Não podíamos começar esta semana da melhor maneira ou o lançamento do dia não fosse este sétimo álbum do magnifico western UNDERTAKER, numa edição da ALA DOS LIVROS. Numa altura em que se editam tão poucos westerns por cá, este Undertaker é uma verdadeira benção. A verdade é que Dorison tem conseguido manter uma qualidade narrativa absolutamente notável, com cada arco de história a mostrar-se melhor que o anterior. O desenho realista e meticuloso de Meyer é tudo o que se espera num western duro e violento. O resultado tem sido brilhante e cada novo álbum é esperado com uma expectativa redobrada.
06 maio, 2024
Lançamento ALA DOS LIVROS: Undertaker vol. 7 - Mister Prairie
05 novembro, 2023
Lançamento ARTE DE AUTOR: Bouncer - Hecatombe
01 novembro, 2023
Lançamento ALA DOS LIVROS: Undertaker - tomo 6: Salvaje
01 maio, 2023
Lançamento ALA DOS LIVROS: Undertaker - tomo 5: O Índio Branco
21 março, 2023
Lançamento GRADIVA: Go West Young Man
30 dezembro, 2022
As Melhores Leituras de 2022
De cima para baixo, da esquerda para a direita, são estes os títulos e editoras:
- A ADOPÇÃO - Ed. Ala dos Livros
- NOIR BURLESCO - Ed. A Seita / Arte de Autor
- DANTE - Ed. Ala dos Livros
- A VINGANÇA DO CONDE SKARBEK - Ed. Arte de Autor
- LITTLE TULIP - Ed. Ala dos Livros
- SPIROU - DIÁRIO DE UM INGÉNUO - Ed. Asa
- MONSTROS - Ed. G.Floy
- UNDERTAKER, vol. 3 - O MONSTRO DE SUTTER CAMP - Ed. Ala dos Livros
- ONE PIECE, vol. 1 - A ALVORADA DA AVENTURA - Ed. Devir
21 dezembro, 2022
Uma Selecção para o Natal!
- Flora e Bambu (Lilliput)
Já aqui tenho falado do bom trabalho que o grupo do Pinguim tem feito na edição de banda desenhada destinada aos mais novos (+6 anos), e como estes também merecem as suas novelas gráficas, parece-me importante incluir nas sugestões a colecção Flora e Bambu. As histórias de amizade, aventura e descobertas destas duas personagens pareceram-me as mais bem conseguidas, pelo seu registo bastante engraçado, de desenho cativante e linguagem simples. O ideal para as primeiras leituras e uma bonita porta de entrada para o mundo da BD.
- One Piece, vol. 1 - A Alvorada da Aventura (Devir)
O mangá tomou de assalto as prateleiras de banda desenhada das livrarias nacionais, e quem melhor para liderar esse assalto senão aquele que aspira ser o Rei dos Piratas. A fama do mangá mais vendido em todo o mundo diz praticamente tudo sobre esta colecção. Este é o primeiro livro em português e apresenta-se num inédito volume triplo. Pela sua popularidade é, sem dúvida, a edição do ano da editora, e uma boa opção de compra.
- Spirou - Diário de um Ingénuo (ASA)
- A Adopção (Ala dos Livros)
O argumentista Zidrou abre-nos de novo as páginas para mais uma dose de compaixão. No bonito registo gráfico de Arno Monin, não ficamos indiferentes ao crescimento de um amor que vai sendo construído pela companhia e cumplicidade à medida que se desenrola a história de uma adopção, mas que não resiste à crueldade de uma realidade. Preparem-se para uma explosão de sentimentos numa edição integral e cuidada. Magnifico.
- Undertaker - vol. 3: O Monstro de Sutter Camp (Ala dos Livros)
Se a saga de um cangalheiro itinerante pelas terras de oeste pós-guerra civil americana já é de leitura recomendada, as histórias de vingança trazida nesta primeira parte do díptico elevam a fasquia da série. Uma nova personagem que emerge do passado dá um outra dimensão à palavra vilão. Os desenvolvimentos são rápidos e a leitura é ávida, e ao leitor vai sendo servida pausadamente, e em doses generosas aspectos da terrível e hipnotizante personalidade desta personagem que dá o título a este terceiro álbum. Trata-se do melhor western que foi por cá publicado este ano. E quem lê este primeiro álbum vai rapidamente querer ler o segundo.
- A Vingança do Conde Skarbek (Arte de Autor)
- Monstros (G.Floy)
Literalmente e em todos os sentidos é um livro monstruoso estas mais de 350 páginas de Barry Windsor-Smith, onde o preto e branco do seu traço intenso confere uma atmosfera ainda mais dramática a toda a história já por si complexa e angustiante. O plural do título não é inocente, porque nos traz a loucura da guerra dos Homens e as suas vítimas, e os culpados nos seus diferentes contextos e relações. A carga emocional é violenta, onde ninguém sai ileso, incluído o próprio leitor. Uma bela edição que enriquece qualquer bedeteca.
- Dante (Ala dos Livros)
Mais
um ano mais um álbum, bem pode ser o mote de Luís Louro, que se confirma cada vez mais como o autor português de banda desenhada mais prolífico do panorama actual. Neste álbum, sai da sua zona de conforto de Lisboa, e aventura-se numa amalgama de temas que lhe são queridos, como os Messerschmidt’s e o seu chamado Louroverso, um universo povoado por fadas e goblins e salpicado pelas inúmeras referências. Passada durante a Segunda Grande Guerra, temos uma história de fantasia cheia de simbolismo, da luta do bem contra o mal, de leitura complexa onde o autor cria camadas de leituras deixando o leitor ir estabelecendo os seus paralelismos. Tudo isto é servido numa irrepreensível numa belíssima composição gráfica cheia de dinâmica e cor
à qual o Louro já nos habituou. Mais uma bela edição feita com amor da editora.
- Noir Burlesque (A Seita/Arte de Autor)
- Rugas (Levoir)
- Blacksad - Algures entre as sombras
- Little Tulip (Ala dos Livros)
12 outubro, 2022
Leituras: UNDERTAKER, vols. 3 e 4
Já algum tempo que não escrevia aqui sobre as minhas leituras. Mea culpa porque não me tem faltado excelentes oportunidades. Mas é aproveitando esse balanço, com a leitura de UNDERTAKER que senti-me tentado a regressar a este exercício de critica. E nada melhor do que retomar com um dos géneros que mais aprecio. É indiscutível que se trata de um dos westerns do momento na banda desenhada franco-belga. A inusitada história de um cangalheiro itinerante, Jonas Crow, através de um oeste pós-guerra civil americana é o ponto de partida para histórias de ganância, vingança e claro, mortos.
Em França, a colecção já conta com seis álbuns editados, por cá, a Ala dos Livros, acabou de lançar o quarto tomo. A série funciona por dípticos, ou seja, a cada dois volumes temos uma história completa. E se os dois primeiros volumes, tendo a ganância como pano de fundo, marcaram um padrão alto, estes terceiro e quarto volumes, O Monstro de Sutter Camp e A Sombra de Hipócrates (ver notas de lançamento aqui e aqui), sob a égide da vingança, elevaram a fasquia.
É verdade que temos aqui uma história clássica de perseguição no velho oeste, e como em qualquer boa perseguição, a narrativa não apresenta tempos mortos. Os desenvolvimentos são rápidos e a leitura é ávida, e ao leitor vai sendo servida pausadamente, e em doses generosas, aspectos da terrível e hipnotizante personalidade do Monstro, personagem que dá o título ao terceiro álbum. É ele que centraliza todas as nossas atenções nesta aventura.
Jeronimus Quint, um antigo médico do exército, bem-falante, que por fora se apresenta como um vendedor de elixires, com conhecimentos, muito acima da média, sobre anatomia humana, no seu interior revela-se maquiavélico e sádico, que tem na inteligência e na capacidade de manipulação as suas melhores armas. Um lobo que veste a pele de cordeiro, é a figura que emerge do passado sombrio e até agora pouco conhecido de Jonas, e que revela contas antigas por acertar. Mostra-se um adversário à altura e um perfeito vilão. Mas a verdade é que as mesmas necessidades que impediram Jonas do tal ajuste no passado revelam-se de igual forma no presente. E a eterna questão sobre o “mal necessário” coloca-se: mata-se um homem que tem o poder de salvar vidas?
A resposta é depende. Depende do valor que se dá a cada vida humana, mas da mesa forma que Quint se lixa para o juramento de Hipócrates, também Jonas Crow não hesita agora nas escolhas ou sacrifícios que tem de fazer. Confesso que esperava que o confronto final entre os principais protagonistas da história fosse mais intenso, mas o resultado também não desiludiu.
Tem uma certa ironia ser a figura de um cangalheiro a mostrar que o western em banda desenhada está aqui bem vivo e recomenda-se!
Todo o argumento escrito por Xavier Dorison é bem estruturado, dotado de personagens fortes e vibrantes que facilmente nos cativa e puxa pelo leitor. O traço de Ralph Meyer detalhado e expressivo é irrepreensível, mas isso já nós sabíamos. A edição dos álbuns no generoso formato franco-belga de 24 por 31 em capa dura é primorosa, como aliás é apanágio da editora.
Avaliação: