24 agosto, 2009

Séries Incompletas: Storm

Começo por esclarecer os leitores que o texto que se segue não trata da personagem mutante Tempestade (Storm em inglês) da Marvel. Trata-se antes da fantástica banda desenhada de ficção científica, criada pelo autor inglês Don Lawrance, para uma editora holandesa, sobre as aventuras de Storm, um astronauta enviado para investigar uma estranha mancha vermelha existente na superfície do planeta Júpiter, mas que ao ser apanhado no meio de uma tempestade espacial é transportado no tempo, regressando à Terra numa época distante e diferente daquela que conhecia. A civilização ruiu, os oceanos desapareceram e o planeta é agora um mundo hostil. Storm, um terrestre que se caracteriza pela sua coragem e bravura, começa então uma luta pela sobrevivência. Logo na primeira aventura conhece Carrots, uma ruiva que se tornará a sua companheira ao longo da série, e que é sem dúvida uma das ruivas mais sexy’s alguma vez desenhadas para banda desenhada.

Ao longo de 25 anos, não obstante a participação de vários argumentistas ao longo da série, todos os álbuns da colecção até ao n.º 22, foram desenhados por Don Lawrance. A série encontra-se dividida em duas partes:

The Chronicles of the Deep World
1. The Deep World (1978) (argumento de Philip 'Saul' Dunn)
2. The Last Fighter (1979) (argumento de Martin Lodewijk)
3. The People of the Desert (1979) (argumento de Dick Matena)
4. The Green Hell (1980) (argumento de Dick Matena)
5. The Battle for Earth (1980) (argumento de Dick Matena)
6. The Secret of the Nitron Rays (1981) (argumento de Dick Matena)
7. The Legend of Yggdrasil (1981) (argumento de Kelvin Gosnell)
8. City of the Damned (1982) (argumento de Kelvin Gosnell)
9. The Creeping Death (1982) (argumento de Don Lawrence)

The Chronicles of Pandarve (argumento de Martin Lodewijk)
10. The Pirates of Pandarve (1983)
11. The Labyrinth of Death (1983)
12. The Seven of Aromater (1984)
13. The Slayer of Eriban (1985)
14. The Hounds of Marduk (1985)
15. The Living Planet (1986)
16. Vandaahl the Destroyer (1987)
17. The Twisted World (1988)
18. The Robots of Farseid (1990)
19. Return of the Red Prince (1991)
20. The Von Neumann Machine (1993)
21. The Genesis Equation (1995)
22. The Armageddon Traveler (2001)
23. The Navel of the Double God (2007)
24. Marduk's Springs (2009)


“Storm” em Portugal

Quando há uns anos atrás comprei dois álbuns (ver imagem acima) de uma desconhecida editora chamada “Amigos do Livro Editores", desconhecia por completo que eram os únicos que se encontravam editados em Portugal:

1. O Mundo das Profundezas, Amigos do Livro, 1981
2. O Último Campeão, Amigos do Livro, 1981

Apesar de na altura ter ficado “pendurado” na leitura pela não publicação dos restantes álbuns, tive recentemente tive a felicidade de adquirir a colecção brasileira, em formato revista da Editora Abril Jovem, composta por dez números, que inclui a primeira parte da série e a primeira aventura da segunda parte:

Photobucket

1. Destino: o Desconhecido, Abril Jovem, 1989
2. A Última Fronteira, Abril Jovem, 1989
3. O Povo do Deserto, Abril Jovem, 1989
4. A Floresta Infernal, Abril Jovem, 1989
5. A Reconquista da Terra, Abril Jovem, 1990
6. O Segredo de Nitron, Abril Jovem, 1990
7. A lenda de Yggdrasil, Abril Jovem, 1990
8. A Cidade dos Condenados, Abril Jovem, 1990
9. Morte Lenta, Abril Jovem, 1990
10. Os Piratas de Pandarve, Abril Jovem, 1990

Assim com conhecimento de causa, só poderei falar da primeira parte, As Crónicas do Mundo das Profundezas (e desculpem-me aqui a tradução literal…). Storm no regresso a uma Terra diferente, procura respostas para tentar perceber o que aconteceu ao seu mundo e à raça humana. Assim, toda a narrativa decorre entre paisagens exóticas e civilizações perdidas, onde o primitivo se mistura com o tecnológico, onde se cruzam estranhos povos e fantásticas criaturas. Ainda que, quase sempre cada aventura corresponda a uma edição, a verdade é que assumindo uma linha narrativa contínua, o argumento revela por vezes alguma incoerência e insuficiência, mas nada que comprometa a estrutura da série.

Mas é a expressiva e magnifica arte de Don Lawrance que merece um grande destaque. Dono e senhor de um traço extremamente realista, não só no desenho de personagens mas também na concepção e captação de todo o ambiente e atmosferas de mundos perdidos, do mais bárbaro ao mais tecnológico, e na aplicação e tratamento de cores, que confere uma riqueza estética única a esta série. Foi este o factor que me chamou a atenção para esta colecção, quando há uns anos atrás comprei dois álbuns editados em Portugal e que foi agora confirmada com a leitura da edição brasileira. Don Lawrance era um artista excepcional.

Fica então aqui recuperada do esquecimento, mais uma série incompleta, que merecia bem mais que os dois álbuns por cá publicados.

17 agosto, 2009

Black Box Syndycate

Apresenta-se como um blog de autores de BD “para mostrar trabalhos, levantar o véu sobre alguns livros “em construção” e para dar conta da apresentação de livros e da presença em exposições, festivais de BD e livrarias” e é o novo sítio de José Carlos Fernandes, Luís Henriques, Manuel Garcia Iglésias e Roberto Gomes.

Gorada que foi a publicação do segundo volume das Black Box Stories, ficam as imagens em Black Box Syndycate. Passem por lá!

13 agosto, 2009

O próximo "Passageiro" do Público

Terminada que está a colecção «Clássicos da revista Tintin», o jornal Público de novo em parceria com a editora ASA, prepara-se para lançar, já a partir do próximo dia 2 de Setembro (uma Quarta-Feira), uma nova colecção de BD.

A nova aposta é a colecção completa da magnífica série «Os Passageiros do Vento», escrita e desenhada por François Bourgeon, já anteriormente publicada em Portugal pela Meribérica.

Tratando-se de uma reedição, a única novidade desta colecção prende-se com a publicação do inédito 6º e último(?) álbum, cujo lançamento em França está previsto para Setembro próximo.

Para quem não conhece é uma excelente oportunidade de poder comprar a colecção completa de uma das melhores histórias da BD franco-belga; para quem conhece e já possui a colecção na sua bedeteca, fica como consolo a novidade da publicação do álbum inédito.

Boas leituras!


10 agosto, 2009

As minhas BD preferidas #8: Buddy Longway

Depois de alguns(!) meses (bem, na verdade passaram-se dois anos…) após a publicação do último texto relacionado, retomo agora uma das rubricas deste blogue, de BD’s preferidas, para escrever aqui sobre um western diferente daqueles que tradicionalmente estamos habituados a ler, onde invariavelmente a figura do cowboy se sobrepõe a todas as outras.

Falo de um western que nos dá uma visão da riqueza dos primeiros anos da conquista do Oeste americano. Dentro deste contexto os espaços abertos e livres são indissociáveis desses anos, pelo que o autor (neste caso, em simultâneo, argumentista e desenhador) Derib promove a apresentação de cenários onde a natureza em estado bruto e selvagem, seja a floresta, a montanha ou a planície, são a constante geradora da riqueza estética da história. Trata-se também de uma história de relações e sentimentos humanos entre culturas diferentes, donde sobressai a assumida admiração do autor pela tribo índia “sioux”. Na narrativa é visível a defesa do modo de vida índio, através da promoção da sua cultura e tradição, ainda que curiosamente as aventuras tenham como personagem principal um não-indio.

É assim que surge Buddy Longway - que dá o nome à série - a figura central de uma saga familiar por onde passam todas as linhas de força da narrativa. Longway é um caçador de peles e um explorador, que por opção vive de forma pacífica em harmonia com a natureza, numa área situada no estado do Missouri. Um dia salva uma jovem índia, Chinook de seu nome, da tribo “sioux”, com quem mais tarde vem a casar e constituir família. E é aqui que Derib rompe com convenções. É no dia-a-dia, no envelhecimento e no desfecho trágico desta relação familiar, que somos convidados pelo autor para ser leitores atentos desta série composta por um total de vinte álbuns.
Derib escreve argumentos simples e fluidos, utilizando referências típicas do Oeste americano para criar as suas aventuras. O desenho é vigoroso e bastante agradável, compondo por vezes planos bastante originais. Tudo isto contribui para um western bem estruturado, de leitura fácil, composto por personagens bastante humanas, sólidas e realistas quer seja pela opção do autor no envelhecimento destas, quer seja pelo destino final que o autor lhes reservou.

“Buddy Longway” em Portugal
As aventuras de Buddy Longway surgiram em Portugal através da revista Tintin, tendo a primeira aventura (“O Inimigo”) sido publicada entre Abril (#876) e Junho de 1976 (#904). Ao todo, foram publicadas através desta revista um total de nove aventuras da série. Encontram-se também registos de aventuras nas revistas Selecções Tintin e Mundo de Aventuras.

Em formato álbum, e até à data, encontram-se publicados nove aventuras, distribuídos por três editoras – Livraria Bertrand, Editorial Futura e Asa/Público (álbum duplo). Deixo então aqui a lista dos álbuns publicados em Portugal, respeitando a cronologia original:

1. Chinook, Livraria Bertrand, 1978
2. O Inimigo, Livraria Bertrand, 1978
3. Três Homens passaram, Livraria Bertrand, 1979
4. Sozinho, Livraria Bertrand, 1980
5. O Segredo, Livraria Bertrand, 1981
6. O Alce, Editorial Futura 1, 1988
7. O Inverno dos Cavalos, Editorial Futura 2, 1989
13. O Vento Selvagem, Asa/Público 11, 2009
14. O Manto Negro, Asa/Público 11, 2009

Sites relacionados:
- Buddy Longway [link]

As minhas BD preferidas #8: Buddy Longway

Depois de alguns(!) meses (bem, na verdade passaram-se dois anos…) após a publicação do último texto relacionado, retomo agora uma das rubricas deste blogue, de BD’s preferidas, para escrever aqui sobre um western diferente daqueles que tradicionalmente estamos habituados a ler, onde invariavelmente a figura do cowboy se sobrepõe a todas as outras.

Falo de um western que nos dá uma visão da riqueza dos primeiros anos da conquista do Oeste americano. Dentro deste contexto os espaços abertos e livres são indissociáveis desses anos, pelo que o autor (neste caso, em simultâneo, argumentista e desenhador) Derib promove a apresentação de cenários onde a natureza em estado bruto e selvagem, seja a floresta, a montanha ou a planície, são a constante geradora da riqueza estética da história. Trata-se também de uma história de relações e sentimentos humanos entre culturas diferentes, donde sobressai a assumida admiração do autor pela tribo índia “sioux”. Na narrativa é visível a defesa do modo de vida índio, através da promoção da sua cultura e tradição, ainda que curiosamente as aventuras tenham como personagem principal um não-indio.

É assim que surge Buddy Longway - que dá o nome à série - a figura central de uma saga familiar por onde passam todas as linhas de força da narrativa. Longway é um caçador de peles e um explorador, que por opção vive de forma pacífica em harmonia com a natureza, numa área situada no estado do Missouri. Um dia salva uma jovem índia, Chinook de seu nome, da tribo “sioux”, com quem mais tarde vem a casar e constituir família. E é aqui que Derib rompe com convenções. É no dia-a-dia, no envelhecimento e no desfecho trágico desta relação familiar, que somos convidados pelo autor para ser leitores atentos desta série composta por um total de vinte álbuns.
Derib escreve argumentos simples e fluidos, utilizando referências típicas do Oeste americano para criar as suas aventuras. O desenho é vigoroso e bastante agradável, compondo por vezes planos bastante originais. Tudo isto contribui para um western bem estruturado, de leitura fácil, composto por personagens bastante humanas, sólidas e realistas quer seja pela opção do autor no envelhecimento destas, quer seja pelo destino final que o autor lhes reservou.

“Buddy Longway” em Portugal
As aventuras de Buddy Longway surgiram em Portugal através da revista Tintin, tendo a primeira aventura (“O Inimigo”) sido publicada entre Abril (#876) e Junho de 1976 (#904). Ao todo, foram publicadas através desta revista um total de nove aventuras da série. Encontram-se também registos de aventuras nas revistas Selecções Tintin e Mundo de Aventuras.

Em formato álbum, e até à data, encontram-se publicados nove aventuras, distribuídos por três editoras – Livraria Bertrand, Editorial Futura e Asa/Público (álbum duplo). Deixo então aqui a lista dos álbuns publicados em Portugal, respeitando a cronologia original:

1. Chinook, Livraria Bertrand, 1978
2. O Inimigo, Livraria Bertrand, 1978
3. Três Homens passaram, Livraria Bertrand, 1979
4. Sozinho, Livraria Bertrand, 1980
5. O Segredo, Livraria Bertrand, 1981
6. O Alce, Editorial Futura 1, 1988
7. O Inverno dos Cavalos, Editorial Futura 2, 1989
13. O Vento Selvagem, Asa/Público 11, 2009
14. O Manto Negro, Asa/Público 11, 2009

Sites relacionados:
- Buddy Longway [link]

04 agosto, 2009

O regresso de Asterix

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Para comemorar o 50º aniversário de Asterix, o seu co-criador Albert Uderzo encontra-se, surpreendentemente digo eu, a preparar o regresso do irredutível gaulês, com a publicação de um novo álbum, anunciado como “o maior banquete festivo já preparado pelos irredutíveis gauleses”, composto por curtas histórias inéditas, com lançamento mundial, Portugal incluído, agendado para 22 de Outubro próximo (em pleno FIBDA, acrescento).

A opção por “curtas” no 34º álbum da colecção, é talvez a melhor forma para se fazer a passagem do “testemunho”, uma vez que a idade não perdoa - Uderzo já conta com 82 anos - e já provocou os seus danos nesta última aventura. Com a venda dos direitos sobre a personagem ao grupo francês Hachette e com a autorização de Uderzo para continuar as aventuras de Asterix após a sua morte, fica assim assegurada a sobrevivência deste herói, que com novos autores, poderá porventura recuperar um rumo e um ritmo humorístico que se havia perdido com a morte de Goscinny.

Pessoalmente, nos casos em que o autor não decide matar expressamente o seu herói (e aqui cito o caso de Derib/Buddy Longway, personagem sobre a qual aqui falarei um destes dias) concordo que a obra deve sobreviver aos seus autores, pelo que considero esta decisão de Uderzo como um acto bastante generoso para com o público bedéfilo. Asterix pela sua popularidade e universalidade merece pelo menos mais 50 anos de existência. Chamo aqui os exemplos de Lucky Luke (por Achdé e Gerra), Spirou (por Morvan e Murena) ou Blake e Mortimer (Y. Sente e Juillard) só para citar alguns, onde o respeito pela obra original se concretizou em novas e muito bem conseguidas aventuras.

02 agosto, 2009

Depois das férias...

retomo esta actividade de bedéfilo-bloguista para aqui ir dando conta das novidades no mundo da BD em Portugal. Entretanto no período que passou, encontro alguma matéria para falar nos próximos dias, nomeadamente sobre o anunciado regresso de Asterix, sobre a colecção do Público, que publicou duas histórias inéditas de Buddy Longway, sobre a adaptação cinematográfica de Jonah Hex , um western pouco conhecido entre nós, mas do qual sou grande apreciador e ainda sobre o 20º FIBDA… (ok sobre esta última estava a brincar, não há novidades!).

Relativamente ao pequeno quiz sobre o autor do desenho que publiquei aqui, dou os parabéns ao Filipe que acertou no nome do autor: Hermann. A imagem foi retirada do álbum “Verão de ‘57” (publicação pela Vitamina BD).

Então até já!

Depois das férias...

retomo esta actividade de bedéfilo-bloguista para aqui ir dando conta das novidades no mundo da BD em Portugal. Entretanto no período que passou, encontro alguma matéria para falar nos próximos dias, nomeadamente sobre o anunciado regresso de Asterix, sobre a colecção do Público, que publicou duas histórias inéditas de Buddy Longway, sobre a adaptação cinematográfica de Jonah Hex , um western pouco conhecido entre nós, mas do qual sou grande apreciador e ainda sobre o 20º FIBDA… (ok sobre esta última estava a brincar, não há novidades!).

Relativamente ao pequeno quiz sobre o autor do desenho que publiquei aqui, dou os parabéns ao Filipe que acertou no nome do autor: Hermann. A imagem foi retirada do álbum “Verão de ‘57” (publicação pela Vitamina BD).

Então até já!

23 julho, 2009

Leitura: Lance



É indiscutível que o presente ano tem ficado marcado pelo lançamento de banda desenhada em português de grande qualidade. E é neste campo, que a obra de que a seguir vou falar merece um destaque especial.

A “obra” é a colecção integral, em formato grande, de “Lance”, um clássico das tiras de quadradinhos publicadas nos jornais americanos em meados da década de 50, da autoria de Warren Tufts (1925-1982) argumentista e desenhador da série. A edição em português é o fruto do trabalho do editor Manuel Caldas, que depois do seu afastamento do projecto Príncipe Valente (ler aqui e aqui) se propôs editar integralmente todas as pranchas dominicais, publicadas entre 1955 e 1960, devidamente restauradas. E é todo o trabalho de restauração das pranchas originais que dá um brilho especial a esta colecção. O segundo de quatro tomos previstos, da editora Libri Impress, acaba de chegar agora às bancas.

É verdade que esta personagem Lance, ou melhor, Lance Saint Lorne, tenente do 1º Regimento de Dragões da cavalaria do exército americano é praticamente um perfeito desconhecido entre nós, não obstante algumas das suas aventuras sido publicadas nas saudosas revistas “Cavaleiro Andante” e “Mundo de Aventuras” (eu próprio, apesar de eventualmente ter lido algumas das suas histórias, sobretudo no MA, a verdade é só aquando da publicação do primeiro álbum desta colecção, em 2007, é que retive o nome).

A série é um puro western clássico, que recria com mestria uma época histórica, a do inicio da conquista do Oeste americano em meados do século XIX. Num universo rico de referências, acompanhamos as aventuras de Lance, um corajoso e temerário tenente, na sua conduta como militar nas difíceis relações com os índios, nas suas relações de amizades e nos seus amores.

No primeiro álbum, que abrange as aventuras publicadas entre Junho de 1955 e Setembro de 1956, a narrativa decorre sempre debaixo de muita acção, sucedendo-se as situações de confronto. As histórias são contadas sob a forma de ilustração com o texto narrativo no rodapé da vinheta. Em termos de desenho, reflecte os melhores anos da colecção. ”Os primeiros dois anos de Lance revelam realmente um labor apaixonado” – prefácio do editor. O desenho beneficia bastante da história ter sido concebida para ocupar a totalidade de uma página inteira de jornal, inspirada no modelo do Príncipe Valente. É verdade que para o leitor, a acção parece algo estática, mas em compensação o desenho é um regalo para a vista. Com espaço e tempo (a periodicidade de publicação era semanal) Warren Tufts criou magníficas pranchas que deslumbram não só pelo traço elegante e extremamente realista de personagens e paisagens mas também pelas espantosas cores aplicadas.

No segundo álbum, que inclui o período Outubro de 1956 a Outubro de 1957, assistimos a desenvolvimentos na vida pessoal de Lance. Nesta edição, verifica-se a inclusão de tiras diárias (por opção do editor). Isto acontece porque Tufts, por pressão dos jornais, no inicio de 1957, viu-se obrigado a criar uma tira diária, a preto e branco, para além da habitual prancha dominical a cores. Ainda que as tiras permitam um maior desenvolvimento da narrativa, para além do facto do autor ter acrescentado balões para as falas das personagens, o que dita uma nova dinâmica na leitura, a verdade é que esta pressão ditou uma perda de qualidade nas pranchas dominicais. “O excesso de trabalho matara para sempre a paixão que animara Tufts até ao inicio de tira diária” – prefácio do editor.

Em resumo, manifesto aqui a minha admiração por esta magnífica colecção, que beneficia do selo de qualidade que o empenho e a paixão do editor Manuel Caldas imprime aos seus projectos. IMPERDÍVEL!

Lance
Autor: Warren Tufts
Volume 1 (de 4), cores, formato grande, capa mole
Editora: Livros de Papel, 1ª edição de Dezembro de 2007
Volume 2 (de 4), cores, formato grande, capa mole
Editora: Libri Impress, 1ª edição de Março de 2009

A minha nota:

20 julho, 2009

Chegada à LUA!

Rumo à Lua

Faz hoje 40 anos que chegamos à Lua!Um pequeno passo para o Homem…” nas imortais palavras de Neil Armstrong, comandante da missão Apollo 11, cuja tripulação era ainda constituída ainda pelos astronautas Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins, que aos comandos do módulo lunar Eagle se tornou no primeiro homem a pisar solo lunar. A conquista deste objectivo mais que o simbolismo associado, representou o coroar de uma década de grandes avanços tecnológicos e de enormes progressos científicos.

Contudo, quinze anos antes da conquista humana, através da banda desenhada, no álbum “Explorando a Lua” (1954), já Tintin tinha pisado a Lua. Hergé, um homem visionário e com uma enorme paixão pela ciência, tinha dotado o “seu” prof. Girasol com os conhecimentos e os meios necessários, ainda que com bastante humor à mistura e soluções com bases cientificas como por exemplo o facto do foguetão ser movido a energia nuclear, para tornar possível esta extraordinária aventura, sendo notável a antecipação bastante realista de um feito que só seria alcançado bastantes anos depois.

Fica então aqui a sugestão de leitura do álbum “Rumo à Lua” (publicado em Portugal) para celebrar o “... salto gigantesco para a Humanidade”.

15 julho, 2009

O Diabo dos Sete Mares - parte 2

Com a publicação do segundo álbum do díptico "O Diabo dos Setes Mares", conclui-se a inédita incursão do multifacetado autor belga Hermann no género "piratas das caraíbas". Não teve sorte. O argumento escrito pelo seu filho Yves H., padece de pontos altos que toda uma história de piratas podia proporcionar. Faltam por exemplo belas batalhas navais ou grandes combates de que eram férteis estes tempos, para os quais a arte de Hermann estaria certamente à altura do que seria exigível.

Esta segunda e conclusiva parte deste "Diabo" manteve as características da primeira parte. Não se assiste a grandes desenvolvimentos, mas apenas o desenrolar dos vários caminhos tomados pelas numerosas personagens centrais, em direcção ao ambicionado tesouro do pirata Robert Murdoch. Mas nem assim a leitura se tornou menos confusa. A morte de mais de metade dos intervenientes não foi suficiente para se assistir a uma diminuição da “multidão”, uma vez que todos eles logo regressaram à vida, desta vez sob a forma de “mortos-vivos”. Considero mesmo que a introdução de zombies e as referências ao Diabo tornaram esta segunda metade inverosímil. Depois temos um desfecho sem muito sentido, numa ilha com um vulcão à beira da erupção. Bastante inconclusivo. Já não há finais felizes. Resta-nos então o desenho de Hermann, que é mesmo a grande mais-valia do álbum (e desta colecção). Suave na construção dos cenários e na captação da atmosfera, que através de uma escolha fantástica de cores, proporciona ao leitor excelentes imagens.

Temos assim, numa boa edição em capa dura, uma história pouco conseguida (ponto fraco) suportada por um magnifico desenho (ponte forte), pelo que a avaliação individual que faço do álbum é igual à avaliação global que faço da aventura completa, ou seja, fico-me pela nota média.

O Diabo dos Sete Mares - Parte 2
Autores: Hermann (desenho) e Yves H. (argumento)
2º Volume, cores, capa dura
Edição: VitaminaBD, 1ª edição de Março de 2009

A minha nota:

12 julho, 2009

Aviso à navegação...

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É um ritual que sucede todos os anos. Este que vos escreve parte estrada fora para um destino de praia. Com data-valor a partir de hoje e até ao fim do mês. Vou mas deixo o blogue activo. Preparei uma série de pequenos textos bedéfilos sobre as minhas ultimas leituras, que agendei para irem sendo “libertadas” (se o Blogger não falhar!) ao longo destas três semanas. Obviamente que a divulgação de novidades ou respostas aos comentários ficam para depois. Fiquem sintonizados e até já. Boas leituras!

PS Já agora aceitam-se palpites sobre o nome do autor do magnífico desenho reproduzido em cima que ilustra este texto.

Aviso à navegação...

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É um ritual que sucede todos os anos. Este que vos escreve parte estrada fora para um destino de praia. Com data-valor a partir de hoje e até ao fim do mês. Vou mas deixo o blogue activo. Preparei uma série de pequenos textos bedéfilos sobre as minhas ultimas leituras, que agendei para irem sendo “libertadas” (se o Blogger não falhar!) ao longo destas três semanas. Obviamente que a divulgação de novidades ou respostas aos comentários ficam para depois. Fiquem sintonizados e até já. Boas leituras!

PS Já agora aceitam-se palpites sobre o nome do autor do magnífico desenho reproduzido em cima que ilustra este texto.

06 julho, 2009

Leituras: A Teoria do Grão de Areia – Tomo 1

Neste primeiro tomo, não há respostas. Fica apenas montado o cenário: a cidade de Brusel. Na narrativa, personagens e histórias sem ligação aparente são introduzidas num enredo surrealista requintado. O sr. Abeels vê aparecer misteriosamente dentro de sua casa pedras de peso igual; a D. Kristin Antipova, mãe de dois filhos, de forma inexplicável vê a sua casa inundada diariamente por areia; o Sr. Maurice, chefe de cozinha, vai perdendo peso todos os dias sem emagrecer. Tudo num lento começo, de soma de pequenas coisas, que vai evoluindo, transformando um mundo aparentemente tranquilo, numa situação deliciosamente caótica.

Graficamente, as imagens de grandes esplendores arquitetónicos tão características de álbuns anteriores, dão aqui lugar a pequenos espaços urbanos – o apartamento, o restaurante, etc. A arte de Schuitten é excelente, transformando os desenhos em quase gravuras. Um jogo de cores é uma das particularidades deste álbum. Ainda que trabalhado essencialmente a duas cores – preto e branco sujo – a utilização de uma terceira cor, um branco puro que caracteriza os fenómenos sobrenaturais, que embora não seja distinguido pelas personagens da história, não deixa indiferente o leitor, pela atmosfera que cria, fazendo com que o desenho ultrapasse a sua natureza meramente ilustrativa.

Achei todo o álbum de leitura viciante. Chegado ao fim e fico na expectativa de saber mais. Ainda que não ponha em causa a qualidade do álbum, não posso deixar de fazer os seguintes reparos à edição:
- o dialogo entre Senhora Von Rathen e o Comissário na página 66, saiu trocado;
- a “tradução” do nome da personagem na página 91 parece-me completamente descabida: Tónio?!

A Teoria do Grão de Areia – Tomo 1
De Schuiten (desenho) e Peeters (argumento)
Editora ASA, Edição de Maio de 2009


Nota de leitura:
 EXCELENTE (5 em 5)


02 julho, 2009

#6 BERNARD PRINCE: A Fortaleza das Brumas / Objectivo Cormoran

O sexto volume da colecção “Clássicos da Revista Tintin” dedicado a Bernard Prince, distribuído no passado dia 24 de Junho com jornal Público, foi muito bem-vindo. Afinal Hermann é um dos meus autores preferidos.

Com histórias publicadas originalmente entre 1977 e 1978, este álbum recorda-nos uma das mais interessantes séries de aventuras criadas na banda desenhada franco-belga, até os seus autores, primeiro Hermann e depois Greg, também responsáveis pela excelente série “Comanche”, decidirem seguirem outros caminhos.

Terminada a leitura, deixo aqui as minhas impressões sobre estas duas aventuras:

Na primeira história “A Fortaleza das Brumas” (é dela a excelente imagem que ilustra a capa do álbum) tudo se desenrola sob um jogo de enganos. Começa quando um misterioso Sr. Smith “contrata” Bernard Prince para intermediar a libertação da sua filha. O pagamento do resgate de um milhão de dólares em diamantes é o mote para uma aventura passada nas montanhas, onde o aparecimento de uma curiosa personagem de nome Koubhak influenciará decisivamente o desfecho da história. O argumento de Greg revela-se aqui bastante habilidoso, manipulando todas as personagens, que com excepção dos nossos heróis, assumem papeis que não os seus. A arte de Hermann mostra-se bastante apurada, sendo expressiva nas personagens e autêntica no desenho da paisagem seca onde decorre praticamente toda a acção.

A segunda história “Objectivo Cormoran”, passada no sul de França, na costa dos milionários, Bernard Prince e os seus companheiros são envolvidos num estranho plano que tem como objectivo assassinar um rico empresário com ligações á máfia. Numa narrativa com personagens bem estruturados, diálogos bem construídos, e como convêm cheia de acção, sucedem-se os volte-faces no desenrolar da história, cujo desfecho termina com um sacrifico final inesperado. Mais uma vez, Hermann domina, não só em termos gerais, com as suas paisagens em vários planos a revelarem-se grandes imagens, mas também ao nível do detalhe, não se inibindo no desenho de cenas de violência.

Em resumo, excelente leitura de duas grandes histórias de aventuras, ainda que pessoalmente tenha gostado mais da segunda. Aproveito para deixar aqui a sugestão de publicação em álbum do inédito “A Fornalha dos Condenados” correspondente ao n.º 7 da colecção original que cairia muito bem, numa eventual segunda série destes “Clássicos da Revista Tintin”.

Aguardo agora com expectativa Buddy Longway (álbum nº 11 da colecção).

Bernard Prince A Fortaleza das Brumas / Objectivo Cormoran
Autores: Greg e Hermann
Álbum nº 6 Colecção “Clássicos da Revista Tintin”, Cores, Capa mole
Editora: ASA/Público, 1ª edição de Junho de 2009

A minha nota:

28 junho, 2009

Super-Heróis em DVD

Talvez para ajudar a combater a crise, alguns periódicos portugueses, socorrem-se de uma super-ajuda.

O semanário SOL, na sua última edição, de Sexta passada, oferece para os mais pequenos, o DVD “Homem de Ferro” em versão animada (ver imagem).

O jornal Público vai dar inicio a uma colecção de filmes em DVD, a partir do próximo dia 3 de Julho, intitulada colecção "Super-Heróis". Assim, durante 15 semanas, todas as Sexta-Feiras, serão distribuídos com este jornal, com um preço adicional que varia entre € 3,95 e € 7,95, os quatro primeiros filmes de Batman, a trilogia do Homem-Aranha (de Sam Raimi), os cinco filmes do Super-Homem (incluindo Super-Homem, O Regresso, de Bryan Singer) e os três primeiros filmes da saga dos X-Men.

Ainda que alguns destes filmes deixem muito a desejar, nomeadamente os Batman’s de Joel Schumacher, temos outros que foram grandes sucessos de bilheteira, caso dos filmes do Homem-Aranha (que se encontram no TOP 5 das mais rentáveis adaptações de uma personagem de BD ao cinema). Uma iniciativa interessante, que se adivinha de algum sucesso, pelos preços de venda. Uma chamada de atenção para o 3º DVD da colecção – “Superman” de Richard Donner, que virá acompanhado de um livro de BD, do qual até data desconheço pormenores.

27 junho, 2009

O Estranho Caso do Livro Fantasma “Um Boi sobre o Telhado”


No seguimento do que foi aqui comentado, revelo o episódio sobre a publicação do segundo volume da Black Box Stories (BBS), como de um lançamento anunciado pela Devir se passou para uma edição rara da Sétima Dimensão, que traduz bem a forma como é tratada a BD portuguesa em Portugal.

Tudo começa, quando a editora Devir na posse de todo o material (textos e desenhos) da autoria de José Carlos Fernandes e Roberto Gomes, respectivamente agendou para lançamento na 35ª Feira do Livro do Funchal, que decorreu no passado mês de Maio, o novo álbum das BBS “Um Boi sobre o Telhado”.

Foi então que a Livraria Sétima Dimensão se disponibilizou para organizar o lançamento, tendo preparado os convites aos autores, a logística, agendadas as entrevistas nos meios de comunicação social, marcado sessões de promoção, etc. Tudo parecia correr bem quando chegada a altura do Feira se aperceberam que afinal…. não havia livro! Simplesmente, e sem qualquer explicação, a Devir nem publicou o livro nem se dignou a avisar os autores, os organizadores, enfim os interessados.

Para salvar então a face perante a organização da Feira, Roberto Macedo Alves, da Sétima Dimensão, preparou com o autor Roberto Gomes, em dois dias, uma pequena edição sobre os bastidores de todo o processo de criação que esteve na base do conto “Um Boi sobre o Telhado”. É assim oferecida ao leitor uma inédita viagem ao interior do autor, de forma a perceber o porquê das escolhas gráficas que conduziram ao resultado final. Escusado será dizer que esta interessante edição foi objecto de uma tiragem limitadíssima destinada à feira e que rapidamente esgotou. E assim "Um Boi sobre o Telhado" atingiu o estatuto de livro fantasma, ou seja, um livro que praticamente ninguém viu!

Quanto à possivel edição do segundo volume das BBS, pergunto se depois disto alguém ainda acredita que a Devir existe?


PS Para os interessados, refiro que o magnifico conto que dá o nome ao livro pode ser encontrado no volume 18 da colecção “Série Ouro - Os Clássicos da BD”, dedicado a José Carlos Fernandes, que foi distribuído com o jornal “Correio da Manhã” em Outubro de 2005.

24 junho, 2009

Lançamento ASA: A Teoria do Grão de Areia – Tomo 1


A imagem acima reproduz o magnífico desenho da capa do 10º álbum, na colecção original, da série «As Cidades Obscuras». Intitulado «A Teoria do Grão de Areia – tomo 1», numa edição ASA, é amanha distribuído juntamente com o Jornal Público (com um preço adicional de € 17,50).

Sinopse desta história:
Constant Abeels colecciona pacientemente uma série de pedras de igual peso que aparecem misteriosamente em diferentes divisões do seu apartamento. Num prédio vizinho, uma mulher, mãe de dois filhos, verifica que, da mesma forma, acumula grandes quantidades de areia. Um pouco mais longe, Maurice, o patrão e chefe de cozinha de um restaurante, descobre que perde peso sem, contudo, emagrecer. Com o passar dos dias, estes estranhos fenómenos continuam a suceder-se sem que se consiga encontrar solução.

Inédito em Português, este álbum é a primeira parte de uma história cuja conclusão será apenas publicada no próximo ano. Apresentando-se num formato italiano, disposição horizontal, pouco comum no género franco-belga, o álbum vem acompanhado por uma caixa dura arquivadora que facilitará a sua arrumação na vertical.

«As Cidades Obscuras» é um universo que a dupla François Schuiten e Benoît Peeters tem vindo a criar desde 1982, que se traduz, até à data, num total de 11 álbuns publicados, tendo ganho inclusive diversos prémios. A narrativa da série desenvolve-se em redor de espaços urbanos dotados de grandes esplendores arquitectónicos, que se assumem invariavelmente como protagonistas das histórias.

Em Portugal, as Cidades Obscuras são dignas de figurar na rubrica «séries estupidamente incompletas» deste blogue. A colecção, que com esta edição da ASA, conhece a sua 4ª editora, não obstante todo o interesse demonstrado ao longo do tempo pela publicação da série, a verdade é que estão ainda por editar os álbuns correspondentes aos n.º 4 e 9 (na sua cronologia original).

A colecção «As Cidades Obscuras» é composta pelos seguintes álbuns (com a indicação dos editados em português):

# O Arquivista, Meribérica, 2003

  1. As Muralhas de Samaris, Witloof, 2003
  2. A Febre de Urbicanda, Edições 70, 1987
  3. A Torre, Edições 70, 1989
  4. La route d'Armilia – INÉDITO
  5. Brussel, Meribérica, 1993
  6. A Menina Inclinada, Meribérica, 1999
  7. A Sombra de um Homem, Meribérica, 2000
  8. A Fronteira Invisível – Tomo 1, Witloof, 2002
  9. La frontière invisible - 2 – INÉDITO
  10. A Teoria do Grão de Areia – tomo 1, ASA, 2009
  11. A Teoria do Grão de Areia – tomo 2 (a publicar em 2010)


Boas leituras!

14 junho, 2009

Séries Incompletas: Largo Winch

Photobucket

Regresso atrás no tempo, para me situar em 2006, ano em que a editora Gradiva pega na colecção “Largo Winch” - tinha ficado “pendurada” depois da Bertrand em meados dos anos 90 ter publicado os três primeiros álbuns da colecção - e retoma a série, com um salto na sequência original, com a publicação dos álbuns H e Dutch Connection (n.sº 5 e 6 da numeração original, respectivamente). Ficava também a promessa de publicação (e passo a citar) de “(…) toda a série segundo a sequência da edição original" inclusive "(...) os quatro primeiros álbuns, para que os leitores possam completar a colecção”.

Da autoria de Van Hamme no argumento e de Philippe Francq no desenho, Largo Winch é uma das mais populares séries franco-belgas, que conta as aventuras de Largo Winczlav, um órfão de nacionalidade jugoslava adoptado por Nerio Winch, um dos homens mais ricos do Mundo, e que depois da morte inesperada deste, se torna o único herdeiro de um colossal império económico-financeiro. A acção decorre nos dias de hoje, num mundo empresarial, onde negócios de milhões despertam as mais variadas intrigas, cobiças e traições.

Na sua edição original da editora Dupuis, a colecção já vai no 16º álbum, a saber:

-1. L'héritier, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 11/1990
-2. Le groupe W, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 09/1991
-3. O.P.A., Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 11/1992
-4. Business Blues, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 10/1993
-5. H, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 09/1994
-6. Dutch connection, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 06/1995
-7. La forteresse de Makiling, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 06/1996
-8. L'heure du tigre, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 06/1997
-9. Voir Venise ..., Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 09/1998
-10. ... Et mourir, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 09/1999
-11. Golden Gate, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 12/2000
-12. Shadow, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 06/2002
-13. Le Prix de l'Argent, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 06/2004
-14. La loi du dollar, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 11/2005
-15. Les trois yeux des gardiens du Tao, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 03/2007
-16. La voie et la vertu, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Dupuis, 11/2008

Em 2007, aproveitando o lançamento mundial do novo álbum intitulado “Os Três Olhos dos Guardiães de Tao”, a Gradiva num esforço louvável (uma salva de palmas, se faz favor) lança também em Portugal este 15º álbum da colecção. E aqui se conclui a prestação desta editora!

E assim, num espaço curto de quatro anos (até à data) ficam três álbuns, uma colecção retalhada sem “ponta por onde segue” e promessas por cumprir.

Iniciou a colecção com a publicação de uma história completa (álbuns 5 e 6) mas esqueceu-se que leitura da primeira história (álbuns 1 e 2) é fundamental para entender o contexto e universo de Largo Winch (e estes álbuns da Bertrand são difíceis de encontrar pela sua antiguidade). Saltou mais do que devia para publicar o 15º álbum mas esqueceu-se que esta edição só se justificava se garantisse a publicação da conclusão da história no 16º álbum.

O resultado desta política editorial(?), teve como único desfecho um total desinteresse por parte do público português, que conduziu inevitavelmente à “suspensão” da edição da série!

Fica então aqui para memória futura o registo da curta vida de Largo Winch em português:

-1. O herdeiro, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Bertrand Editora, 1993
-2. O grupo W, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Bertrand Editora, 1994
-3. O.P.A., Jean Van Hamme & Philippe Francq, Bertrand Editora, 1995
-5. H, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Gradiva, 2006
-6. Dutch Connection, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Gradiva, 2006
-15. Os três olhos dos guardiães de Tao, Jean Van Hamme & Philippe Francq, Gradiva, 2007

VII Troféus Central Comics: Vencedores

Foi ontem, em Beja integrado na programação do Festival de Banda Desenhada, que ficamos a conhecer os vencedores dos VII Troféus Central Comics. Numa votação decorrida on-line, com bastante participação, as escolhas dos leitores bedefilos premiaram as editoras BDmania e a Plátano.

Fiquei agradado com as vitórias da editora BDMania nos troféus de Melhor Publicação Estrangeira, Melhor Desenho (Niko Henrichon) e Argumento Estrangeiro (Brian K. Vaughn), todos pela obra Fábula de Bagdad, que já aqui tinha considerado como uma das melhores de 2008; e pela Plátano na categoria de Melhor Publicação Nacional, pelo álbum Camões, de vocês não conhecido nem sonhado?, e no respectivo autor, Jorge Miguel, como Melhor Desenho Nacional.

Destaque também e merecido para o vencedor do troféu de Melhor Editora para a parceria ASA/Público, uma vez que que as colecções editadas (ainda que reedições) se traduziram em cerca de 40 álbuns de bd, o que fez desta parceria a editora mais produtiva (quantitativamente falando) do ano passado.

Uma palavra para os Murmúrios, vencedor da categoria de Melhor Fanzine, que premiea um projecto nascido em 2007, que reúne diversos autores portugueses, coordenados pelo dinâmico Rui Ramos e cujo primeiro trabalho foi este Murmúrios das Profundezas baseado na obra de HP Lovecraft.

Para a história, ficam aqui os resultados da votação (em % de votos) e a negrito os vencedores em cada categoria:

Melhor Editora
Edições Asa/O Público – 26%
BDmania – 23%
Vitamina BD – 21%
Gradiva – 13%
Edições Asa – 11%
Chili com Carne – 6%


Melhor Publicação Nacional
Camões, de vocês não conhecido nem sonhado? (Plátano) – 26%
Terra Incógnita – A Metrópole Feérica (Tinta da China) – 21%
O Menino Triste – A Essência (Qual Albatroz) – 19%
Venham+5 nº5 (Bedeteca de Beja) – 18%
Vencer os Medos (Assírio & Alvim) – 12%
O Futuro tem 100 anos (Bizâncio) – 4%


Melhor Publicação Estrangeira
Fábula de Bagdad (BDmania) – 37%
O Principezinho (Presença) – 24%
Silver Surfer – Requiem (BDmania) – 12%
Sonno Elefante – As paredes têm ouvidos (Campo das Letras) – 12%
Universal War One 4 – O Dilúvio (Vitamina BD) – 8%
Wanted (BDmania) – 7%


Melhor Publicação Cartoon
Mutts 4 – Shim! (Devir) – 35%
Hägar, o Horrendo 1 – Um Viking de Sorriso Inofensivo e Feliz (Librimprensa) – 28%
Cartoons do Ano 2007 (Assírio & Alvim) – 14%
Pérolas a Porcos 6 – Os Sopratos (Bizâncio) – 10%
Geração Lasca, BC – 50 Anos de Tiras de Johnny Hart (Bonecos Rebeldes) – 7%
Grimmy – Cão Fedorento (Gradiva) – 7%


Melhor Desenho Nacional
Jorge Miguel (Camões, de vocês não Conhecido nem Sonhado?) – 31%
Luís Henriques (Terra Incógnita – A Metrópole Feérica) – 28%
Susa Monteiro (Vencer os Medos) – 20%
Ricardo Ferrand (Venham+5 nº5) – 10%
Jorge Mateus (O Futuro tem 100 Anos) – 6%
Marco Mendes (Tomorrow the Chinese will deliver the Pandas) – 5%


Melhor Desenho Estrangeiro
Niko Henrichon (Fábula de Bagdad) – 34%
Xúlio Das Pastoras (Castaka – Dayal, o Primeiro Antepassado) – 23%
Mike Mignola (Hellboy 6 – O Verme Conquistador) – 15%
Esad Ribic (Silver Surfer – Requiem) – 13%
John Cassaday (Astonishing X-Men 1 – O Regresso) – 11%
Kim Jae-Hawn (Warcraft – Trilogia do Poço do Sol v1) – 4%


Melhor Argumento Nacional
José Carlos Fernandes (Terra Incógnita – A Metrópole Feérica) – 33%
Jorge Miguel (Camões, de vocês não conhecido nem sonhado?) – 26%
João Paulo Cotrim (Vencer os Medos) – 14%
Marco Mendes (Tomorrow the Chinese will deliver the Pandas) – 13%
Ricardo Ferrand (Venham+5 nº5) – 9%
Marcos Farrajota (Noitadas, Deprês e Bubas) – 5%


Melhor Argumento Estrangeiro
Brian K. Vaughan (Fábula de Bagdad) – 28%
Johann Sfar (O Principezinho) – 22%
Alessandro Jodorowsky (Castaka – Dayal, o Primeiro Antepassado) – 18%
Joe M. Straczinsky (Silver Surfer – Requiem) – 13%
Mark Millar (Wanted) – 12%
Denis Bajram (Universal War One 4 – O Dilúvio) – 7%


Melhor Publicação Técnica
Catálogo World Press Cartoon 2008 (vários) – 31%
BDjornal (Pedranocharco) – 23%
10º Porto Cartoon World Festival – Direitos Humanos (Afrontamento) – 21%
João Abel Manta – Caprichos e Desastres (Assírio & Alvim) – 14%
Catálogo 19º Festival Internacional BD da Amadora (CNBDI) – 7%
Arte Digital – Técnicas de Ilustração Digital (FCA) – 4%


Melhor Fanzine
Murmúrios das Profundezas (R’lyeh Dreams) – 23%
Cabeça de Ferro (Imprensa Canalha) – 22%
Colecção Toupeira 04 – A Carga (Bedeteca de Beja) – 18%
The Trute is Aute Der (Dr.Makete) – 14%
Efeméride 03 – Super-Homem no séc.XXI (Geraldes Lino) – 12%
Gambuzine (vol.2) 01 (Teresa Câmara Pestana) – 11%


Melhor Obra Curta
Analepse (Filipe Pina e Filipe Andrade; in Venham+5 nº5) – 27%
O Dia que o Mundo Acabou (José Lopes; in 4 Salas, 4 Filmes) – 20%
Cansado (Ricardo Cabral; in Efeméride 03) – 18%
Super-Carlos (Ken Nimura; in Venham+5 nº5) – 17%
A Luta Continua (Marco Mendes; in Efeméride 03) – 11%
Rádio Medo (Kike Benlloch e Paulo Monteiro; in Venham+5 nº5) – 7%


Melhor Projecto em BD
Plano editorial de publicações Mangá, da Edições Asa – 29%
Projecto BD de Fresco – Aldeia das Amoreiras, pelo Centro de Convergência de Odemira – 25%
Projecto Murmúrios das Profundezas, coord. Rui Ramos – 25%
Exposição Dave McKean – VI Festival Internacional de BD de Beja – 14%
Evento Furacão Mitra, coord. Chili Com Carne e Imprensa Canalha – 4%
Workshop Construção de Action Figures – VI FIBDB, cood. Filipe Messias – 3%

11 junho, 2009

75 anos de Mandrake

Em semana de efemérides, celebra-se hoje o 75º aniversário de Mandrake, o Mágico, um dos mais conhecidos heróis da banda desenhada americana criados por Lee Falk. Personagem criada durante o período da Grande Depressão, só depois da venda dos direitos à King Features Syndicate e o inicio da publicação das suas aventuras em tiras nos jornais americanos, em 11 de Junho de 1934 é que despertou grande interesse. Desenhado por Phil Davis, Mandrake torna-se bastante popular, pela sua figura distinta e enigmática de fraque, capa e cartola - inspirado num ilusionista real de nome Leon Mandrake - que utilizava o hipnotismo e a ilusão como as suas únicas armas e pela exploração do fantástico, com a acção a decorrer por vezes em mundos imaginários distantes e exóticos.

Mandrake juntamente com o seu irmão Derek, passou a sua infância a estudar num mosteiro no Tibete, tendo como mestre Theron, que o iniciou nas artes da magia, ensinando-lhe todos os seus segredos. Um de seus professores, Lúcifer, resolve mais tarde usar os seus poderes para o mal, adoptando o nome "Cobra", tornando-se assim o seu maior inimigo. A acompanhar Mandrake está Lotário (Lothar), um príncipe africano dotado de uma musculatura impressionante, que se torna um dos seus maiores amigos. Mais tarde surge Narda, uma princesa do reino de Cockaigne por quem Mandrake se apaixona, formando assim um trio que percorrerá os quatros cantos do mundo em inúmeras emocionantes aventuras, ainda hoje publicadas em tiras de jornais americanos, escritas e desenhadas actualmente por Fred Fredericks.

09 junho, 2009

Donald Fauntleroy Duck

...ou simplesmente Pato Donald (Donald Duck) comemora hoje 75 anos de idade. Personagem da animação dos estúdios de Walt Disney, teve a sua primeira aparição numa curta-metragem intitulada The Wise Little Hen (A Pequena Galinha Sábia), dirigida por Wilfred Jackson e estreada em 9 de Junho de 1934. Tal como a maioria das personagens do universo Disney, o Pato Donald não tem uma data de aniversário definida, razão pela qual foi assumida esta como data oficial do seu aniversário, apesar de existirem referências em algumas histórias que apontam para o nascimento a uma Sexta-Feira, 13. Nessa curta-metragem, Donald surgiu já com os traços que o viriam a celebrizar: pato branco, bico laranja, camisa de marinheiro, o quépi na cabeça e um temperamento sempre pronto a explodir. A voz original de Donald foi feita por Clarence Nash, um homem que tinha o dom natural para imitar animais, inclusive sons de patos.

O grande sucesso que o seu filme teve, promoveu-o a personagem principal de cartoons publicados diariamente, a partir de 16 de Setembro de 1934, em jornais americanos. A concepção da personagem foi fruto da parceria de dois colaboradores de Walt Disney: Carl Barks e Al Taliaferro, que o fazem crescer como personagem de banda desenhada. O Pato Donald não tem filiação precisa, sabendo-se apenas que foi abandonado ainda bebé à porta da Vovó Donalda, que o criou. Mais tarde passa a ter sobrinhos, uma namorada, um primo sortudo e um tio muito rico. O seu grande sucesso, que se alastrou à Europa, deve-se talvez às suas várias características: azarado e sonhador, corajoso e trapalhão e sobretudo a sua natureza irascível, que se consubstanciam em histórias de muito humor e aventura.

A primeira publicação Disney em Portugal data de 21 de Novembro de 1935. Em pouco menos de um ano, surgiu a revista Mickey que também publicava histórias do Pato Donald. Mas foi em 13 de Maio de 1981, que foi lançada a revista quinzenal Pato Donald, pela editora Morumbi, que ao longo dos anos passou por vários formatos, periodicidades e edições. Actualmente penso que não se publica qualquer história do Pato Donald em Portugal.

05 junho, 2009

Regresso da Devir?!

Segundo uma notícia avançada pelo Celtic, um post datado de 26-05-2009, num suposto blogue das Edições Devir anuncia o ambicioso plano de edições desta editora para o corrente ano:

Junho
  • Black Box Stories Vol. 2, José Carlos Fernandes & Roberto Gomes
  • Sin City Vol. 5 - Valores Familiares, Frank Miller
Setembro
  • Walking Dead Vol. 1, Robert Kirkman
  • Sin City Vol. 6 - Gajas, Copos e Balas, Frank Miller
Outubro
  • Blankets, Craig Thompson
  • Agência de Viagens Lemming, José Carlos Fernandes
  • Sin City Vol. 7 - Inferno, Ida e Volta, Frank Miller

Hum!!... Vamos por partes. O site oficial da editora nada anuncia. O 2º volume das “Black Box Stories” de JCF e Roberto Gomes com o título “Um Boi sobre o Telhado” anunciado para Junho, já foi lançado no passado dia 22 de Maio, na 35ª Feira do Livro do Funchal, com a chancela da... Editora Sétima Dimensão!! Craig Thompson esteve recentemente no FIBDB a autografar o “Blankets” (edição Top Shelff) e nada disse sobre o lançamento da sua obra em português! É verdade que em 2009 sairá em Espanha “A Agência de Viagens Lemming” mas a edição em português espera à anos a sua publicação. Ok, só para dizer que mantenho-me céptico sobre esse anunciado regresso da Devir portuguesa à BD!

“Sin City” volumes 5, 6 e 7? Ui…ver para crer!

31 maio, 2009

Finalmente, o FIBDB...

Beja. Estava prometida à muito a visita ao Festival de BD que anualmente se realiza nesta cidade. Foi este ano e foi ontem. Na boa companhia do Bongop rumei ao coração do Alentejo. A viagem pela planície foi bastante agradável (dispensamos bem o IP8) e o tema de conversa na viagem foi como não podia deixar de ser sobre banda desenhada. Falou-se muito e sobre muita coisa: sobre séries, autores, editoras, blogues, compras, vendas, figuras e figurões! Nem falo sobre as coisas que ficamos a saber durante um almoço!!




Cidade de Beja. 30º graus à sombra. Casa da Cultura. Este amigo também se juntou à festa. Centramo-nos no núcleo principal do Festival, até porque o calor definitivamente não convidava a passeatas pela cidade e os horários de abertura do festival nos restantes pólos (Biblioteca Municipal, Museu Jorge Vieira e Museu Regional) mostraram-se bastante tardios sobretudo para quem vem de fora. Verdade seja dita, também nunca fui adepto da descentralização de eventos nos festivais. Cá por mim, não havia núcleo principal mas sim um núcleo único.



Logo à entrada, um pequeno espaço comercial, bastante parco na oferta. Adorava saber como é que vamos de stocks nas nossas editoras? É que a avaliar pelo que eu (não) vi à venda, presumo que as vendas de algumas séries já tenham ultrapassado todos os patamares mínimos! Ainda assim aproveitei para comprar o “Blankets” por influência daqui. O facto de o autor estar presente, juntou o útil (autografo do autor) ao agradável (+500 páginas de bd)!





O ambiente do festival é bastante agradável, apesar de se mostrar algo alternativo, digo eu! Os autores estrangeiros não tem trabalhos editados em Portugal e alguns dos autores portugueses alinham claramente nesses riscos ditos alternativos. Se as exposições provam que talento não nos falta, e então para quando uma aposta séria em bd a sério, bem sustentada em termos de argumento e de desenho, comercialmente viável, a exemplo do que se produz lá fora? Tome-se por exemplo o “Blankets” de Craig Thompson!

Relativamente às exposições, gostei bastante do trabalho (sobretudo da aplicação de cor) de Deniz Deprez, autor que não conhecia (a imagem em baixo à esquerda foi roubada daqui) e do excelente traço de Gary Erskine (em baixo, à direita), não obstante o “diz que é uma espécie de Batman” que me desenhou no livro de sketch’s. Cruzo-me com caras já conhecidas de outros festivais, porque isto da bd corre-nos no sangue!

As sessões de autógrafos decorrem em tempo razoável. Pela negativa, só mesmo por omissão, e pelas razões referidas anteriormente, o facto de ter falhado as mostras de Hugo Teixeira, Luminus Box, Venham +5 e Voyager na Biblioteca Municipal.



Para a posterioridade, fica aqui o registo de um dia bem passado, num festival simpático e em excelente companhia. O FIBDB tem as portas abertas até ao próximo dia 14 de Junho e uma vasta programação paralela. Aproveitem!

30 maio, 2009

Mundo Tintim

Museu Hergé
No próximo dia 2 de Junho, é aberto ao público um novo espaço destinado a dar a conhecer a vida e a obra do criador de uma das bandas desenhadas mais conhecidas do séc. XX, o belga Georges Remi, mais conhecido pelo pseudónimo de Hergé. Dispondo de três andares e nove salas de exposições, num total de 3600 metros quadrados, o novo Museu Hergé dará a conhecer desenhos, pranchas originais, objectos pessoais, documentos e fotografias, com destaque natural para a sua criação maior: Tintim. Assim poderão "penetrar no mundo de Hergé, descobrir a sua vida, o que amava, as suas viagens, os animais de que gostava, a sua paixão por carros e sobretudo "o homem multifacetado" que ele era, disse na conferência de imprensa Laurent de Froberville, o director do Museu Hergé. Tintim, a criação maior de Hergé, "o artista do século XX", estará naturalmente "omnipresente", mas segundo aquele responsável, o museu quer ir "mais além de Tintim" para dar a conhecer "a obra de Hergé em toda a sua amplitude, que inclui muitas outras personagens, para além das suas criações como desenhador gráfico ou publicitário", e "submergir no seu processo criativo". Falta referir que este novo museu fica situado em Louvain-la-Neuve, nos arredores de Bruxelas.

fonte: Diário de Notícias on-line



Tintim no cinema
Noutras latitudes, encontra-se em filmagens o primeiro filme de uma série dedicada a Tintim. Steven Spielberg e Peter Jackson são os produtores, com o primeiro a realizar o filme inicial, cujo título oficial é «The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn» e que deverá estrear nos cinemas no Natal de 2011. A adaptação filmada em 3D, que tem como tema uma caça ao tesouro, é baseada numa das mais conhecidas aventuras de Tintim, que se encontra divida pelos álbuns «O Segredo do Licorne» e «O Tesouro de Rackham o Terrível». Já há nomes confirmados para o filme. Jamie Bell será o jovem repórter Tintin e vai enfrentar o terrível Red Rackham, interpretado por Daniel Craig. Do elenco fazem parte Simon Pegg e Nick Frost no papel da dupla de detectives Dupont e Dupond, e ainda Gad Elmaleh, Toby Jones e Mackenzie Crook.


Tintim na Rússia
A Rússia foi talvez o último país do mundo aonde chegaram os livros de Tintim, não obstante este herói da BD ter tido a sua primeira aventura precisamente no "País dos Sovietes". O primeiro e, por enquanto, único livro de aventuras de Tintim chegou aos leitores russos apenas em 2004 e chama-se "Os Charutos do Faraó".
Os especialistas russos em história da banda desenhada não têm dúvidas de que este enorme atraso na chegada das aventuras de Tintim à Rússia se deveu ao primeiro álbum de Hergé "Tintim no País dos Sovietes" (1929), obra que esteve proibida na União Soviética por ser considerada "anticomunista" e que pelo mesmo motivo continua a não chegar às mãos dos leitores chineses.
Georges Remi (Hergé) coloca os seus heróis, Tintim e Milú, no período revolucionário em que os comunistas instauravam o poder pela força, tendo-se baseado na obra "Moscou sans voiles", de Joseph Douillet, diplomata belga que viveu e trabalhou durante nove anos na Rússia soviética. Alguns episódios do primeiro álbum de Hergé são uma ilustração exacta de episódios descritos por Joseph Douillet, como, por exemplo, "as eleições democráticas" na aldeia com uma pistola apontada à cabeça. Sendo o diplomata belga um anticomunista, os estudiosos russos de banda desenhada europeia consideram aí residir uma das causas da "falta de qualidade" dessa obra.
"Não obstante a abordagem extremamente pormenorizada [da situação na Rússia soviética], a primeira experiência falhou, pois deu origem a uma banda desenhada bastante primitiva que contém numerosos disparates", como a existência de um agente da polícia política soviétiva OGPU que adora bananas, considera Elena Bulakhtina, reconhecendo, porém, que "há lugares divertidos".
Opinião semelhante tem Mikhail Khatchaturov, chamando a atenção para o facto de "Tintim no País dos Sovietes" ter sido "o único volume da série das Aventuras de Tintin que não foi posteriormente trabalhado e que, durante muito tempo, não foi reeditado".
"Só recentemente ele voltou a ser publicado, muitos anos após a morte do autor, e por isso agora surge orgulhosamente no catálogo da série como o número um", sublinha Khatchaturov.
Não obstante o comunismo ter caído na União Soviética/Rússia há quase 18 anos, Tintim continua a ser desconhecido entre o grande público russo, ao contrário de outros heróis da banda desenhada como Astérix. "Os Charutos do Faraó" foi a primeira e única das aventuras de Tintim a chegar à Rússia com uma edição de cinco mil exemplares, o que é extremamente pouco para um mercado livreiro tão imenso como é o russo.
Tintim parece ter-se irremediavelmente atrasado na sua chegada à Rússia, mesmo sem sovietes.

fonte: Público on-line

28 maio, 2009

Os 125 anos do Zoo


O Zoo de Lisboa está de parabéns pela comemoração de 125 anos de existência. Associado a esta efeméride, saiu hoje juntamente com o jornal Público numa edição em parceira com a ASA, uma proposta bedéfila traduzida no álbum “Jardim Zoológico – 125 Anos”, da autoria, argumento e desenho, de José Garcês, dedicado a espécies em vias de extinção. São cinco curtas histórias sobre cinco espécies animais: o gorila ocidental das terras baixas, o gorila da montanha, o jaguar, o tigre de Sumatra e o tigre da Sibéria.

A utilização da banda desenhada como veiculo na transmissão de uma mensagem revela-se aqui bastante pedagógica, uma vez que o objectivo do álbum passa por dar a conhecer o habitat natural destas espécies e identificar os perigos reais que põe em causa a sua sobrevivência e, simultaneamente sensibilizar o leitor para a importância e contributo dos Zoo’s enquanto instituições cuja função principal passa também pela preservação, conservação e reprodução de espécies selvagens ameaçadas de extinção.

Ainda que as histórias sejam apresentadas de uma forma bastante resumida, focando apenas o essencial, com ausência de uma sequência narrativa, a arte de José Garcês no desenho de animais compensa, e o propósito subjacente a este álbum, transformam-no numa interessante proposta de leitura.

Jardim Zoológico – 125 Anos
Autor: José Garcês, desenho e argumento
Álbum único, cores, capa mole
Editora: ASA/Público, 1ª edição de Maio de 2009

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