21 janeiro, 2010

«Alix» na nova colecção do Público

A coincidir com a triste noticia do falecimento do autor Jacques Martin, o jornal Publico revelou hoje que a série ALIX, que conta as aventuras de um jovem gaulês no tempo da Antiga Roma, será a próxima colecção de banda desenhada a ser editada no âmbito parceria ASA/Público.
 
A Colecção «Alix» terá inicio em Março, será composta exclusivamente pela reedição dos álbuns publicados pelas Edições 70, num total de 16 álbuns, de capa mole, com um preço de capa de € 6,40 a partir do 3º álbum , uma vez que os dois primeiros volumes terão um preço promocional de lançamento de € 4,95.
 
Devo dizer sobre esta colecção, que se trata, primeiro de um excelente trabalho de Jacques Martin, que nos traz Roma Antiga retratada com rigor, mas que peca se tratar exclusivamente da reedição de álbuns, não apresentando qualquer inédito.
 
Por outro lado, apresenta-se também com faltas. O  11º álbum desta colecção corresponde ao 13º álbum da colecção original; o 12º corresponde ao 14º álbum da colecção original; o 13º corresponde ao 15º da colecção original; o 14º corresponde ao 16º da colecção original; o 15º ao 18º da colecção original e finalmente o 16º ao 19º da colecção original. Editar 16 álbuns numa cronologia de 19 não se percebe.
 
No meio disto tudo, salva-se o facto da nova colecção poupar à leitura e ao desgaste os antigos álbuns das Edições 70. É o chamado prémio de consolação!

 
 
Fica a listagem completa dos títulos que compõem a colecção «Alix»:
  1. Alix o Intrépido (corresponde ao n.º 1 na colecção original)
  2. A Esfinge de Ouro 
  3. A Ilha Maldita
  4. A Tiara de Oribal
  5. Garra Negra
  6. As Legiões Perdidas
  7. O Último Espartano
  8. O Túmulo Etrusco
  9. O Deus Selvagem
  10. Iorix, O Grande 
  11. O Espectro de Cartago 
  12. O Deus Vulcão 
  13. Herkios, o Jovem Grego 
  14. A Torre de Babel (n.º 16 da colecção original)
  15. Vercingétorix (n.º 18)
  16. O Cavalo de Tróia (n.º 19)

Jacques Martin (1921-2010)

Este inicio de ano está a ficar irritavelmente marcado pelo desaparecimento de grandes nomes da bd franco-belga.

Primeiro foi Tribet, e hoje é a triste notícia da morte de um dos últimos desses grandes nomes: Jacques Martin.

Excelente desenhador, criou, entre outros, a popular série ALIX, com vendas totais superiores a 15 milhões de álbuns, cuja acção decorria na Antiga Roma, e que se caracterizava pelo enorme rigor histórico que o seu autor a delineou.

Na colecção original, ALIX conta publicados um total de 28 álbuns, dos quais 21 encontram-se publicados em Portugal, através das Edições 70 (dezanove álbuns) e ASA (dois álbuns).

13 janeiro, 2010

Kick-Ass

Tenho por regra, só falar aqui no blogue de edições de bd’s publicadas em língua portuguesa, o que não invalida que por vezes sinta necessidade de destacar uma qualquer edição estrangeira. Hoje é uma dessas excepções. A razão é simples: divirto-me a ler o comic e a história foi adaptada ao cinema. O filme é um dos mais esperados por mim para ver este ano. O seu nome, como já puderam observar, é “Kick-Ass”.

Com o selo da ICON da editora MARVEL, surge-nos a história de Dave Lizewski, um normal estudante de liceu igual a tantos outros, fan de super-heróis, que inspirado nos comics que lê, resolve tornar-se ele próprio num super-herói de verdade. “Why do people want to be Paris Hilton and nobody wants to be Spider-man?” interroga-se. Afinal, vestir uma máscara e ajudar as pessoas tão deve ser assim tão difícil. Mas Dave, logo na sua primeira confrontação, é fortemente espancado e esfaqueado por um gang e na atrapalhação da fuga é ainda atropelado por um carro. Após uma longa recuperação, retoma a sua dupla identidade, e após uma, desta vez, bem sucedida intervenção, torna-se objecto de curiosidade por parte da comunicação social e colecciona fans na sua página na internet. É desta vida dupla e do mediatismo que lhe proporciona que Dave se alimenta. Nasce aqui “Kick-Ass”. Um super-herói sem poderes movido por uma vontade férrea de combater o crime. E uma coisa leva a outra e “Kick-Ass” conhece outros “vigilantes” (destaco aqui a pequena Hit-Girl) que se movem por uma vontade mais forte. E o que se segue são explosões de violência que terminam invariavelmente em banhos de sangue. “Kick-Ass” é uma história brutal, ultra-violenta, com sequências de imagens dos confrontos entre o “bem” e o “mal” a atingirem níveis extremos, como nunca vi em banda desenhada. Vale tudo!

Mark Millar (Wanted) explora a ideia da existência de “super-herois” num mundo real, numa narrativa pretensamente realista, mas cujo o resultado conseguido, invariavelmente subverte algumas regras, se falarmos de capacidade humana e dos seus limites, sobretudo em termos de capacidade de fazer e principalmente capacidade de sofrer. Com a violência que o desenho (este sim realista) do excelente John Romita Jr. (Amazing Spider-Man) nos transmite, não é credível que qualquer pessoa humana, depois de fortemente espancada, esfaqueada e brutalmente atropelada, numa forte sequência, ainda sobreviva para contar a história. Mas no mundo da banda desenhada, esta história de extremos, com múltiplas referências ao universo dos super-heróis de papel, é de leitura deliciosa e intensa!

Segue-se a (inevitável) adaptação ao cinema, que não sei se visualmente será tão forte como o comic, mas que espero que seja uma boa e credível adaptação. Para já as garantias são dadas por Matthew Vaughn na realização e por um elenco com os nomes de Nicolas Cage, Chloe Moretz, Aaron Johnson, Christopher Mintz-Plasse, Mark Strong e Xander Berkeley. A estreia do filme nos Estados Unidos está prevista para Abril deste ano. Em Portugal ainda não está agendada… mas vai estar!

Se despertei a vossa curiosidade, regozijai-vos:




06 janeiro, 2010

O ESTADO DA ARTE EM 2009

Começo por concluir que não foi um ano particularmente rico em termos de edição bedéfila, mas que trouxe álbuns de muita qualidade. Ainda que persista a política de reedições, que em meu entender e com algumas excepções, pouco valor trazem, a mais-valia foi que se inverteu uma tendência do que se verificou em 2008. Tivemos mais novidades e menos reedições. E a cereja no topo do bolo foi que se fecharam algumas colecções. Sem querer ser exaustivo, passo então revista ao ano que findou!
 
É sabido que em Portugal, é a ASA, por força do seu catálogo, que marca o ritmo. Bem, se o marcou foi um ritmo lento. Em doze meses do ano, tivemos, feitas as contas… uma mão-cheia de novos álbuns estrangeiros. Não é mau mas é pouco. Por razões diferentes destaco aqui alguns. O excelente “A Teoria do Grão de Areia – Tomo 1” que marca o regresso da dupla Schuiten e Peeters ao universo arquitectónico das “Cidades Obscuras”, série que figura no panteão do melhor que a BD franco-belga tem produzido. É indiscutivelmente uma das edições do ano e inclusive, foi a vencedora do prémio na categoria do “Melhor Álbum Estrangeiro" no 20º Amadora BD. A segunda e conclusiva parte da história é aguardada para o corrente ano. O “Quatro” de Enki Bilal, que, finalmente, encerrou a Tetralogia do Monstro (nota: 1ª série fechada) E uma palavra também para o sofrível álbum comemorativo do 50º aniversário de Asterix. Não pela falta de história só confirmou que Uderzo à muito que já chegou ao fim da linha (em tempos de renovação, aguarda-se agora por melhores álbuns desta personagem), mas porque o intitulado “Livro de Ouro” foi um campeão de vendas em Portugal em 2009. Depois da primeira edição (anunciada) de 60.000 exemplares, já vi à venda uma 2ª edição. Para o álbum que é só me oferece dizer que estes lusitanos devem estar doidos!!! A parceria ASA/Público continuou e produziu a oportuna colecção “Passageiros do Vento” de Bourgeon que trouxe dois álbuns inéditos, sendo que o 2º é lançado amanha e fecha a colecção (nota: 2ª série fechada). Quanto à colecção “Clássicos do Tintin”, considero-a perfeitamente dispensável, porquanto a edição de histórias soltas “canta mas não encanta”. A edição de autores nacionais continua tímida. A aposta da ASA, foi para “BRK”, que marcou a estreia de uma nova dupla, Filipe Pina (argumento) e Filipe Andrade (desenho) e “Asteroid Fighters – O inicio” de Rui Lacas. Enquanto que no primeiro caso, estamos perante uma história com uma linha narrativa oca, onde nada evolui mas que é compensado com uma boa parte gráfica; no segundo álbum verifica-se precisamente o contrário, um argumento interessante, de rápido desenvolvimento, mas com pranchas onde o desenho por vezes raia o sofrível. Lacas já nos habitou a bem melhor. Teria assim de juntar o melhor dos dois para se obter um bom álbum de BD nacional. Como em ambos os casos, a conclusão das histórias deixa em aberto uma possível continuação, devo dizer que a fasquia da qualidade terá ser elevada para que se justifique os segundos volumes.
 
Pela mão da KingpinBooks, fica o lançamento de “Mucha” de David Soares, Osvaldo Medina e Mário Freitas, um curto registo de terror, numa interessante história de repulsa, bem suportada no desenho de Osvaldo, que merecia um melhor desenvolvimento com um outro final, mais, talvez, arrepiante.
 
Verificou-se também uma tendência para o aumento da publicação de bd’s de temáticas com o patrocínio de Câmaras Municipais, com o objectivo declarado de dar a conhecer figuras, lendas e histórias que fazem parte do nosso património cultural. Moura, Arronches, Amarante ou Tomar são alguns dos felizes exemplos.
 
Bastante discretas mas activas estiveram as editoras BDMania/VitaminaBD. A primeira que continua a explorar o universo Marvel, lançou, entre outros, uma luxuosa edição de “Marvels” de Kurt Busiek e Alex Ross, a origem do universo Marvel (re)vista pelo olhar do cidadão comum. De leitura obrigatória; a segunda, continua muito bem a dispor do seu catalogo franco-belga. Primeiro, com “Matteo” de Gibrat, continuou com a conclusão da série “O Diabo dos Sete Mares” de Hermann (nota: 3ª série fechada) e terminou o ano em beleza com o regresso do universo Incal, com os álbuns “As Armão do Metabarão” e o primeiro volume de “Final Incal”. Uma palavra também para o incansável Manuel Caldas, e o seu incondicional amor pelos clássicos da BD, que nos deu a ler “Tarzan dos Macacos” a primeira aventura desenhada desta personagem; o segundo álbum de “Lance” que prima pelo magnifico trabalho de restauração de cores; e “Krazy Kat” ou como repetindo exaustivamente a mesma situação se cria uma das mais invulgares strip comics alguma vez desenhadas.
 
Em resumo, um ano pautado mais pela qualidade do que pela quantidade e que haja mais assim!
E o que esperar para 2010?
 
 A avaliar pelas intenções já manifestadas, as perspectivas são de + boa leitura. Da parte da ASA, começa já amanha, conforme referido, com a publicação de "A Menina de Bois-Caïman - livro 2", o sétimo e último álbum da colecção “Passageiros do Vento”. Depois segue-se "Borgia 2" cuja edição já constava no plano editorial da editora para 2009. É também é quase certa a edição da “Teoria do Grão de Areia – Tomo 2” até porque os autores serão convidados do 21º Amadora BD. Teremos ainda uma nova colecção (reedição, pois claro) pela parceria ASA/Público. Para a VitaminaBD esperam-se as conclusões de “Universal War” e de “Incal Final”. A KingpinBooks já anunciou o lançamento da conclusão de “A Fórmula da Felicidade”. E depois em ano de comemoração do Centenário da Republica, é certo que não faltarão edições associadas ao tema. Portanto renovam-se os motivos de interesse. Para finalizar, deixo então registadas a minha escolha dos Melhores Álbuns editados em Portugal ao longo de 2009:
  • A Teoria do Grão de Areia – Tomo 1, de Schuiten e Peeters, ASA
  • Matteo, de Gibrat, VitaminaBD
  • Marvels, Kurt Busiek e Alex Ross, BDMania
  • Colecção “Passageiros do Vento”, de François Bourgeon, Publico/ASA
  • Krazy+Ignatz+Pupp: Uma Kolecção de Pranchas a Kores, de George Herriman, Libri Impressi
Boas Leituras!

04 janeiro, 2010

Tibet (1931-2010)

O ano de 2010 começa com triste notícia do falecimento do autor Gilbert Gascard, mais conhecido no mundo da banda desenhada franco-belga pelo pseudónimo de Tibet.

Versátil, elegante e incansável desenhador, criou em 1955, juntamente com André-Paul Duchâteau, o repórter detective Ric Hochet, cujas aventuras contam com mais de 70 álbuns publicados.

Entre nós, as aventuras de Ric Hochet têm sido publicadas de forma bastante irregular. O primeiro álbum foi editado em 1972 pela Bertrand que posteriormente editou mais quatro aventuras, seguiu-se depois a Edições Dom Quixote (2 álbuns), Futura (mais 2 álbuns), Correio da Manha (volume com 4 aventuras) e mais recentemente, em 2009, através da colecção “Clássicos da Revista Tintin” foram publicadas mais duas aventuras.

Para recordar Tibet, o melhor é ler Ric Hochet, pelo que deixo aqui a lista completa dos álbuns publicados em Portugal com a indicação da respectiva editora e ano de publicação:

- Ric Hochet contra o Carrasco (Bertrand, 1972)
- Os 5 fantasmas (Bertrand, 1972)
- Investigação no Passado (Bertrand, 1974)
- O Monstro de Noireville (Bertrand, 1975)
- Os signos do medo (Bertrand, 1976)
- Operação 100 Biliões (D. Quixote, 1983)
- Fantasma do Alquimista (D. Quixote, 1983)
- Alerta Extraterrestres (Futura, 1988)
- Inimigo através dos séculos (Futura, 1989)
- Os Espectros da Noite / O Escândalo Ric Hochet (Colecção Série Ouro – Correio da Manha, 2005) (*)
- Uma Armadilha para Ric Hochet / Ric Hochet contra “O Serpente” (ASA/Público, 2009)


(*) O volume 10 – Ric Hochet da colecção Série Ouro do Correio da Manha, inclui ainda as histórias "Investigação no Passado" e "Inimigo através dos Séculos".

02 janeiro, 2010

Tarzan dos Macacos


Uma das propostas de leitura do ano que passou, foi a edição em capa mole pela Libri Impressi de Manuel Caldas, da primeira adaptação a banda desenhada do conto “Tarzan dos Macacos”, de Edgar Rice Burrroughs, por Harold R. Foster, criador do Príncipe Valente, e que foi publicado inicialmente em tiras de jornais em Março de 1929.

É um álbum importante porque vem colmatar uma falha na edição bedéfila nacional, porque não obstante as aventuras de Tarzan terem sido publicadas nas mais variadas colecções e editoras – a estreia aconteceu nas páginas do Diabrete em Outubro de 1941 – a verdade é que a primeira história encontrava-se ainda inédita em português.

Considerada como a primeira banda desenhada realista, Tarzan dos Macacos, mostra-nos um Foster em inicio de carreira, com um traço bruto, a preto e branco, ainda bastante longe do recorte fino e perfeccionista que anos mais tarde irá aplicar nas aventuras do Príncipe Valente. A verdade é que Foster soube interpretar bem o conto de Burroughts imprimindo-lhe, através de um desenho expressivo, uma dinâmica de aventura onde a força das imagens quase que dispensam o texto que dirige a narrativa, no rodapé de cada vinheta. A história de Tarzan é um clássico. Um rapaz criado na selva pelos grandes símios africanos, que conquista o seu lugar dentro da tribo, e que resolve iniciar uma procura pela sua verdadeira identidade, acabando no fim por retornar aquela que considera ser a sua casa.

Já possuía uma versão desta história - edição brasileira da EBAL de 1975, intitulada “A Primeira Aventura de Tarzan aos Quadradinhos” - pelo que por comparação, percebo o trabalho de restauração levado a cabo por Manuel Caldas, que conforme explica recorreu a quatro fontes diferentes - as tiras originais perderam-se no tempo - para que tivesse sido possível apresentar as vinhetas com a qualidade de impressão que exibem nesta edição.


Resulta assim desta edição da primeira aventura de Tarzan, uma leitura bastante agradável, com um único senão derivado da opção do editor em dispor as tiras na vertical ocupando assim duas folhas. Seguindo a tendência natural de ler uma página de cada vez, faz com que se salte a meio de uma tira para o inicio de outra, sem se ter concluído a leituras de todas as vinhetas. Torna-se confuso enquanto não nos mentalizamos desta arrumação.

Tarzan dos Macacos
Autor: Harold R. Foster (desenho)
Álbum único, capa mole, preto e branco
Edição Libri Impressi, Novembro de 2009


A minha nota:

Tarzan dos Macacos


Uma das propostas de leitura do ano que passou, foi a edição em capa mole pela Libri Impressi de Manuel Caldas, da primeira adaptação a banda desenhada do conto “Tarzan dos Macacos”, de Edgar Rice Burrroughs, por Harold R. Foster, criador do Príncipe Valente, e que foi publicado inicialmente em tiras de jornais em Março de 1929.

É um álbum importante porque vem colmatar uma falha na edição bedéfila nacional, porque não obstante as aventuras de Tarzan terem sido publicadas nas mais variadas colecções e editoras – a estreia aconteceu nas páginas do Diabrete em Outubro de 1941 – a verdade é que a primeira história encontrava-se ainda inédita em português.

Considerada como a primeira banda desenhada realista, Tarzan dos Macacos, mostra-nos um Foster em inicio de carreira, com um traço bruto, a preto e branco, ainda bastante longe do recorte fino e perfeccionista que anos mais tarde irá aplicar nas aventuras do Príncipe Valente. A verdade é que Foster soube interpretar bem o conto de Burroughts imprimindo-lhe, através de um desenho expressivo, uma dinâmica de aventura onde a força das imagens quase que dispensam o texto que dirige a narrativa, no rodapé de cada vinheta. A história de Tarzan é um clássico. Um rapaz criado na selva pelos grandes símios africanos, que conquista o seu lugar dentro da tribo, e que resolve iniciar uma procura pela sua verdadeira identidade, acabando no fim por retornar aquela que considera ser a sua casa.

Já possuía uma versão desta história - edição brasileira da EBAL de 1975, intitulada “A Primeira Aventura de Tarzan aos Quadradinhos” - pelo que por comparação, percebo o trabalho de restauração levado a cabo por Manuel Caldas, que conforme explica recorreu a quatro fontes diferentes - as tiras originais perderam-se no tempo - para que tivesse sido possível apresentar as vinhetas com a qualidade de impressão que exibem nesta edição.


Resulta assim desta edição da primeira aventura de Tarzan, uma leitura bastante agradável, com um único senão derivado da opção do editor em dispor as tiras na vertical ocupando assim duas folhas. Seguindo a tendência natural de ler uma página de cada vez, faz com que se salte a meio de uma tira para o inicio de outra, sem se ter concluído a leituras de todas as vinhetas. Torna-se confuso enquanto não nos mentalizamos desta arrumação.

Tarzan dos Macacos
Autor: Harold R. Foster (desenho)
Álbum único, capa mole, preto e branco
Edição Libri Impressi, Novembro de 2009


A minha nota:

29 dezembro, 2009

Lançamento ASA: A Menina de Bois-Caïman – Livro 2

É oficial! E é talvez o primeiro lançamento do novo ano. Da série OS PASSAGEIROS, a continuação da história de Isa já tem data marcada, com a publicação do novo álbum A MENINA DE BOIS-CAÏMAN - Livro 2, de François Bourgeon no próximo dia 7 de Janeiro, numa edição da ASA juntamente com o jornal Público.

O ano é de 1863 e a Guerra da Secessão que opõe os Estados Confederados do sul ao resto dos Estados Unidos continua. Dos poucos locais seguros longe da guerra, está a quinta de Lananette, junto ao Mississipi, agora habitada pela quase centenária Isa e a sua bisneta Miss Zabo. Isoladas, as duas desenvolvem uma relação temperamental e divergente, mas tudo começa a melhorar quando Isa, aos poucos, lhe revela as dolorosas e dramáticas aventuras que assombram seu passado.

O novo álbum apresenta um preço de capa de € 9,90 e tem o mesmo formato dos que foram editados recentemente todos os anteriores álbuns na colecção Passageiros do Vento

Com este sétimo volume fica integralmente publicada em português, até à data, aquela que seguramente é uma das melhores histórias da banda desenhada franco-belga.

A emissão segue dentro de momentos...
A emissão segue dentro de momentos...

05 dezembro, 2009

Lançamentos 2


A editora VitaminaBD aproveitou também o 15º aniversário da “irmã” BDMania para lançar três novos álbuns. Começo por destacar o regresso à edição portuguesa do fantástico universo Incal, criado por Jodorowsky e Moebius. Dois dos novos álbuns centram-se exactamente neste mundo de ficção-cientifica: o one–shot As Armas do Metabarão do trio Jodorowsky, Charest e Janjetov, que conta a história do último descendente das casta dos Metabarões e a forma como reuniu em si as armas mais poderosas do universo; e o primeiro “Incal Final” intitulado Os Quatro John Difool de Jodorowsky e Ladrönn, que promete novas desaventuras do herói mais improvável do Universo John Difool, numa série que se espera a continuação.


O terceiro lançamento da editora é Vassya o mais recente álbum da excelente série A Herança de Bois-Maury, do belga Hermann, que conta as histórias dos vários membros da família Bois-Maury, e cuja acção decorre durante a Idade Média. Recordo aqui, que apesar da série não estar totalmente editada em Portugal, os dois anteriores álbuns (“Rodrigo” e “Dulle Griet”) foram já publicados por esta editora.

Boas Leituras!

Lançamento BDMANIA: MARVELS

De volta aqui às lides bloguísticas para informar que o mês de Dezembro começou com boas notícias para os leitores de banda desenhada.

A BDMANIA decidiu celebrar o seu 15º aniversário da melhor maneira e lançou agora uma luxuosa edição do clássico «MARVELS», escrito por Kurt Busiek e magnificamente desenhado por Alex Ross, uma obra incontornável na banda-desenhada americana.

«Marvels» mostra o inicio do universo Marvel Comics, sob o olhar de um jovem fotojornalista, que em 1939, é testemunha privilegiada do aparecimento de nova ordem com o surgimento de indivíduos dotados de estranhos poderes, que mais tarde serão conhecidos por super-herois.

De leitura obrigatória e com lugar cativo em qualquer boa bedeteca.

Ficha técnica:
MARVELS
De Kurt Busiek e Alex Ross
Capa dura, cores.
ISBN 9789898046154
PVP: € 20,50
Editora BDMANIA

30 novembro, 2009

Os 35 anos de Wolverine

Não podia deixar fechar Novembro sem fazer aqui referência ao 35º aniversário do aparecimento de Wolverine. Um mutante com um sentido animal, que se rege pelos seus próprios códigos de conduta, dotado de um factor de regeneração que lhe permite recuperar de quaisquer ferimentos e de garras retrácteis revestidas a adamantium, que resolve todos os seus problemas com a violência que achar necessária.

Criado por Len Wein e desenhado por Herb Trimpe e John Romita Sr., tecnicamente, a sua primeira apresentação, foi uma fugaz aparição na última página do comic The Increditle Hulk # 180 (publicado em Outubro de 1974), mas é no número seguinte (The Incredible Hulk # 181 de Novembro) onde se regista a sua primeira grande participação, no papel de super-agente ao serviço do governo canadiano, logo numa confrontação com o gigante Hulk. Mais tarde é integrado na nova equipa de mutantes X-Men liderados pelo professor Charles Xavier (Giant-Size X-Men # 1).

Wolverine aliás Arma-X aliás Logan aliás James Howlett tem um passado misterioso, que tem sido revelado aos poucos em várias histórias, por inúmeros autores, aos longo destes 35 anos de existência. É preciso juntar os melhores pedaços para se perceber as origens de Wolverine.

Uma das sagas mais memoráveis deste herói, intitula-se “Arma-X” (Marvel Comics Presents # 72) e foi escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. Aqui surge-nos um Logan, nos inícios dos anos 60, alcoólico e recentemente desmobilizado do exército, que é raptado e sujeito a uma série de drogas, testes e experiências no qual o seu esqueleto foi revestido com adamantium. Wolverine é apresentado então como a consequência de uma experiência falhada na criação de um super-soldado num projecto designado de Arma-X.
Outra importante história é aquela onde é contada a origem de Wolverine. Escrita por Paul Jenkins, Bill Jemas e Joe Quesada e desenhada por Andy Kubert e Richard Isanove, “Wolverine: Origem” (reunida num único álbum e publicada em Portugal pela Devir, Dezembro de 2004), revela que Wolverine é na verdade James Howlett, nascido no Canadá e filho de boas famílias, vítima de um drama familiar, provocado por um triângulo amoroso, cujo desfecho termina num banho de sangue, com o filho a matar o verdadeiro pai (que ele desconhece) que por sua vez tinha morto o padrasto (que ele julgava ser o seu pai) e o suicídio da mãe.

O seu papel de anti-herói contribuiu para o desenvolvimento da indústria de comics e apesar dos altos e baixos na qualidade das suas histórias não o impedem de ser actualmente uma das mais consistentes e das mais populares personagens do universo Marvel. Nas suas modestas palavras: "I’m the best there is at what I do, but what I do isn’t very nice".

21 novembro, 2009

Krazy + Ignatz + Pupp: Uma Kolecção de Pranchas a Kores

O editor Manuel Caldas continua a sua “missão” de recuperar, restaurar e publicar clássicos da BD americana. A sua mais recente edição é dedicada a Krazy Kat, uma comic strip criada por George Herriman e publicada entre 1913 e 1944, sob a forma de tiras diárias, em jornais americanos. As histórias, simples, contam, num registo humorístico muito próprio, sobre o relacionamento de Krazy Kat com estranho rato de nome Ignatz, cujo maior prazer é atirar tijolos à cabeça do gato, que por sua vez interpreta isso como uma demonstração de amor. Depois temos Pupp, um cão polícia, cuja missão é manter a ordem e evitar (nem sempre com sucesso) que Ignatz atire tijolos a Krazy. Portanto, um estranho e divertido triângulo de relações, que apresenta como particularidade o facto de muitas vezes o autor subverter a narrativa, interagindo com as próprias personagens.

Ao longo de 48 páginas, este livro apresenta-nos 42 pranchas de Krazy Kat a cores, restauradas e legendadas por Manuel Caldas e traduzidas por João Ramalho Santos, incluindo um desdobrável que reproduz a cores uma prancha de Krazy Kat no exacto tamanho em que foi desenhada.

Aos interessados, atendendo às especificidades do nosso mercado de distribuição, informo que garantidamente que é mais fácil encomendar o livro directamente ao editor aqui do que encontra-lo nas lojas.

Krazy + Ignatz + Pupp: Uma Kolecção de Pranchas a Kores

O editor Manuel Caldas continua a sua “missão” de recuperar, restaurar e publicar clássicos da BD americana. A sua mais recente edição é dedicada a Krazy Kat, uma comic strip criada por George Herriman e publicada entre 1913 e 1944, sob a forma de tiras diárias, em jornais americanos. As histórias, simples, contam, num registo humorístico muito próprio, sobre o relacionamento de Krazy Kat com estranho rato de nome Ignatz, cujo maior prazer é atirar tijolos à cabeça do gato, que por sua vez interpreta isso como uma demonstração de amor. Depois temos Pupp, um cão polícia, cuja missão é manter a ordem e evitar (nem sempre com sucesso) que Ignatz atire tijolos a Krazy. Portanto, um estranho e divertido triângulo de relações, que apresenta como particularidade o facto de muitas vezes o autor subverter a narrativa, interagindo com as próprias personagens.

Ao longo de 48 páginas, este livro apresenta-nos 42 pranchas de Krazy Kat a cores, restauradas e legendadas por Manuel Caldas e traduzidas por João Ramalho Santos, incluindo um desdobrável que reproduz a cores uma prancha de Krazy Kat no exacto tamanho em que foi desenhada.

Aos interessados, atendendo às especificidades do nosso mercado de distribuição, informo que garantidamente que é mais fácil encomendar o livro directamente ao editor aqui do que encontra-lo nas lojas.

20 novembro, 2009

Lançamento ASA: As Aventuras de Blake & Mortimer, Vol. 19 - A Maldição dos Trinta Denários (Tomo1)

É hoje colocado á venda em Portugal (a par com a França e Bélgica) o 19º álbum da colecção Blake e Mortimer, A Maldição dos Trinta Denários, da autoria de Van Hamme no argumento e de René Sterne (entretanto falecido) e Chantal De Spiegelee no desenho. O mote, para o regresso desta excelente dupla criada por Edgar P. Jacobs, é a sensacional descoberta arqueológica do que se julga ser os denários pagos a Judas pela sua traição a JC. De regresso, após uma espectacular fuga da prisão, está também Olrik. As primeiras páginas desta nova aventura, na sua edição francesa, podem ser vistas aqui.

Repetindo o que já anteriormente tinha sido feito no álbum que antecedeu este, O Santuário de Gondwana, a edição portuguesa apresenta-se com a singularidade de ter duas capas diferentes, a original (ver aqui) e outra de venda exclusiva nas lojas FNAC (ver imagem acima).

De referir que esta nova aventura encontra-se dividia em duas partes, e a segunda está previsto o seu lançamento apenas para inícios de.... 2011, portanto isto é para ler com calma!!!

16 novembro, 2009

O Aniversário de Asterix e Obelix - O Livro de Ouro

Foi anunciado com pompa e circunstancia porque a efeméride também assim o exigia, ou não se tratasse do 50º aniversário de uma das personagens mais populares da BD. Assim, os 50 anos de Asterix e Obelix foram o pretexto para o seu sobrevivo autor Albert Uderzo, editar o 34º álbum da colecção. O Livro de Ouro é um álbum que já ninguém esperava, sobretudo depois disto, mas agora depois de o ter lido também digo… dispensava!

É verdade que o desenho de Uderzo continua elegante como sempre nos habituou, e é talvez o que melhor se aproveita deste álbum, porque o principal problema prende-se (como sempre) com o argumento, e neste “Livro de Ouro”, manifestamente com a falta dele.

Uderzo quis fazer uma apologia aos seus heróis. E nos preparativos para a festa surpresa de aniversário, faz desfilar ao longo das páginas do álbum, todo o universo de personagens que, ao longo de 50 anos de aventuras, se cruzaram com Asterix e Obelix. Apesar das boas intenções, o resultado é uma narrativa pouco conseguida para onde foram sendo "despejadas" personagens,. Valeu inclusive o aproveitamento de um pequeno "guia de viagens" escrito por Goscinny. A estrutura do álbum encontra-se alicerçada no somatório de pequenas histórias que se vão ligando, intervaladas com a introdução de pequenos “gags” e paródias promovidas pelo autor, nem sempre bem conseguidas, diga-se, o que manifestamente contribui para algum desinteresse na sua leitura.

Curiosamente, é no álbum que celebra a festa o único da colecção onde a vinheta final não mostra o famoso banquete dos gauleses. Ficamos assim sem imagens, daquilo que o próprio Uderzo definiu como “o maior banquete festivo já preparado pelos irredutíveis gauleses”.





Em resumo, este Livro de Ouro, que eu classifico como um (último) delírio fantasioso de Uderzo, não é a melhor das despedidas, mas ironicamente relembra-nos que a seu melhor talento é o desenho e não o argumento. Uma vez que o autor cedeu os direitos de publicação da personagem, permitindo assim que as aventuras de Asterix continuem mesmo depois da sua morte, abre-se uma nova etapa, com outros autores, argumentistas e desenhadores, de quem se espera que consigam recuperar o humor de velhos tempos!

O Aniversário de Asterix e Obelix - O Livro de Ouro
De UDERZO, Albert
Álbum n.º 34, Cores, Capa Dura
Editora ASA, 1ª edição de Outubro de 2009

A minha nota:

11 novembro, 2009

As "notas" esmiúçam o Amadora BD – parte III

Terminada que está a 20º edição, e no mais redundante texto sobre o festival, dou aqui por terminado, o conjunto de crónicas sobre o agora designado Amadora BD. A minha primeira nota vai para o público visitante. Ou melhor, para o muito público que passou pelo Fórum Luís de Camões, nestes últimos 16 dias. Não sei se tal corresponde a um maior interesse pela BD em Portugal, mas é um sinal muito positivo da importância e do espaço próprio que o Amadora BD soube construir ao longo destes últimos 20 anos. Atribuo talvez este êxito ao próprio modelo multifacetado do festival que se desdobra na realização de vários eventos, o que acaba por agradar a diferentes públicos.

Não obstante o sucesso, os vinte anos de experiência, o modelo do Amadora BD continua a apresentar, na minha opinião, algumas falhas. Uma delas prende-se logo com a política de descentralização das exposições do festival. Ponho sobretudo em causa a sua eficácia em termos de visibilidade. O fim a que se destinam estas exposições é serem vistas por um público bedéfilo interessado e conhecedor, público esse que se encontra reunido no núcleo central. Assim, pergunto porquê privar este público em detrimento de uma necessidade camarária de justificar a utilidade de outros espaços? Não haverá ao longo do ano quaisquer outros eventos capazes de dar uso devido aos restantes equipamentos do município?

A edição deste ano alicerçou-se na comemoração de vários aniversários redondos. A começar pelo aniversário do próprio festival. Sob o tema central o Grande Vigésimo decorreu a exposição principal, uma mostra bastante sóbria que valeu sobretudo pelos originais reunidos na colecção do CNBDI. Poderia ter-se mostrado os trabalhos dos primeiros premiados, mas preferiu-se outra abordagem. Outra data redonda foi a dos “50 anos de carreira de Maurício de Sousa”. O pai da Mónica é quase “prata da casa” do festival. Foi devidamente homenageado (o próprio Maurício fez questão de partilhar esse momento via twitter e até revelar o interesse do município da Amadora em ter um parque da Mónica na cidade). Claro está, a “sua” exposição, com um elevado número de pranchas originais, foi uma mais bem conseguidas do festival.


Outra exposição que se destacou foi a dedicada a Lepage, vencedor do prémio de “Melhor Álbum Estrangeiro” da edição do ano anterior. Os originais expostos despertaram-me para este autor. As esplêndidas cores que exibiam contrastavam em absoluto com a palidez da versão papel dos álbuns editados em Portugal pela ASA, que agora sim podemos dizer que deixam muito a desejar.
Uma palavra também Rui Lacas e Osvaldo Medina, cujo talento encontrava-se bem evidenciado em espaços próprios bem construídos e com motivos cénicos, que sempre ajudam na criação da atmosfera própria que emana do universo dos autores.

O bom resultado da política de parcerias promovida pelo Amadora BD teve finalmente expressão na surpreendente mostra colectiva de autores polacos intitulada “Komics” que nos revelou o grande potencial da BD polaca. Contribuiu também a presença de Zbiniew Kasprzak (é mais fácil trata-lo por Kas) e da Grazyna Kasprzak (Graza) nas sessões de autógrafos, que fizeram justiça à qualidade da exposição. Verdade seja dita, valeram o tempo de espera na fila. Foram do melhor que já tenho visto. Ele desenha, ela pinta, e o resultado são pequenas obras de arte. Infelizmente, não temos nada publicado em Portugal e incompreensivelmente na zona comercial, edições francesas nem vê-las.

No lado oposto ao que foi bem feito, tivemos a mostra (das mais beras que já tenho visto) destinada a celebrar os “50 anos de Asterix”. Pela expectativa que se tinha criado em função da enorme popularidade da personagem, esta exposição ainda conseguiu ser pior do que uma coisa que andava para ali perdida e que dava pelo nome de “F.E.V.E.R.”. Sem perder mais tempo com isto, acrescento só que, em relação a ambas, foi um desperdício o espaço que ocupavam, que poderia ter sido melhor empregue, por exemplo, com a retrospectiva de Hector Oesterheld que está no CNBDI.

As sessões de autógrafos são um dos pontos altos do festival. O ponto baixo destas sessões é o incumprimento dos horários por parte dos autores. Atrasos que muitas vezes forçam o fecho da fila quando ainda o autor não começou a assinar. Atrasos que colidem com realização de outros eventos. É um problema que evidencia uma injustificável falta de organização e porque não dizer também, uma falta de respeito pelos leitores que esperam horas nas filas. Garantidamente, não há autor que esteja presente para começar às 15H. Em vez das 15-19H porque não se marca das 16-20H? Porque razão não se define no programa, um dia exclusivamente para autógrafos e o outro dia exclusivamente para conferências, entrevistas e apresentações?


Como já vem sendo hábito o festival apresentou mais uma vez um cartaz de autores bastante diversificado e representante dos vários géneros. Comparativamente confesso que gostei mais da edição do ano passado. Os autores franco-belgas dominaram como naturalmente não podia deixar de ser, mas gostei bastante do elevado número de autores portugueses que se mostraram. É verdade que não é fácil para um autor português editar em Portugal, mas já se começam a abrir algumas portas, e aqui gostaria de destacar o trabalho feito por uma pequena editora, a Kingpin Books, que aposta na edição própria, na promoção de novos autores portugueses e que soube tirar proveito do festival. Lançamentos, conferências, sessões de autógrafos, exposições. Tudo o que se espera que possa acontecer durante um festival de BD aconteceu com a Kingpin. Sempre entendi o Amadora BD como o ponto alto da “onda” bedéfila em Portugal. Há que aproveitar este palco!


Sobre os PNBD, já exprimi a minha opinião aqui e aqui, pelo que só acrescento que a atribuição do prémio à dupla Schuiten e Peeters teve pelo menos o condão de garantir na edição do próximo ano, uma exposição sobre as “Cidades Obscuras” que esperemos que esteja ao nível da elevada qualidade da obra destes autores.

Na zona comercial, fiz as habituais compras das (poucas) novidades. Senti a falta de uma grande livraria comum que tenha uma oferta mais alargada em termos de edição nacional e edição estrangeira, bem como abrangendo um maior número de editoras. Resumindo uma “Dr. Kartoon” em tamanho maior. Como visitante, compreendi perfeitamente a unanimidade das críticas que se gerou à volta do funcionamento da zona comercial do festival, sobretudo por parte dos livreiros. O espaço com obstáculos arquitectónicos de gosto e utilidade duvidosos não era manifestamente propício à circulação de pessoas nem acolhedor.

Depois temos as eternas questões, da apresentação do festival apenas três semanas antes deste se iniciar, que pouca margem dá a visitantes, livreiros e editoras de se organizarem em função dos autores presentes, da falta do programa e catalogo logo no inicio do festival, que é imprescindível para o visitante estabelecer uma identificação com festival, das constantes alterações dos autores presentes e tudo junto, passa a imagem que se não é parece que é tudo tratado à ultima da hora. Não abona nada em favor de um festival com 20 anos de experiência.

Relativamente à edição do próximo ano, é dedicada a mais um aniversário redondo, desta vez o Centenário da República. Também promete ser um ano em grande em termos de produção nacional, a avaliar pelas intenções já manifestadas por vários autores em trabalhar em projectos directamente relacionados com o tema. A ver vamos. Até para o ano!

Para terminar, ficam então aqui as minhas notas finais sobre o 20º Amadora BD:

Notas positivas:
+ Exposição Lepage “Muchacho”
+ Maurício de Sousa
+ Forte presença de autores portugueses
+ Parceria com o FIBD Lodz (Polónia)

Notas negativas:
- Exposição “50 anos de Asterix”
- Descentralização das exposições
- Modelo dos PNBD
- Incumprimento de horários nas sessões de autógrafos

Também sobre o 20º Amadora BD:
- As "notas" esmiúçam o Amadora BD - parte I
- As "notas" esmiúçam o Amadora BD - parte II

06 novembro, 2009

20º Amadora BD: Alterações ao programa

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Amanha tem lugar o último fim-de-semana do Amadora BD. Eu tinha aqui anunciado a surpresa que foi a confirmação da vinda ao festival da dupla de autores responsável pela série “As Cidades Obscuras”. Premiados na categoria de autores do “Melhor Álbum Estrangeiro”, Schuiten e Peeters estariam presentes dia 8, para receber pessoalmente o galardão. Infelizmente, há motivos de força maior que impedem que as coisas assim aconteçam. Assim, a organização do festival anunciou que o argumentista Benoit Peeters já não vai poder estar presente este ano no Amadora BD. A esta falta junta-se ainda o nome do espanhol Alfonso Azpiri.

Em compensação, para além dos outros nomes já anteriormente confirmados, incluindo François Schuiten e David Lloyd (V for Vendetta), vão ainda marcar presença, autores como Batem (responsável pela série Marsupilami) na sessão de autógrafos no Sábado (15-18h) e Domingo (16-19h), a dupla de autores polacos Zbigniew e Grazyna Kasprzak apenas na sessão de autógrafos de Sábado (16-19h) e ainda Matthias Lehmann no Sabado (15-18h) e Domingo (16-19h). O programa completo de festas, já actualizado, pode então ser consultado aqui.