referido “Mundo de Aventuras”, Flash Gordon foi ainda objecto de publicação em Portugal, através de diversas revistas, nomeadamente nas “Selecções” e na colecção “Flash Gordon” da Agência Portuguesa de Revistas (APR), na revista “Condor Popular” de Aguiar & Dias e ainda no “Jornal do Cuto” e na colecção “As Grandes Aventuras de Flash Gordon”, estas últimas da Portugal Press.

10 janeiro, 2009

80 anos de Tintim

Tintim_1

Foi em 10 de Janeiro de 1929, no suplemento infantil Le Petit XXème do jornal Le Vingtième Siècl, que começou a ser publicadas as aventuras daquele, que é provavelmente uma das mais conhecidas personagens da banda desenhada: Tintim. O seu autor é o belga Georges Remi, mais conhecido pelo acrónimo de Hergé. A imagem acima reproduz as primeiras vinhetas de “Les Aventures de Tintin, reporter du petit Vingtième au pays des Sovietes”, quando um jovem repórter acompanhado pelo seu cão Milu entra num comboio com destino á Rússia soviética. É o inicio de um longo sucesso, que se traduziu na publicação de 23 álbuns originais, onde as aventuras se caracterizam por um registo gráfico de grande rigor e detalhe, por uma antecipação do progresso tecnológico e por se mostrarem um reflexo das grandes convulsões sociais da época. Hergé é um observador atento do mundo que o rodeia, e naturalmente faz repercutir todos os seus valores na personagem que criou.

Tintim em Portugal
Tintim chegou a Portugal em 1936. Foi na revista “O Papagaio”, cujo director era Adolfo Simões Muller, que foram publicados, pela primeira vez, as primeiras histórias coloridas de Tintim. “Tintim na América do Norte” foi a primeira aventura a ser publicada, no n.º 53 em 16 de Abril de 1936. Seguiram-se Os Charutos do Faraó, O Lótus azul, Tintim no Congo, A Orelha Quebrada, A Ilha Negra, O Caranguejo das tenazes de ouro, A Estrela Misteriosa e finalmente O Segredo do Licorne. Mais tarde, partir da década de 80, as aventuras completas de Tintim foram publicadas em álbuns, em português, através de edições da Verbo, Circulo de Leitores e Público.

08 janeiro, 2009

Está encerrado...

Publico_fechado
...o inquérito promovido pelo Público no seu site sobre qual a próxima banda desenhada que os leitores gostariam de ver publicada pelo jornal. Aguardo com alguma curiosidade os resultados!

07 janeiro, 2009

Novidades para 2009 da Vitamina...

Qual crise? Dando um pontapé na crise, a editora VitaminaBD promete para 2009, um ano de cheio de banda desenhada, com novos lançamentos, continuação de séries e ainda a conclusão de cinco colecções. Assim, do que foi possível apurar, até ao final do primeiro trimestre do ano, espera-se a publicação de oito a dez títulos(!), incluindo uma nova série, cujo título permanece ainda no “segredo dos deuses”, que será logo concluída, dado ser composta por apenas por 2 álbuns.

Entre os lançamentos confirmados, encontra-se talvez um dos títulos do ano, que será “As Armas do Meta-Barão” do trio Jodorowsky-Charest-Janjetov. Depois ainda temos o segundo volume de “A Casta dos Metabarões” e ainda dentro deste universo espera-se ainda uma novidade relacionada com o “Incal”….

No que se refere a continuações, encontra-se em aberto o álbum “Assunta" de Hermann, que eventualmente poderá ser lançado em simultâneo com o novo da colecção “A Herança de Bois-Maury”.




Depois seguindo uma prática pouco normal na edição de BD em Portugal, a ‘Vitamina’ prepara-se ainda para concluir cinco colecções, a saber:
  • Universal War One
  • Korrigans
  • O Diabo dos Sete Mares
  • Eu, Vampiro
  • e a tal colecção composta por dois álbuns
A avaliar pela amostra, não faltarão motivos para muitas e boas horas de leitura bedéfila este ano!

Novidades para 2009 da Vitamina...

Qual crise? Dando um pontapé na crise, a editora VitaminaBD promete para 2009, um ano de cheio de banda desenhada, com novos lançamentos, continuação de séries e ainda a conclusão de cinco colecções. Assim, do que foi possível apurar, até ao final do primeiro trimestre do ano, espera-se a publicação de oito a dez títulos(!), incluindo uma nova série, cujo título permanece ainda no “segredo dos deuses”, que será logo concluída, dado ser composta por apenas por 2 álbuns.

Entre os lançamentos confirmados, encontra-se talvez um dos títulos do ano, que será “As Armas do Meta-Barão” do trio Jodorowsky-Charest-Janjetov. Depois ainda temos o segundo volume de “A Casta dos Metabarões” e ainda dentro deste universo espera-se ainda uma novidade relacionada com o “Incal”….

No que se refere a continuações, encontra-se em aberto o álbum “Assunta" de Hermann, que eventualmente poderá ser lançado em simultâneo com o novo da colecção “A Herança de Bois-Maury”.




Depois seguindo uma prática pouco normal na edição de BD em Portugal, a ‘Vitamina’ prepara-se ainda para concluir cinco colecções, a saber:
  • Universal War One
  • Korrigans
  • O Diabo dos Sete Mares
  • Eu, Vampiro
  • e a tal colecção composta por dois álbuns
A avaliar pela amostra, não faltarão motivos para muitas e boas horas de leitura bedéfila este ano!

Desenhos autografados (10): Catwoman

Uma das personagens mais ‘felinas’ no universo da banda desenhada é literalmente Selina Kyle aka Catwoman. E um dos autores que melhor a desenhou foi o canadiano Cameron Stewart, convidado do FIBDA na sua 16º edição, realizada em 2005, conforme se pode observar no desenho da sua autoria que publico hoje. Não há nada melhor do que começar o ano a ver uma cara bonita!

31 dezembro, 2008

O ESTADO DA ARTE EM 2008

Como habitualmente, proponho passar aqui em revista os principais acontecimentos que marcaram o ano bedéfilo que agora termina. Em Portugal, 2008 fica como o "ano da reedição". Fica também marcado por desilusões, confirmações, surpresas e mas também pela crise. Uma crise que se fez sentir em termos de edição. Não disponho de números oficiais, mas na qualidade consumidor de BD, fiquei com a sensação que não se publicou muito e quando se publicou a aposta não passou pelo lançamento de material inédito, ou seja, uma grande percentagem da edição de 2008 foi absorvida com reedições de histórias já anteriormente publicadas. Para esta realidade, contribuiu sem dúvida, a parceria existente entre o jornal Público e a editora ASA, que teve em 2008, o seu ano mais produtivo. Três colecção lançadas - a saber “Grandes Autores de BD”, “Blueberry” e “Blake e Mortimer" - o que perfaz um total de 40 álbuns editados (seis álbuns da colecção B&M tem datas de lançamento para 2009). Este facto, pasme-se, coloca o Público – para quem estas colecções são apenas uma promoção para aumentar as vendas do jornal – como o maior editor de BD do ano em Portugal! Como não há bela sem senão, dos 40 álbuns editados, apenas UM apresentava uma história inédita. A Asa é sem dúvida a desilusão do ano! Na qualidade de maior (tendo em conta o seu catalogo) mas não necessariamente a melhor, refugiou-se na parceria de reedições com o Público e abdicou do lançamento de novidades. Os dedos de uma mão devem servir para contar tudo o que lançou durante um ano inteiro. Verdadeiramente decepcionante. Um ano para esquecer! As confirmações surgem pela VitaminaBD e pela BDMania. Continuam a respeitar os respectivos planos de edição, e se com a primeira podemos a acompanhar séries como “Jeremiah” ou “Universal War”, sem prejuízo do lançamento de outros álbuns, donde destaco, muito naturalmente, o 1º tomo de “A Casta dos Metabarões” (que agrega os três primeiros álbuns da colecção que esta editora se propõe completar), pela BDMania, a aposta tem sido segura e bastante diversificada, tanto ao nível das histórias, como de personagens, com destaque para o catálogo da Marvel. Das restantes editoras portuguesas, a Devir desapareceu e a Gradiva deixou o “Largo Winch“ pendurado, e para não "fugir à regra" apostou nas reedições, desta vez de dois clássicos da BD portuguesa: “Wanya - Escala em Orongo” e “Eternus 9 - Um Filho do Cosmos”. Para finalizar na área da edição, destaco ainda as apostas de novas editoras na edição de BD, como é o caso da Tinta da China no álbum “A Metrópole Feérica” ou da Qual Albatroz que publicou “O Menino Triste: A Essência”. Como nota muito negativa de 2008, fica o afastamento de Manuel Caldas do excelente projecto “Príncipe Valente”, que se propunha editar integramente as aventuras deste personagem em 22 volumes, com uma qualidade nunca antes vista e que se pode comprovar nos seis primeiros volumes da colecção. Uma história mal contada, mas que inevitavelmente, atendendo ao meticuloso trabalho de restauração desenvolvido por este editor, “matou” aquela que quando completa, seria talvez uma das melhores colecções alguma vez publicada em Portugal! Em termos de festivais nacionais, o 19º FIBDA revelou-se como uma das melhores surpresas. Talvez a melhor edição que visitei nos últimos anos. Tendo por base uma escolha feliz do tema do festival – Tecnologia e Ficção Cientifica – apresentou excelentes exposições, com especial destaque para as originais de “Flash Gordon” de Alex Raymond nunca antes exibidos, e pela presença de um variado conjunto de autores que primava pela qualidade, nomes como por exemplo Dave Mckean (que já tinha sido autor convidado no IV Festival de BD de Beja), Esteban Maroto, Zoran Janjetov, Fábio Civitelli entre muitos outros foram autores que passaram pelo FIBDA. Não disponho de números oficiais, mas de acordo com o site da CNBDI, o sucesso traduziu-se numa afluência de público superior a 28.000 visitantes (acréscimo de 5% quando comparado com a edição de 2007), que revela bem como o festival “FIBDA” tem vindo lentamente a evoluir e a afirmar-se. Ficaram criadas expectativas “altas” para o festival do próximo ano! Na blogosfera nacional, nada de relevante a assinalar, mantendo-se estável o número de blogues bedéfilos existentes que são objecto de actualizações regulares. Uma palavra só para o plano internacional, onde sob o signo do Morcego, assistiu-se a uma situação paradoxal: enquanto no cinema, o novo filme do Batman, “O Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan, revelava uma força e uma vitalidade nunca vista anteriormente, assumindo-se como provavelmente um dos melhores filmes de super-heróis de sempre, traduzido em recordes de bilheteira, sendo mesmo o mais rentável de sempre, nos comics a editora americana DC decidiu matar a personagem, numa explosão na narrativa “R.I.P.” no n.º 681 da revista “Batman”. Irónico não? Para finalizar, até porque o texto já vai longo, deixo aqui a minha ”short-list” das edições que considero terem sido as melhores publicadas em Portugal durante o ano de 2008:
  • A Casta dos Metabarões (VitaminaBD)
  • Apache (Público/Asa)
  • Wanted (BDMania)
  • A Fábula de Bagdad (BDMania)
  • Silver Surfer: Requiem (BDMania)
Despeço-me com os votos de um Bom Ano, ou então simplesmente, até amanha!

28 dezembro, 2008

Desenhos autografados (9): John Difool e Metabarão



"John Difool" e "Metabarão"

Zoran Janjetov, autor sérvio, é actualmente um dos melhores desenhadores da BD franco-belga, como aliás foi possível comprovar nas pranchas expostas no último FIBDA, onde foi autor convidado. Ainda que não exista – infelizmente - qualquer trabalho seu editado em Portugal, foi escolhido por Moebius para continuar o seu trabalho no universo “Incal”. Os desenhos autografados de hoje, obtidos no FIBDA, retratam duas personagens desse universo: “John Difool” e “Metabarão”.

Impostos na BD (5)

As tradicionais mensagens de boas festas, actualmente adaptadas à sua nova forma de SMS's, foram o mote escolhido pelo autor português Nuno Saraiva, para numa curta história intitulada “SMS muita fixes”, usar o seu humor 'ácido' (habitual neste autor) com a temática dos "impostos", aproveitando a inovação dos serviços prestados pela Direcção-Geral dos Impostos. As páginas reproduzidas em baixo referem-se à BD “Na terra como no céu” e foram extraídas da revista Tabu n.º 120 de 27 de Dezembro, suplemento do semanário Sol.


24 dezembro, 2008

Imagem do dia: Natal

...que um homem vestido de vermelho vos deposite muitas bd's no sapatinho!

Os votos sinceros de um Feliz Natal!


Imagem do dia: Natal

...que um homem vestido de vermelho vos deposite muitas bd's no sapatinho!

Os votos sinceros de um Feliz Natal!


18 dezembro, 2008

E o próximo herói de BD a ser editado pelo Público é...

Publico_bd-2
...é o público que escolhe aqui. Pois é, o Jornal Público lançou no seu site, um inquérito para os seus leitores escolherem sobre qual gostariam que fosse a próxima BD a ser editada pelo jornal. Não se adiantam grandes pormenores sobre esta iniciativa, apenas apresentadas oito propostas a votação, a saber:

  • Alix
  • XIII
  • Gaston
  • Valerian
  • Ric Hochet
  • Os Passageiros do Vento
  • Marsupilami
  • Decálogo
 
E mais, se não estiver contemplada sua personagem/bd preferida, o leitor pode sempre sugerir outra através do e-mail: ideiasparacoleccoes@publico.pt

Pessoalmente, mantenho algumas reservas se as nossas opiniões contam, mas se contarem o meu voto vai (já foi) para XIII. E porquê?

Porque prefiro que se publique séries já “fechadas”, ou seja, que já tenham terminado e de preferência que a colecção completa caiba num intervalo entre 15 a 20 álbuns, que é tradicionalmente o número onde se situam as colecções do Público. Assim, logo á partida excluo a série "Ric Hochet (com 75 álbuns publicados) porque seria certamente “retalhada”: As séries “Alix” e “Marsupilami” são colecções “abertas”, pelo que a sua continuidade estaria sempre dependente dos humores de editoras e do mercado. As séries “Valerian”, “Passageiros do Vento” e “Decálogo” são colecções “fechadas” mas estão integralmente publicadas em Portugal, pelo qualquer destas colecções não seria nada de novo mas sim mais uma reedição. Restam assim as opções “XIII” e “Gaston” que são as únicas que comprem os requisitos de “fechada” e do “intervalo”. Mas pelo que um dia já escrevi aqui, a minha escolha é óbvia! E qual é a sua escolha, caro leitor?

Impostos na BD (4)

Embora a temática dos “impostos” não seja muito corrente em banda desenhada, quando aparece, é inevitavelmente objecto de uma crítica mordaz. Goscinny, que melhor que ninguém, soube explorar a banda desenhada como arma de critica social inteligente. Quando no seu álbum “Asterix e o Caldeirão” introduz a figura do “colector de impostos”, o resultado é verdadeiramente genial. Numa sequência hilariante, a personagem do "colector" que se caracteriza pelo seu ar sisudo e agarrado à sua pasta, cruza-se com Asterix e Obelix, os diálogos que se estabelecem são verdadeiramente deliciosos. Atente-se que os balões de diálogo do "colector" apresentam-se no formato rectangular e as falas assumem a forma de formulários… mas a “piece de resistance” é na parte final do encontro, quando o “colector” perante a evidência que vai ficar sem os seus sestércios, grita com Asterix para que este.... lhe assine "um recibo"! Verdadeiramente demolidor! Um retrato perfeito da burocracia à qual facilmente associamos a palavra impostos! As vinhetas publicadas em baixo, foram extraídas do álbum “Asterix e o Caldeirão” edição da Meribérica/Liber.